É comum ouvir "a história é cíclica". Eu sinto que existe isso aqui também. Fulano começa a entrar em jogos cada vez mais complexos, mais demorados, mais burocráticos e, de repente, Fulano volta a jogar mais simples e mais rápidos. Beltrano começa a jogar jogos mais simples, se encanta com componentes e, quando se percebe, está jogando monstros devoradores de mesas... tempos depois, o mundo gira, e Beltrano está jogando um carteado que dá para jogar numa mesinha de bar. Sicrano começa a jogar livro-jogo, adentra-se no RPG, passa o sábado inteiro jogando com os amigos e boa parte da semana lendo livro de monstros e mundos até que, pela urgência da vida, deixa de se dedicar tanto ao jogo e escolhe algo que seja mais imediato (um jogo de tabuleiro, one session ou outro sistema menos burocrático).
Diferente da moda, que o planeta inteiro uma hora está usando calça boca-de-sino, noutra hora está usando saia balonê, noutra calça saruel e, sei-lá-quando, uma moda antiga volta remodelada, no mundo dos jogos de tabuleiro, cada jogador ou grupo de jogadores estão em fases diferentes.
Como existe uma pluralidade maior de tendências, cada um vai descobrindo novos rumos ou voltando às origens como convém.
Querido Beakman, a enaltação desses ciclos pode ser chamada de ciclismo? 
Mas ainda sobre ciclos, querido Beakman, já houve algum jogo, música, ou filme que você curtia, depois enjoou, esqueceu e, por fim, o(a) redescobriu ou reencantou-se por ele(a)?
Há jogos tão complexos que eu tenho a impressão que estou construindo uma Máquina de Rube Goldberg, ver o produto acabado... o resultado obtido... isso é ótimo, mas construir tudo até lá, muitas vezes cansa pra caramba. Por outro lado, há quem curta filosofar como o Robert Coelho (e, antes dele, Douglas Adams) sobre a vida, o universo e tudo mais. E talvez para esse o exercício mental seja a maior fonte de lazer. Ou a fonte de lazer é o poder de dizer que joga jogos tão pesados que ninguém mais joga.
