crdpa::Pirataria é reflexo da falta de acesso.
Culpar o indivíduo é enxugar gelo.
Caro
crdpa
Eu acho que a pirataria, que só para esclarecer eu sou contra, é apenas uma faceta de uma questão mais ampla, que é o acesso aos bens de consumo. Por isso, com certeza eu acho que devemos condenar a pirataria, até porque ela é danosa no longo prazo, como eu escrevi no meu comentário anterior, e em outros lugares. Depois que a pirataria corrói e até mesmo acaba com um setor econômico, o pirata simplesmente parte para outra, e aquela indústria simplesmente acaba ou se torna ainda mais restrita e artesanal. Por outro lado, não basta apenas condenar a pirataria e excluir da discussão os motivos que levam a essa prática em primeiro lugar, de modo que não sepode deixar de falara no barateamento de produtos oficiais.
Pessoa alguma pirateia o UNO, simplesmente porque dará muito mais trabalho e sairá mais caro do que comprar o jogo oficial, por meros R$ 15,00, mais ou menos, podendo ser comprado até em banca de jornal. Agora, uma expansão do Dixit que custa quase R$ 200,00, aí a coisa fica muito mais atraente para o pirata. Nesse aspecto é preciso bater palmas para a PaperGames com a sua linha pocket que cada vez mais investe pesado em jogos de cartas baratos.
Como eu sempre digo, o nosso problema principal é de escala de produção, porque enquanto as tiragens continuarem baixas, os jogos continuaram caros, porque não há volume de vendas suficiente para justificar uma significativa redução de preço. E sem redução de preço, simplesmente não há como combater a pirataria de forma eficaz. Nós podemos criminalizar a pirataria e escrevermos tratados e mais tratados condenando essa prática e explicando porque ela é tão nociva, o quanto quisermos, que nada disso fará com que as pessoas parem de comprar cópias piratas. Em um hobby em que uma grande parte do público consumidor precisa que os jogos venham mofados, para depois conseguir comprar com desconto e dar um jeitinho com Sanol, é no mínimo muita ingenuidade acreditar que as pessoas vão deixar de comprar board games piratas, só porque isso é moralmente e criminalmente condenável. Vale lembra que até onde se sabe, ninguém nunca foi preso por comprar produtos piratas.
E tem mais. Antigamente os principais impeditivos para a compra de board games piratas eram a baixa qualidade e a falta de oportunidade. A questão da baixa qualidade meio que foi solucionada, tanto que o próprio autor do tópico indica que a única, ou a principal, forma de diferenciar uma cópia pirata do Splendor Pokemón é vendo a carta holográfica. Isso quer dizer que as cartas do jogo pirata em si, não ficam nada a dever às cartas do jogo oficial. O impeditivo que falta é a questão da oportunidade de compra, que muito em breve, não será mais um impeditivo, porque quando as gráficas brasileiras mal intencionadas perceberem o potencial desse mercado para a pirataria, nem serão mais necessários os sites chineses, que já existem.
Portanto, mais do que nunca as editoras brasileiras de jogos deveriam estar se preocupando em formas de aumentar as tiragens e baratear os preços, quando o que se vê atualmente é justamente o contrário, para que essas empresas não sigam o melancólico caminho da indústria fonográfica.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio