ricardogomesmed::Claro, amigo!
Primeiro, me deixe esclarecer que também não sou economista,mas um entusiasta do assunto.
Em seguida, vamos definir os termos corretamente. Inflação,na verdade, significa expansão da base monetária. Ou seja, digamos que se a gente fosse somar todos os Reais que existem no mundo e chegasse a quantia de 2 trilhões e que no mês seguinte somássemos novamente e o valor tenha subido para 2,2 trilhões a Inflação nesse período foi de 10%. O que vemos na rua e na mídia com o nome de Inflação é mais corretamente chamado de "aumento de preço", de forma que não existe "Inflação do leite", "Inflação do arroz", mas sim aumento do preço destes produtos. Em suma, a Inflação leva ao aumento dos preços em um segundo momento.
Agora, vamos resumir todos os bens de um país (automóveis, imóveis, PCs, BGs, obras de arte, tudo que puder imaginar) ,para efeitos didáticos, a bananas. Digamos, que um país possua um total de 100 bananas e um total de 100 reais circulantes. Se esse país mantiver constante o seu número de bananas,mas imprimir mais dinheiro (gerar inflação) em 100% ficaremos com um panorama de que haverá 100 bananas e 200 reais circulantes. Qual a consequência desse segundo cenário? Ora, se agora há o dobro de dinheiro,mas o mesmo tanto de bananas, estas ficaram mais escassas e passarão a custar 2 reais a unidade.E porque um Governo imprimiria mais moeda? Em geral, para honrar suas dívidas. Sempre que há um desequilíbrio fiscal (o Governo gasta mais do que arrecada) é gerado um déficit que muito costumeiramente é coberto simplesmente gerando mais dinheiro do nada,ou gerando inflação. Índices como IPCA, IGPM,Etc dão um norte para esses aumentos em geral. Mas mesmo eles não refletem a brutalidade do Sistema.
Países como o nosso costumam Ter uma produção de bens estagnada ou com crescimento pífio de forma que o número de bananas permanece relativamente constante. Mas só por curiosidade, pesquise no Google sobre aumento de base monetária aqui no Brasil e você vai ver que o valor é muito mais alto que o IPCA.
Isso explica, muito grosseiramente, porque está tudo sempre subindo de preço. Com relação ao exemplo do colega o que houve é que ele comprou o produto em impressões diferentes. O valor sofreu influência da inflação e da oferta e demanda. Embora assim que um jogo chegue ao mercado sua oferta seja grande, a sua demanda (hype) também é. De forma que o Mercado se equilibre automaticamente e mantenha preços mais altos enquanto a demanda for alta e preços mais baixos enquanto a demanda for baixa. Isso não é exclusividade dos BGS. Acontece com livros, jogos eletrônicos, moda...Poderíamos dizer que, nesse caso, a Inflação foi o principal fator atuante no preço a longo prazo e a curva de oferta e demanda a curto prazo.
Agora, o que aconteceria se produzíssemos mais bananas e mantivéssemos constante a quantidade de reais? O preço das bananas caíria!!!O que vejo aqui na comunidade é o pessoal atacando os produtores de banana e simplesmente não reconhecendo que o culpado são os donos da impressora de Reais.
Espero ter sido minimamente claro. Um abraço!
Ricardo, antes de tudo, obrigado pelo seu tempo e pela explicação!
Aceitei sua sugestão de pesquisar sobre a variação da base monetária e compilei os seguintes dados com base nas informações divulgadas no site do BC:
2018 a 2019 = 5,7% ↑
2019 a 2020 = 20,35% ↑
2020 a 2021 = 14,13% ↑
2021 a 2022 = 5,47% ↓
2022 a 2023 = 3,27% ↑
2023 a 2024 = 0,97% ↓
De 2014 a 2019, a base monetária aumentou 26%.
De 2020 a 2024, a base monetária aumentou 31%
Então dá pra ver que de 2019 pra cá, tivemos um aumento da base monetária mais acelerado que entre 2014 e 2019.
Considerando a sua explicação sobre a relação entre base monetária e aumento de preços, de fato parece fazer sentido que os aumentos ocorridos de 2019 pra cá sejam mais acentuados.
Voltando aos BGs, me corrija se entendi errado: para que os aumentos de preços fossem proporcionais à desvalorização da moeda, as editoras teriam que aumentar bastante a quantidade de unidades colocadas à venda, correto?
Contudo, como alguém já comentou aí em cima, ao invés das editoras aumentarem a quantidade de unidades de cada jogo, elas passaram a aumentar a quantidade de
títulos lançados.
Aí eu te pergunto: o aumento da quantidade de títulos lançados não tem que ser entendido como um aumento da oferta? Se sim, isso não deveria forçar os preços para baixo?
Ou pode ser que mesmo o aumento da quantidade de títulos não tenha sido o suficiente para resultar em um aumento generalizado menos agressivo já que a demanda é alta?