Ainda no comecinho da minha entrada de cabeça no hobby, em meados da pandemia, comprei um GWT pirata.
O detalhe é que eu não sabia que era pirata. Foi naquela época que o GWT tava OOP e achei em um desses sites chineses. Além de eu ser bem ingênuo à época (não fazia a menor ideia que pirateavam boardgames), o preço era compatível ao de um jogo original.
Mesmo após eu receber o produto, eu sequer desconfiei que era pirata. Qualidade muito boa! Achei que era a versão original chinesa. Olha a ingenuidade. Só fui descobrir um bom tempo depois, devido aos marcadores que eram de plástico, além de algumas pequenas imperfeições nos meeples (esses sim de madeira).
Depois aconteceu o mesmo com o Power Grid.
Um tempo depois eu adquiri os dois originais, pois eu não tava suportando ver esses dois jogos piratas na coleção, hehehe. Mas também porque saiu a segunda edição do GWT com alguns ajustes de regras e eu também queria a versão energizada do Power Grid.

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Olá, bom vou falar como uma pessoa que transita entre os dois mundos e já sofri represálias pesadas quanto a isso...
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comecei a conhecer esse mundo lá na primeira versão do Munchkin (pela Devir)(um colega trouxe da capital)... uma caixinha meia-boca que se acabava só de manusear...
o joguinho divertiu demais porque o grupo aqui ainda tava no mundo do RPG, e a premissa da zoeira-com-rpg do Munchkin veio na hora certa...
com meu pouco conhecimento de net da época, fui procurar saber mais sobre o jogo, e acabei caindo em um forum gringo que tinha as edições lançadas (até o momento) tudo prontinho pra imprimir e jogar... resolvi tentar e até ficou bom, mas ainda tinha a barreira da língua, então me meti a traduzir as cartas e editar no "Paint" pra tornar elas "jogáveis"... deu um putotrampo retado.. mas tava lá... quase 300 cartas traduzidas de várias expansões, com imagens certinhas e tamanho da carta idêntico... e fez sucesso... hoje tenho todas as edições do Munchkin medieval originais, numa caixinha de mdf incrível e também mantenho a alternativa para brincar com os pequenos.
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tempos depois o mesmo colega da capital apareceu com a idéia do Catan... e lá fui eu procurar saber o que era... e virou a febre... só que diferente do Munchkin, esse eu nunca consegui fazer uma versão homemade decente pra jogar... tanto em impressão, quanto em mdf, quanto em biscuit e nem arrisquei 3D... então comprei os originais e expansões...
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depois disso já criei e entrei em alguns grupos de homemade, tanto pra dividir conteúdo e fazer amizades quanto pra discutir modos e maneiras de produção, técnicas de tunar pecinhas e tiles e tudo mais. e aí que começa a confusão...
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na minha ânsia de divulgar a possibilidade dos jogadores experimentarem os jogos antes de comprarem, acabei batendo de frente com portais como a própria Ludopedia (sim, meus conteúdos foram excluídos na época e até meu login foi suspenso... e depois de muito conversar e me adequar aos termos, pude retornar).. não divulgo mais abertamente (por tudo que passei e que posso passar), mas ainda consumo e produzo homemades sim, compro jogos quando o homemade fica inviável e quando consigo ter o din pra investir no original e expansões (sim, sou o viciado em expansões)... sou totalmente contra a produção de homemades pra venda, repudio essa prática fortemente... no máximo pra "presentear" outro jogador que não tem a condição nem de produzir nem de comprar...
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e aí entra essa parada das lojas e produtos de procedência duvidosa... não sei até quanto desse processo é válido ou não, só sei que, dos relatos que vi, a produção deles é beeeeeem ruim, então não arrisco nem incentivo ninguém a fazê-lo...
sempre critiquei as vendas BR dos jogos, os preços exageradamente altos (e sim, eu sei todo o blá-bla-blá de custos e produção e lucros), produtos com erros de tradução, erros de produção, peças faltando, peças de má qualidade (peças de cera, putz), caixas vazias (ah mas é bigbox.. putz sério?), reposição de peças e pós-venda com o cliente quase inexistente e agora o mofo... mas a incentivar a compra de produtos "alternativos" é totalmente fora de minha intenção e realidade.
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espero que tenha deixado meus centavos nesse papo... e estamos abertos a conversa que é bem interessante.
Abraços !!

w_walker::Como é a pirataria dos boardgames?
Existem 3 meios. Os dois primeiros são debatíveis e, em grande parte das vezes legais, ou o autor nem se importa, já o terceiro é definitivamente ilegal.

Vou passar rapidamente pelos dois primeiros já que não são o foco de hoje.

1- "PnP" ou "Print and Play".
2- Virtual,

O terceiro, e aí sim o bicho pega, são as lojas chinesas (você sabe quais são os sites, não faz carinha de desentendido não) que vendem o jogo sem licença.

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Lendo seu texo, acredito que sejam 4....
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1- "PnP" - seria uma cópia simplificada autorizada pelo "produtor"
2- "Homemade" - arquivos disponibilizados e impressos "caseiro" não autorizado pelo "produtor"
3- "Virtual" - autorizado ou não
4- "Lojas Chinesas"
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deve ter mais nomenclaturas pros outros modos, mas acho que ficaria +/- assim
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Abraços!

VitorMX::

pnodanna::Texto excelente e necessário.
Parabéns.
Minha única ressalva é a fonte que ficou pequena e o tiozinho aqui teve te dar zoom pra ler hahaha

Tive o mesmo problema. Ainda bem que outros acharam isso também, já ia marcar oftalmologista kkkkkk

Hahaha, foi mal pessoal, o texto estava melhor formatado. Depois de escrever pensei: "Quer ver que vou clicar em Enviar e vai falhar e vou perder tudo?", daí salvei rapidinho em outro lugar, cliquei e falhou mesmo. Na hora que eu copiei de volta o texto a formatação ficou toda errada e a letra pequena. Tive uma luta aqui pra arrumar mas acabou ficando no "vai assim mesmo". Prometo melhorar isso no futuro kkkkk.

Pes Soberbos::Ainda no comecinho da minha entrada de cabeça no hobby, em meados da pandemia, comprei um GWT pirata.

AndreFuzaro::.
Olá, bom vou falar como uma pessoa que transita entre os dois mundos e já sofri represálias pesadas quanto a isso...
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comecei a conhecer esse mundo lá na primeira versão do Munchkin (pela Devir)(um colega trouxe da capital)... uma caixinha meia-boca que se acabava só de manusear...

christian1985::Quando eu comecei no hobby, lá por 2008 (não tinha nem galápagos lançando game of thrones LCG ainda) eu me enveredei pela rota dos print'n play não oficiais. Teve um wargame, inclusive, que tinha tantos tokens (880, pra ser mais preciso), que levei mais de 8 anos pra concluí-lo (Fields of Fire Vol 1, ainda pretendo comprar o original um dia).

Eu gostei como tem muita gente com história pra contar lá do começo do hobby. Acredito que existe uma relação muito forte entre começar e gastar pouco, por uma simples razão: você não sabe que isso é seu hobby ainda. Você precisa começar de algum lugar, por um dinheirinho, testar, dar um passo maior e assim vai. Felizmente hoje existem tantas opções boas que os iniciantes talvez nem tenham tantas histórias boas para contar. Por exemplo, quando apresento um novo jogo hoje em dia eu levo o Trio, eu falo: "Quer começar a comprar? Compra esse, joga com sua família". Pouco importa na verdade, pq se o cara é doido crackudo igual a gente, ele encontra uma maneira.

E quanto a você @AndreFuzaro, fique tranquilo. Todo mundo do hobby tá feliz que pessoas como vc existem. Vc é o tipo de pessoa que mete a cara pra fazer tradução de jogo, o cara que imprime, testa, faz melhor na próxima. Vc é o tipo de pessoa que pode acabar virando um designer, criando o próprio jogo. Não dá pra ficar colocando links de homemades pq isso dá problema, é compreensível, mas secretamente até as editoras estão com sorrisinho no canto do rosto que vc tá lá movimentando o hobby enquanto pedem pra derrubar seu link. 

iuribuscacio::



Mas o que me preocupa mais ainda é que não duvido nada que daqui a pouco, nossas próprias gráficas tupiniquins vão se dar conta que nesse nosso hobby, papelão e plástico valem muitas vezes o seu peso em ouro. Só para citar um jogo que eu adoro, e só para ficar em um que vende igual água no Saara, uma expansão do Dixit são apenas 84 cartas, mas custa quase R$ 200,00. E existem diversos jogos em situação análoga.

Eu já vi gráfica famosa daqui imprimindo lotes de PNP, e tenho conhecidos que participam dessas chamadas "impressões coletivas", onde há intermediador de venda, lotes de jogos, vários títulos - para mim, isso é pirataria com outro nome, como intitulam. No final cada um sabe o que é certo ou não hehe

O Deep Sea Adventure tava engraçado.
Tinha gente que anunciava o jogo lacrado com um adesivo em Chinês da AliExpress, ai denunciavam o anúncio.
No outro dia vinha o mesmo anúncio, mas como "aberto, só joguei 1 vez" e as peças claramente falsificadas. Denunciavam denovo.
No terceiro dia, aparecia o mesmo anúncio, mas se recusando a adicionar fotos do jogo. 

Tenho alguns jogos chineses, 2,75% da minha coleção. Comprei na época porque estavam OOP. Mas não penso em vendê-los. Em um deles tive taxação que era melhor tem comprado um usado ultravalorizado por aqui mesmo. Então não acho que esse é um problema que possa se tornar enorme. Porque alguem vai pegar um jogo da china pagando 100%... 150% de imposto?? O que pode ferrar mais é para jogos menores. Que mais uma vez não faz tanto sentido pagar mais barato sendo que já são baratos. Sei que mesmo assim tem gente que pega. Mas acredito ser minoria. Mas tá em dúvida? Pelo menos se tiver o jogo por editoras daqui, exija o manual em pt-br. A maioria dos jogadores, são colecionadores e isso vai contra a maré da pirataria. Eu não acredito mesmo, que esse problema vá se tornar maior.

Cara, excelente texto.

Acho que você falou tudo sobre a pirataria e como algumas pessoas 'me incluo nisso' conseguiram jogar playstation 1 e 2.

E concordo que se for fazer, mandar imprimir, que seja pra você, revender é um absurdo. 

Eu montei meu primeiro PC em 2001 se não me engano. Antes disso eu tinha um commodore Amiga 1200.
No caso do commodore, eu simplesmente não tinha como ter nada original. Não vendia por aqui no BR.
Então eu ia pro centro da cidade e gravava os disquetes em uma loja pirata... TAKERU.

Com o passar do tempo, eu tive o PC como máquina principal e dessa forma já até existia jogos originais em caixa para a venda mas eram absurdos de caros. Eu pirateava.
Depois de 2003 com a criação da steam, os jogos ficaram mais baratos ( nem tanto ) mas eu coloquei na minha cabeça de que dali pra frente eu só teria coisas originais na minha coleção e isso já tem mais de 20 anos.

hoje em dia eu me sinto mal só de pensar em ter algo falso. Eu prefiro não ter.

Um exemplo atual, eu joguei o Deep Sea Adventure de um amigo ( jogo pirata ) e fiquei doido pra ter aquele jogo. Só achava em site de fora ( pirata ) e não quis pagar os R$ 20,00 do jogo.

Esperei aparecer aqui na ludopedia e paguei mais de R$100,00 nele mas eu sei que fiz a coisa certa pois eu comprei o original. E isso me basta.

Eu acredito que se a pessoa lutar pra ter o melhor dentro de casa, do jeito honesto e certo, a vida melhora.


Abraços !

JfBaraky::O Deep Sea Adventure tava engraçado.
Tinha gente que anunciava o jogo lacrado com um adesivo em Chinês da AliExpress, ai denunciavam o anúncio.
No outro dia vinha o mesmo anúncio, mas como "aberto, só joguei 1 vez" e as peças claramente falsificadas. Denunciavam denovo.
No terceiro dia, aparecia o mesmo anúncio, mas se recusando a adicionar fotos do jogo. 

O que acho mais engraçado, é que uma das maiores lojas de boardgames do Brasil estava vendendo cópias piratas do Deep Sea Adventure até ano passado, como se fossem originais, e nunca vi comentários sobre isso em lugar nenhum. Só descobri que havia comprado um produto falsificado graças a um tópico criado aqui na Ludopedia há alguns meses, que foi trancado pela moderação do site sabe-se lá porquê, visto que era um tópico de utilidade pública (quando vi este tópico, imaginei que também seria trancado). Ao autor, parabéns pelo excelente texto sobre um assunto que considero bastante relevante para a comunidade.