Desde os primórdios até hoje em dia a humanidade não para de se movimentar. O que antes era nomadismo, depois da criação do conceito de pátria, começou a ser imigração. Visto com desconfiança por causa de uma ilógica xenofobia, o imigrante é de vital importância para qualquer nação que quera prosperar, seja pela mão de obra seja pela diversidade cultural e genética que o indivíduo traz. Se não fosse pelos imigrantes, não seriamos o que somos hoje. Imigrantes Tá na Mesa!
Imigrantes é um jogo criado por Led Bacciotti em 2022. De um a quatro jogadores, com duração média de 120 minutos, em Imigrantes somos empresários buscando, através da força de obra imigrante, aumentar nossa produção.
- Mão de obra escrava! Abaixo ao capitalismo exploratório!
Se acalma, fugitivo da Intentona de 1935. Sim, o processo imigratório brasileiro nessa época fez que famílias inteiras em busca de uma vida melhor sofressem abusos desumanos, enquanto milhões de pessoas foram jogadas ao relento, sem rumo e sem nenhuma perspectiva de futuro, antes privadas de sua liberdade, agora privadas do sustento. Mas imigrantes não é sobre isso. É um jogo nacional que usa um importante fato histórico como tema. Um jogo de alocação de trabalhadores (Nota do Sr. Slovic: Literalmente, em todos os sentidos) dinâmico, dividido em três turnos com quatro fases cada.
Em cada fase os jogadores alocam seus gerentes no tabuleiro, decidindo as ações que irão fazer. É possível contratar novos imigrantes, colher café, produzir manufaturados, coletar impostos, expandir sua propriedade, contratar trabalhadores brasileiros, obter favores políticos e vender sua produção. No início todos tem uma pequena propriedade com um cafezal e um bairro para coletas taxas (Nota da Sra. Slovic: E dois trabalhadores, que apelidados de Mama e Papa). - Então é só colocar esses gerentes e fazer a festa. Tão simples que chega s ser ridículo.
Simples e ridículo é esse seu cérebro de couve flor. Imigrantes tem um problema muito série (Nota do Sr. Slovic: Um tipo de problema que eu gosto). Ele é um cobertor curto. O problema é que são muitas ações para poucos gerentes. É impossível fazer metade do que se pretende e um quinto do necessário. E não é só colocar seu gerente na área de produzir café se não há imigrantes nas plantações para colher. O mesmo vale para fábricas e vilas (Nota da Sra. Slovic: Lembre-se que a propriedade inicial não tem fábrica. Se não expandir, pode se dar mal no final).
Exceto na primeira fase de cada turno, há uma carta de evento que altera alguma coisa na partida. Elas foram baseadas em fatos históricos que afetaram o Brasil na época que se passa o jogo. Além dessa pesquisa na criação dos eventos, o autor estudou a fundo o fluxo imigratório para o Brasil e conseguiu colocar no jogo uma porcentagem bem próxima da realidade da quantidade de cada nacionalidade chegando em terras tupiniquins e em cada período, já que parcela de imigrantes disponíveis muda durante a partida. Outro aspecto histórico é a varição do preço de vende do café e da manufatura. Enquanto o primeiro tende a cair até chegar a zero no fim da partida, o outro vai subindo, indicando o processo de industrialização na economia brasileira.
No fim da partida, soma-se os pontos obtidos pela venda dos produtos, com os objetivos gerias e pessoal e a pontuação nos tiles da fazenda. Cada tile de terreno comprado dá pontos conforme a quantidade e tipo de nacionalidade dos trabalhadores alocados ali no fim da partida. Como é de praxe na maioria dos jogos (Nota da Sra Slovic: Mas não no Segundon), quem tiver mais pontos, vence.
No geral, Imigrantes é um bom jogo. É uma bela aula de história brasileira. O manual explica o momento histórico de cada carta de evento de maneira bem simples. Como já foi falado, o cuidado que o autor teve na pesquisa para criar o jogo foi grande, deixando Imigrantes melhor do que poderia ter sido. O jogo pareci simples, sendo um feijão com arroz bem genérico de alocação, mas ele traz camadas estratégicas bem interessantes. A hora que se coloca só gerentes nas ações pode dar algum benefício ou penalidade. É vital saber quando e onde colocar seus meeples. O tempo certo d venda também é fundamental (Nota do Sr. Slovic: Se não tomar cuidado, todo seu gigantesco estoque de café vai virar cinzas. Quem conhece um pouco de história da Velha República sabe do que estou falando). E nada de xenofobia com o jogo, a não ser que você seja um descendente 100% puro dos povos nativos. E mesmo assim, se fizer, vai perder um jogão.
E é isso, Shishô!