Lucas, o assunto é essencial, a sua condução foi cuidadosa, e a participação da Carol foi esclarecedora demais.
Pegando o ponto do Puerto Rico, eu entendo que é sim problemático pois os escravos aparecem no jogo como um elemento que geram pontos e podem conduzir à vitória. Então o jogador só se beneficia com a presença e com a manipulação dos escravos. Acho que isso se encaixa com o que vc disse sobre a posição do discurso.
Diferente do jogo Freedom (nunca joguei), em que o ponto central do jogo é uma rota de fuga utilizada pelos escravos dos EUA. Aqui, a posição deles é completamente outra em comparação com o Puerto Rico.
Muita gente argumenta que o jogo está apenas representando um fato histórico como ele ocorreu. Negativo. O jogo está proporcionando diversão e vitória a partir do fato histórico escravidão. O efeito psíquico que os escravos do Puerto Rico geram nos jogadores é de prazer; não de repulsa.
A escravidão foi incrivelmente lucrativa, mas acho que séculos depois um jogo de tabuleiro não deveria glorificar isso.
Então esse tipo de crítica me parece ser absolutamente pertinente. E tanto é que os designers reconheceram a validade dessa discussão.
Até o Jamey Stegmaier já disse que as novas versões do Viticulture virão com novas cartas de papas e mamas para permitir combinações de casais mais amplas que a atual.
Aos que discordam, abram o G1 todos os dias e leiam as notícias diárias sobre violência contra mulheres, negros e comunidade LGBTQ.
A mudança desse nosso cenário preconceituoso e violento passa pelas pequenas atitudes cotidianas, e também pelas representações que vemos no mundo: filmes, livros, fotografias, e também...jogos de tabuleiro.
Não sejam pessoas enrijecidas.