LrzPlays::iuribuscacio::
Dito isso tudo eu repito a pergunta: a qual agendinha mimimi você se referiu no seu comentário?
Iuri Buscácio
Infelizmente essa sua mensagem não terá resposta, pois ele não possui referência histórica suficiente para compreender o que lhe foi dito, e muito menos para argumentar de volta.
Caro
LrzPlays
Meu camarada, eu concordo consigo.
E só para deixar claro, não sou nenhum "militudo xiita", "defensor irrestrito da filosofia woke", nem da "turma da lacração", e acho que esse pessoal, na ânsia de ajudar, às vezes acaba atrapalhando. Quando a pessoa enxerga racismo, homofobia e intolerância religiosa em tudo, corre-se o risco de banalizar a situação e as denúncias e ocorrências reais caírem naquele lugar comum reacionário do "mas esse povo da lacração hein! vê racismo e homofobia em tudo". E aí quando acontecem casos reais e indiscutíveis de racismo e homofobia, as pessoas já estão tão "anestesiadas" e insensíveis, que absurdas injustiças são cometidas e ficam impunes. E nesses momentos nós precisamos combater o racismo a homofobia e a intolerância religiosa com todas as nossas forças, estejam eles onde estiverem, e venham de onde vierem, mesmo em um simples comentário sobre um jogo de tabuleiro.
Gente, pelo amor de Deus, estamos no país mais miscigenado do mundo, em níveis como não se encontra em nenhum outro lugar. O povo brasileiro não é negro, nem branco, nem índio, mas sim um povo mestiço, de pele morena, resultante da misturas de todas esses componentes étnicos. Mas apesar disso, volta e meia assistimos indivíduos chamarem seus semelhantes de "preto sujo" e de "macaco", como recentemente ocorreu em um supermercado do Rio de Janeiro, em que uma mãe e filha eram as agressoras, e que ainda debocharam e ficaram posando para as pessoas que filmaram essa agressão. Se as pessoas tivessem que ficar presas aguardando a audiência de custódia no xilindró, nesses casos evidentes e indefensáveis, uma noite que fosse, como deveria ser, eu duvido que isso continuaria acontecendo. Mas nesses casos, a pessoa é encaminhada para a delegacia chega lá, passa um tempinho e depois é liberada como se racismo não fosse nada. Toda hora aparece uma história de um sujeito, um cidadão honesto e trabalhador, que nunca roubou uma bala sequer, mas que ficou preso um mês inteiro, porque o delegado resolveu pegar uma foto 3x4 do facebook, em que não dá para ver absolutamente nada direito, e colocou em um livro para a vítima de um assalto tentar reconhecer quem cometeu o crime. Apesar de não dar para ver satisfatoriamente o rosto do indivíduo na foto, mesmo assim ela reconhece e diz que foi aquela pessoa mesmo que cometeu o crime. Essa é uma situação que se repete o tempo todo, em várias capitais do país, a única coisa que não muda é a cor da pele de quem passa por uma humilhação dessas.
Alguns meses atrás, do nada, um casal saiu de um supermercado, viu um rapaz negro de bicicleta e o homem voou para cima dele, acusando-o de ter roubado a bicicleta que o rapaz estava usando, que na verdade pertenceria ao casal. Juntou gente, o rapaz apanhou, foi preso, algemado, jogado na caçamba da viatura, levado para a delegacia, foi fichado, entrou no cacete mais uma vez para ver se confessava, passou duas semanas preso, com a família desesperada mostrando provas de que ele nem estava morando no Rio de Janeiro quando o roubo aconteceu. No final de tudo, finalmente o juiz resolveu soltar o rapaz, e quando o casal teve de responder por crime de racismo e denunciação caluniosa, outro juiz simplesmente decidiu que não houve nenhum dos dois crimes, e que a atuação do casal foi um mero equívoco corriqueiro, que pode acontecer com qualquer um. O casal está solto até hoje como se nada tivesse acontecido, apesar de racismo, teoricamente ser um crime inafiançável.
Outra história triste foi de um casal de rapazes, namorados que estavam no Metrô de mãos dadas, apenas isso, sem se agarrar, sem se beijar, sem se esfregar, e sem fazer nada que pudesse incomodar ou chocar quem quer que seja. Só que meia dúzia de trogloditas estavam no mesmo vagão, viram os dois e resolveram "ensinar aos dois rapazes o que é que significa ser homem". Os dois entraram na porrada, porque eram meia dúzia de "fortões e machões", e os rapazes só não apanharam mais, ou aconteceu coisa pior, porque a segurança do Metrô interveio a tempo.
Relatos de depredação e incêndio de templos de religiões de matriz africana já são tão comuns, que isso nem gera notícia mais.
Por isso me preocupa tanto quando as pessoas fazem comentários como o que gerou a minha resposta, porque se nós deixarmos passar e não esclarecermos bonitinho o que a pessoa quis dizer, nós estamos banalizando o discurso do ódio, do racismo, da homofobia e da intolerância religiosa e acima de tudo alimentando a sensação de impunidade, que as pessoas que praticam atrocidades como essa, acreditam ter.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio