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Caro condoutor Iuri,
Nesse caso específico, posso contribuir minha pequena experiência com a língua japonesa e visitas ao Japão.
Ninguém fala inglês lá, salvo exceção. E os que não falam, não falam nada mesmo. Eles podem ter dificuldade em dizer "left" ou "right". "Yes" e "No" acho que muitos sabem. Imagine-se lendo uma carta em japonês - pois é, é quase isso quando eles lêem uma carta em inglês.
Talvez por isso mantiveram o japonês. Aqui a gente consegue se virar um pouco com o inglês mesmo sem saber, pelos radicais latinos e a proximidade da estrutura e gramática, etc, mas lá é "game over".
Caro Patanga
Meu camarada, pensando por esse lado você tem razão. O Japão é um país que eu não conheço, porque nunca tive muito interesse, então realmente eu tinha uma impressão diferente do país, e achava o contrário, ou seja, que as pessoas lá estivessem mais familiarizadas com o inglês. Porém considerando que a realidade é exatamente o oposto, então talvez faça sentido a Wizard of the Coast cortar custos mantendo as edições em japonês e cancelando o material em português no lugar. Até porque todo mundo sabe que o brasileiro aceita tudo sem reclamar, e se vira do jeito que der. Desse modo a WotC acaba mantendo os dois mercados.
O público japonês me parece ser mais exigente, e se o MTG vier em um idioma que eles não dominam a possibilidade de que eles abandonem o jogo de vez é muito grande, principalmente considerando que o MTG é praticamente o quinto CCG em termos de preferência no mercado japonês, conforme informado em outro comentário. Eu sabia que o jogo não era a preferência nacional japonesa, só não achei que ele tivesse tão pouco prestígio.
No final das contas, essas questões de prestigiar um mercado e desprestigiar outro tem a ver com o resultado que esses mercados dão. Não adianta nada o Brasil ter 200 milhões de habitantes, e o Magic ser o CCG mais amado por aqui, se apesar disso tudo, apenas meia dúzia de pessoas comprarem o jogo. Eu particularmente acho que o MTG rende mais dinheiro no Brasil que no Japão, ou na Itália, porque a população aqui é bem maior e o jogo ainda tem uma enorme legião de fãs. Por outro lado, mesmo tendo uma economia quase tão forte quanto a italiana, em termos gerais, o padrão de vida do italiano médio certamente é mais elevado que o do brasileiro médio, cuja maioria não faz a menor ideia do que seja Magic The Garhering. Por isso, talvez mais italianos comprem Magic The Gathering, do que brasileiros. Do mercado japonês eu não vou falar porque aí a distância é enorme, e eles tem muito mais dinheiro.
Por outro lado, pensando com mais calma após o choque, e apesar de não entender a decisão da WotC, uma coisa que sei é que tanto ela quando sua dona a Hasbro sabem ganhar dinheiro como ninguém. Portanto, não acredito que a WotC descontinuariam o MTG em português sem que houvesse uma boa razão para isso (e bota boa razão nisso), mesmo que eu não consiga imaginar qual seja.
Mas independente do motivo que seja, ainda assim é uma pena que esse jogo que foi tão importante para mostrar aos brasileiros que existem outros jogos além de WAR, Detetive, Banco Imobiliário, e Imagem & Ação, esteja abandonando a língua portuguesa o que provavelmente diminuirá a base de fãs do MTG, ou pelo menos é o que se espera que aconteça, infelizmente.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio
Não deve ser só isso. O Japão hoje é um dos maiores consumidores de MTG no mundo.
Caro
viniciusjf
Camrada, não me entenda mal e eu não estou desconfiando do que você diz, mas onde você conseguiu essa informação? Eu estou perguntando porque não encontrei dados oficiais em lugar algum. O que eu encontrei foi um blog de um tal Zavvi, listando os países que mais jogam Magic. Só que a base de pesquisa dele foi o Google Trends de 2021, que não mede os mercados que mais compram cartas, nem aqueles cujos campeonatos de Magic reúnem mais pessoas. Na verdade o Google trends mede o "interesse" sobre aquele assunto, mas ele não explica em que consistiria esse interesse. Além disso, olha que estranho, o mesmo Google Trends que em 2021 coloca o Japão como o 3º lugar em interesse no Magic, agora em 2024, apenas três anos depois, lista o Japão na 14ª posição.
Se o Google Trends se referisse à quantidade de jogadores, uma queda dessas seria totalmente inexplicável, porque implicaria que de uma hora para outra, os japoneses resolveram abandonar o Magic. Um fenômeno dessa magnitude certamente seria noticiada e todo mundo ficaria sabendo. Além disso, a mesma listagem do Google Trends indica que o interesse pelo Magic é maior no Canadá, que nos EUA, e que a modesta e pequena Costa Rica, atualmente na 10ª posição, tem mais interesse no Magic do que países como Reino Unido, Holanda, França, Espanha, Bélgica e o próprio Japão.
Do mesmo modo o Google Trends também indica que Portugal (19ª posição na listagem), que possui uma população que é apenas 4,5% do tamanho da população brasileira, está à frente do Brasil (27ª posição na listagem). E mais do que isso, essa listagem indica que mais gente se interessa pelo Magic em Portugal, do que na França, Espanha e Bélgica, coisa que eu acho difícil acreditar.
Independente disso, como eu disse antes, a Wizard of the Coast não teria tomado a decisão de descontinuar o Magic em português, sem que houvesse algum bom motivo. Não dá para ter certeza, justamente pela falta de dados oficiais. Mas, provavelmente, o Magic em português não deve dar o mesmo retorno financeiro, que o Magic em japonês ou o Magic em italiano. Caso contrário, a Wizard of the Coast cortaria um desses dois idiomas e manteria o português. O próprio comunicado da Wizard of the Coast apresenta essa queda nas vendas como justificativa para a decisão. Se uma quantidade significativa de fãs brasileiros do Magic já compra cartas em inglês, fica cada vez mais sem sentido manter a versão em português do jogo.
Outra questão que eu acho que conta, é o quanto os fãs de Magic de um país dominam o inglês. J