Raphael Lohan::
Iuri, sem problemas, se eu pareci não amistoso, me desculpe.
A falta do sentido vem mais por não entender este efeito cascata. Eu entendo oferta e demanda.
Vou usar o exemplo da indústria automobilística, mas objetivamente a VW. Recentemente eles acabaram com o Gol e o Fox, basicamente com um Kwid 0 valendo 70k, ngm em sã consciência compraria um gol a 85k. Afinal é um gol. Então a VW trouxe Nivus, T-Cross, etc. Carros com mais "valor agregado" que eles conseguem vender por 140k.
Levo o mesmo paralelo a esta questão deste KS.
O foco deste KS e deste jogo é basicamente a IP do The Witcher, add-on e miniaturas. O que eleva o valor agregado e eleva o preço e muda o público.
Hoje temos no mercado várias opções de jogos com valores menores, e até mesmo de IPs famosas. Marvel United, Bloodborne Card Game, God of War...
Resumindo meu ponto, este produto foi nichado para este público. Fique tranquilo que toda empresa quer vender o máximo possível, por isso opções mais acessíveis sempre existirão.
Caro
Raphael Lohan
E entendo perfeitamente o seu ponto de vista e você está correto. O meu receio é o efeito que um jogo mediano, custando muito caro e quem foi financiado em tempo recorde (47 minutos), pode causar no hobby.
Até bem pouco tempo atrás, as pessoas achavam caríssimo pagar R$ 500,00 em um jogo, mas apareceram jogos custando R$ 700,00 e muita gente comprou. Isso possibilitou quem logo em seguida surgisse o Gloomhaven custando quase mil reais, e o jogo esgotou em quatro horas no lançamento. Logo em seguida surgiu o Descent, que logo de cara já saiu por R$ 1.200,00 elevando ainda mais o sarrafo. Tudo bem que o jogo flopou, mas muita gente comprou e isso ajudou a "normalizar" a ideia de pagar um salário mínimo em um board game. Mantendo o mesmo ritmo a Across the Board lançou o financiamento do Foundations of Rome, a R$ 1.600,00 e todo mundo ficou abismado do quanto esse jogo é caro. O jogo da vez é esse The Witcher Path of Destiny que elevou o sarrafo para acima dos R$ 2.000,00, com gente pagando quase R$ 4.000,00 pelo jogo.
Tudo isso não seria problema, se fosse algo restrito ao nicho dos jogos supercaros, mas o problema é que se verificou um aumento vertiginoso em todas as faixas de preço dos jogos. Atém bem pouco tempo atrás se comprava jogos família no lançamento por R$ 250,00, hoje só se encontra por quase R$ 400,00, a não ser no Mercado de Usados. Ticket to Ride Europa já suplantou nos R$ 450,00 em algumas lojas e logo, logo ultrapassará os R$ 500,00 (fiz a pesquisa agora em algumas lojas de board games tradicionais, que u não vou citar devido às regras do site).
Então não é apenas uma questão de valor, mas simples de princípio e de percepção em relação ao mercado consumidor. Não há nenhuma dúvida de que os jogos ficam cada vez mais caros, e para muitos o mercado de usados é a única opção, mas que exclui jogos recém lançados. Eu atribuo esse aumento, não exclusivamente, mas em grande parte, ao raciocínio aplicado aos jogos supercaros. A editora pensa: do mesmo modo que o sujeito que compra jogos por R$ 1.000,00, está disposto a pagar R$ 1.200,00, da mesma forma, guardadas as devidas proporções, talvez o sujeito que paga R$ 250,00 em um jogo família, esteja disposto a pagar R$ 400,00 pelo mesmo board game. Como eu disse, não o único fator que explica o aumento dos preços dos jogos, mas certamente esse é um deles.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio