tpcordeiro::
Já q vc pediu a minha opinião, permita-me elocubrar: sinto falta de textos criativos, q fogem ao lugar comum de "regras+review voadão" de jogo q só está à mostra pq é o lançamento da mês. Sinto falta de aprofundamento nos assuntos, principalmente nas estratégias de jogo: Marco Polo não precisa de viagens? Lisboa tem um erro de design ou é estratégia? Mombasa tem a trilha do livro desbalanceada? GWT tem uma estratégia matadora?
E perceba q nem peguei links para tópicos rebuscados. Seu post sobre GWT, particularmente, é muito completo, mas só uma simples pergunta de um novato serviu para várias páginas de conversas produtivas com a comunidade. E é até estranho pq esse tipo de conteúdo é bem comum no BGG, mas aqui na Ludopedia foi um sofrimento encontrar esses míseros exemplos.
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Algo q já tive curiosidade tb é de ler mais sobre uma jogatina, mas de forma narrativa, quase encaixando o desenrolar da partida como uma história, algo q o Amaral já fez e o Canal Relatos Board Game fazia de forma agradável, sem ficar massante. Talvez IA possa até ajudar nesses casos, mas acredito q além de ser trabalhoso (tem q anotar jogadas, situações, ...) não seja a praia da maioria das pessoas, é só uma ideia q pode funcionar se for bem feito.
Thiago,
Muito obrigado pelo feedback tão positivo. Fico muito feliz de receber comentários como o seu.
Bem, você sugeriu vários tópicos relativos a análise estratégica de jogos específicos. Vou tentar responder rapidamente a alguns deles aqui, porque esse tipo de texto realmente necessita de uma dedicação e número de partidas que eu talvez não tenha como me comprometer a fazer.
1) Eu acho que as pessoas entendem mal o conceito do Marco Polo. Não é que você "não precise viajar". A questão é que viajar naquela época era muito difícil. Chegar a China de Kublai Khan e voltar foi uma façanha tremenda que deixou Marco Polo famoso, mas ele era um comerciante e o seu objetivo maior era comprar e vender, cumprir contratos... Nisso, o jogo me parece que reflete bem a vida de Marco Polo. A questão do jogo é, em boa parte, como tornar a viagem possível. Sair pulando que nem um caixeiro viajante (que é o que ocorre na sequencia), na minha opinião, tira um pouco da graça do jogo.
2) Joguei muito pouco Lisboa para falar. Nem sei exatamente qual seria o problema em questão. Preciso dizer que, de maneira geral, acho os jogos do Lacerda um tanto quanto burocráticos. Você precisa construir uma casinha de cachorro? Ok. Você tem a madeira? Os pregos? O martelo? E pá, para cavar um buraco e fazer as fundações da casinha? Não tem? Que pena, perca um turno buscando ela no lado do tabuleiro.
3) Ainda não joguei o Mombasa nem o "Moonbase", apesar de adorar a maior parte dos jogos do Pfister.
4) Bem, já escrevi sobre o GWT. Hoje é dificil responder isso porque o jogo tem muitas configurações (Primeira ou Segunda edição, com ou sem o boi laranja, com ou sem expansão) e tudo pode mudar de acordo com a posição das construções neutras no tabuleiro. Dito isso, na dúvida, vá de vaqueiros, pegue alguns maquinistas e tente pegar uns bônus de estação. Além disso, se a primeira ou segunda entrega estiverem ruins, pode ir sem medo em Kansas uma vez. Andar rápido as vezes é mais importante que aumentar a mão. Dizem que dá pra ganhar construindo para caramba, mas eu não sei fazer isso.
Eu acho que os papos sobre estratégia não avançam porque as pessoas jogam relativamente pouco os jogos. O típico post de estratégia no Brasil é alguém desconfiado de que uma determinada carta ou ação quebra o jogo, porque em uma pequena série de partidas que ele jogou, ficou todo mundo focado naquilo e quem usou tal carta ou ação ganhou o jogo. Na maior parte das vezes, o que aconteceu é que as pessoas ficaram presas num "ótimo local" e não investigaram outras possibilidades do jogo. E as soluções são sumárias. Nerfa a ação, tira a carta. Quase ninguém aceita o desafio de "pode pegar isso aí, eu vou achar um jeito de vencer isso".
Sobre matérias descrevendo o processo da estratégia durante o jogo é algo que eu já pensei em fazer em vídeo. Entrar no BGA e ir jogando contra alguém enquanto explico o que estou pensando. O problema é que nem sempre eu vou ganhar e as pessoas não vão levar a sério um raciocínio, por mais cuidadoso que eu tenha sido, se ele não levar a vitória. Seria muita pretensão minha jogar como se eu fosse um desses GMs de Xadrez que transmitem partidas por aí.
Bem, sobre jogar no Rio, é só marcar de irmos um sábado na GOB. Estou a disposição!
Um abraço!