Tiellet::
Só temos um problema aqui, a definição da mecânica Legacy, peguei ela no BGG
"Legacy games are board games whose rules and components change over time based on the outcome of each game played and the choices made by the player(s). They will oftentimes make physical changes to the board game by, for example: marking the cards, placing stickers, destroying components, opening sealed packages, and so on.
The changes made in a Legacy game are designed to be permanent. A Legacy game's full experience is played out in a campaign that can only be played once. To replay the full experience again, the player(s) would need to purchase another copy of the game or, if available, a "recharge pack"."
O que te afasta e o que você busca com as alternativas propostas é justamente evitar a mecânica em si.
Existem diversos jogos de campanha que funcionam como você considera ideal. Só não são Legacy.
Um ótimo exemplo é o jogo Hate. Onde os personagens vão recebendo "cicatrizes" ou o Oath, que o jogo muda com o tempo.
Tirando isso, concordo contigo plenamente, bora se divertir e pronto!
Caro
Tiellet
Meu camarada, essa definição segue exatamente o conceito original dos jogos Legacy, ou seja, compre, jogue, destrua componentes e se quiser jogar de novo adquira outra cópia. Em outro artigo eu fiz uma comparação, sinceramente não me recordo se os números exatos são esses, mas salvo engano, 100 USD, que correspondia a uma média do preço dos jogos nos EUA na época, equivale a menos de 5% da remuneração média dos americanos, mas é quase 25% da remuneração média do brasileiro. Mais uma vez, não me recordo se os dados são exatamente esses, mas dá para se ter uma ideia do que representa a diferença do custo, para um americano comprar um board game e para um brasileiro. Com isso, além dos nossos jogos serem mais caros, porque o nosso mercado dos jogos, e consequentemente as tiragens, serem muito menores que nos EUA, nossa carga tributária, nossa infraestrutura de distribuição e a margem de lucros de produtores e comerciantes de jogos é muito menor, porque se vende uma quantidade menor de jogos, o que impossibilita praticar margens mais baixas, pelo maior volume de vendas.
Nessas condições, quando se ganha em dólar ou euro, é muito fácil falar em comprar por exemplo o Pandemic Regular, para ter o jogo, e além disso o Pandemic Legacy só para ter a experiência. Para quem já tinha o Pandemic normal antes, não tem jeito, ele terá de comprar o jogo Legacy, mas se evitando a destruição de componentes, e especialmente a colagem de adesivo diretamente no tabuleiro, você terminar com uma cópia funcional, o sujeito pode até mesmo vender seu Pandemic normal, para diminuir o custo do Pandemic Legacy. Por outro lado, se o sujeito não tem o Pandemic normal, ele pode perfeitamente comprar o Pandemic Legacy, evitar a destruição e após o final da campanha ficar com uma cópia do jogo base.
Jogos Legacy como já estão saindo com essa preocupação de manter uma cópia funcional ao final da campanha como é o caso do Chaterstone e do Ticket to Ride Legacy: Lendas do Oeste. Portanto, essa questão de ter de obrigatoriamente destruir os componentes e colar adesivos no tabuleiro, para ter uma verdadeira experiência Legacy, talvez não seja algo tão "gravado em pedra" assim. Eu penso que as pessoas devem ter liberdade para utilizar seus jogos da maneira que melhor lhes aprouver. Se o jogo é quebrado e precisa de uma "house rule", para ficar bom na minha opinião, eu aplico a house rule que eu acho cabível, sem pensar duas vezes. Só para ficar em dois exemplos, quando eu jogo Stone Age, se o jogador não conseguir alimentar toda a tribo ao final do turno, ele perde um dos meeples, que morreu de fome, além da penalidade em pontos. Isso faz com que ninguém utilize a estratégia da fome. Do mesmo modo, quando eu jogo Munchkin cada jogador já começa com uma carta de classe e outra de raça, o jogo só pode durar 10 turnos, e ao final ganha quem estiver na posição mais alta. Nenhuma dessas duas regras fazem parte do jogo original, mas é assim que eu e o meu povo gostamos de jogar, e é assim que nos divertimos divertimos. E eu acho isso é o mais importante de tudo.
Desse modo, desde que seja algo que desvirtue totalmente o jogo (jogar futebol, todo mundo usando as mãos), eu acho que qualquer adaptação é válida. Na minha opinião, board game é acima de tudo diversão, e dessa maneira obviamente tem de haver uma observância das regras para não o jogo em outra coisa, mas isso não quer dizer que os elementos do jogo e até mesmo as regras sejam imutáveis, desde que de modo razoável. Futebol com as mão talvez até seja divertido, só não é futebol. No caso dos jogos Legacy, jogar sem destruir os componentes, mesmo que seja uma forma distinta de jogar, diferente da definição tradicional que você citou, não me parece que seja algo que desvirtue a experiência, ou que a modifique tanto assim. Portanto, é dessa forma que eu jogo. Agora, essa é apenas o meu ponto de vista e a minha forma de jogar. Se você por outro lado considera fundamental destruir o componentes, e é isso que te faz feliz, por mim tudo bem, não tenho problema algum com isso e acho que você tem mais é que jogar assim mesmo.
Para terminar, eu gostaria de dizer que eu tenho uma opinião particular, que eu sei que talvez seja vista como pouco ortodoxa em relação a jogos, e que para mim funciona não apenas no caso dos board games, mas a tudo aquilo que eu compro. Não é o jogo que me possui, sou eu que possuo o jogo, portanto não sou que serve a ele ou que precisa se adaptar. O jogo é que me serve e é ele que precisa se adaptar ao meu gosto e à minha diversão. Pelo menos essa é a minha opinião.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio