Estrada de Arkham para Kingsport, 1926.
Esta semana jogamos uma partida ansiosamente aguardada de “Mansions of Madness”. Depois de muitos percalços e de uma variação no número de jogadores, jogamos a partida em três. Eu, como o Keeper, e como investigadores ousados nessa história, os senhores Harvey Walters (Delano) e Joe “Diamante” Diamond (Rafael).
AVENTURA: O GAROTO DE OLHOS VERDES
ATENÇÃO: MAIS ABAIXO HÁ DETALHES RELEVANTES PARA A HISTÓRIA (SPOILERS!). SE VOCÊ JÁ JOGOU A AVENTURA, OU NÃO SE IMPORTA EM CONHECER A HISTÓRIA ANTES DE JOGÁ-LA, PROSSIGA.
Nossos queridos investigadores se dirigiam de férias de Arkham para Kingsport, depois de um período turbulento na antiga e mal-fadada cidade decadente da Nova Inglaterra. Tudo parecia ir bem, até que um problema mecânico inexplicável resultou em um acidente: sem poder conter o ímpeto do automóvel no qual iam, os investigadores são lançados de encontro a um antiquíssimo carvalho no caminho para Kingsport.
Desacordados durante um longo tempo, ao acordar Joe percebe na beira da estrada um menino de olhos verdes a observar-lhe curiosamente. Joe balbucia apenas um “ajude-me” fraco, antes de novamente cair sem sentidos. Mais tarde, ao recuperar a consciência, retira o velho porfessor de entre o ferro retorcido e irrecuperável do que antes fôra um automóvel. Cambaleantes, ambos seguem na estrada até se depararem com uma imponente e decrépita mansão. Haveria o garoto vindo dali?
Crentes de que poderiam usar o telefone da imponente (apesar de velha) casa, os investigadores tocam a campainha, até que são atendidos por um mordomo vestido de modo impecável. Ele os recebe com um sorriso amplo nos lábios, e pede que os visitantes o aguardem no hall de entrada enquanto vai chamar seus desconhecidos anfitriões. Os esperançosos visitantes aguardam. Por cinco. Dez. Trinta minutos. Há algo errado.
Ao observar atentamente as instalações, os investigadores percebem que há algo MUITO errado. Apesar do mordomo que os atendeu estar vestido de modo irrepreensível e muito bem asseado, o mesmo não pode se dizer da casa em si. Ela parece não ser limpa há um bom tempo: a poeira e teias de aranha cobrem os móveis e as estantes do hall, ao passo que o chão está coberto de uma fina camada de pó preto. O professor Walters, ao observar a estante, nota um tomo grosso e pesadamente encadernado entre os demais. Este tomo nunca deveria estar ali. É um volume manuscrito do maligno “De veermys misterys”. Há algo certamente errado.
Os investigadores resolvem então explorar a antiga mansão, pois o senso de dever os conclama à ação. Há um mal ali que deve ser parado a todo custo. Subindo as escadas do imponente hall, entram em um corredor, no exato instante em que um som espectral invade as suas mentes. Os sussurros sombrios ecoam na mente dos investigadores, apesar deles tamparem os ouvidos com toda a força. Ao entrarem na suíte master da mansão decrépita, as luzes falham e os investigadores ficam no mais completo breu. Harvey, ao tatear no escuro, toca em algo que possivelmente é uma estatueta. Mas ao buscar definir que imagem estaria ali, baseado apenas no tato, o investigador entra em pânico ao perceber que o ídolo ali retratado se refere a coisas esquecidas dos primórdios do tempo... Coisa que nenhuma mente sã deve conceber! Harvey é impelido a correr de volta ao hall. Na sua mão brilha um rubi com uma intensa coloração vermelho sangue, que exala uma terrível aura mística.
A seu turno, Joe Diamond, como todo intrépido detetive, para o qual não há caso perigoso demais a ser desvendado, ruma ao interior mais obscuro da mansão, encontrando uma horrenda sala de operações com sangue fresco nos instrumentos cirúrgicos enferrujados. Nesse interím, um visitante louco adverte aos investigadores: Haja o que houver, não abram o maldito freezer!
Harvey Walters, em sua curiosidade acadêmica e ainda com sua mente lógica e analítica abalada, se dirige até a galeria. Apesar de toda uma vida dedicada à ciência (“A ciência é minha mulher”, diria o Delano), não deixa de se encantar com um belo quadro que estaria retratando a dona da mansão. E não é sem certa surpresa que ao se virar, ele dá de cara com a mulher retratada a estender-lhe os braços. Sua face é corada e seus olhos negros. Mas é com horror que a figura transforma-se, quando vermes começam a corroer sua face. Nosso professor novamente se vê obrigado a fugir pela sua vida.
Nesse interim, as oscilações espectrais na casa começam a atingir a mente de Joe Diamond. Sem muitas opções, nosso herói ruma ao sótão. Mas as presenças malignas minam a força de vontade do herói, que não consegue mergulhar em locais escuros e úmidos. O medo de algo vivo nas sombras o persegue, e ele é obrigado a voltar.
Harvey Walters, refeito do encontro com a bruxa, encontra um novo tomo. Mas a leitura do tomo anterior o deixa com receio do que a leitura desse novo livro nefasto pode causar. Perseguido de perto pela bruxa, é salvo quando seu companheiro desce chumbo grosso contra a criatura nefasta, que antes de ser destruída some no ar.
Tendo conhecimento de que Diamond não está em condições de investigar que esqueleto está no armário do sótão, o encanecido professor da Universidade do Miskatonic toma para si a responsabilidade de adentrar no local blasfemo. Mas lá é recebido pelo mordomo, que agora vestido em trajes rituais, o ataca com uma magia terrivelmente nefasta, que põe fogo em todo o local. Harvey não se abala, e utilizando do seu conhecimento e de antigos rituais ancestrais, bane o vilão para o mundo do esquecimento, reduzindo—lhe a nível inferior ao molecular.
No entanto o estrago já estava feito. Tendo quebrado a perna no combate, o valente e alquebrado professor sai a arrastar a perna do local em chamas, indo à procura do seu companheiro nessa desventura. Joe estava a resolver intrincados quebra-cabeças, como o de um quadro com tipos móveis, que lhe revelou uma imagem bizarra e manchada de sangue dos antigos donos da casa. Ao investigar recortes de jornal organizados em um diorama, Joe entende que algo de relevante deve estar escondido na sala de jantar da casa maligna, dirigindo-se às pressas para lá. Ao chegar no local, apodrecido, enegrecido, e com pratos de comida em condições imundas na mesa decrépita, Joe vê uma mensagem no quadro que enfeita a parede da sala de jantar, escrita em letras vermelhas, tintas de sangue: “Você não pode salvá-lo!”. Há uma seta que indica a direita, e Joe segue por esse caminho.
Enquanto isso, Harvey Walters se arrasta pelos extensos corredores com sua perna terrivelmente quebrada. Ao tentar se curar, usando seus conhecimentos místicos (kkkkkkkkkkk), consegue fazer com que o ferimento que já era ruim piore ainda mais (a magia curava um ponto de vida, mas como o Delano FALHOU no teste, a falha fazia com que o ferimento curado reabrisse, causando DOIS pontos de dado, além de um ponto de horror. hahaha), o que sela seu destino. O infeliz professor morre agonizando em um tapete carcomido por traças, sozinho e delirando.
Em sua busca frenética, Joe consegue percorrer metade da mansão, perseguido pela bruxa que reapareceu e que agora corre em seu encalço sedenta de vingança. Não tendo mais esperanças, Joe se dirige até o freezer, e ignorando o aviso que lhe fora dado, o abre: é o fim. Joe entende que não há sentido nessa busca, ao ver os cadáveres que repousam congelados e de maneira totalmente indecente naquele lugar, como mero pedaços de carne. Ele resolve se encerrar naquele lugar, morrendo em meio ao frio e à escuridão.
(Tanto eu como os investigadores perdemos, pois o último evento foi revelado sem que ninguém cumprisse seu objetivo).
