O monge e seus brinquedos

Jogador da semana: Israel Fonseca

Power Grid: Versão Energizada

Patanga30/11/23 22:22

Patanga

30/11/23 22:22

1230 mensagens MD

Jogador do mês: Israel Ben Guilherme Fonseca

“Amor é a unica coisa que transcende tempo e espaço” – Interestellar.

Editorial: Inspirado no "Geek of the month" que existe no BGG, esta série tenta focar primeiro mais no aspecto pessoal de um jogador, justamente algo que não seja relacionado com os jogos de tabuleiro (a pessoa detrás do jogador), e, na segunda parte, pegamos aquela pessoa única que acabamos de conhecer um pouco mais e vamos ver quais são os seus jogos favoritos, insights sobre o mundo dos jogos de tabuleiro, etc.

Nesta edição temos o Israel, co-fundador do canal Spiel des Djows (SdJ), que recebeu o prêmio de "MELHOR CANAL DE REVIEWS E RELATOS DE JOGOS DE TABULEIRO DO EIXO TUBARO-AMSTERDANENSE COM VISITAS IN LOCO A FEIRAS INTERNACIONAIS DESDE QUE EU ME CONHEÇO POR JOGADOR E LÁ VAI PEDRADA" (só quem segue o SdJ vai entender a piada)

Pessoal

Dentre as coisas mais significativas da sua vida, qual você sente que foi a mais transformadora ou importante, que mais construiu você, etc?

Tenho duas, então vou dar voleio aqui na pergunta subvertendo o conceito já na largada. A primeira foi quando a minha amada vózinha faleceu, o que representou quase que literalmente uma nova fase na minha vida. Isso criou um efeito em cadeia maluco, que praticamente me transformou em “pai” já que tive que cuidar da minha mãe bipolar (que faleceu poucos anos depois). Isso acrescido de um mar de problemas familiares que são particulares demais para serem expostos. Talvez um dia quando tivermos uma Bibliografia oficial “Por Trás dos Djows: Duplo sentido e Poesia” - até lá basta dizer que foi TENSO. Ainda relacionado ao falecimento da minha vó, durante minha vida toda dei muito valor para os meus amigos, realmente tratando-os como extensão da minha família, e no dia do enterro dela boa parte dos meus amigos estavam lá. Estes literalmente me ajudaram a levar o caixão para sepultura, um momento que realmente ficou estampado na minha memória e consolidou essa ideia de que Amigos >= Família para mim.

O segundo ponto eu venho vivendo: ter mudado para a Holanda. Um processo que eu sempre disse para eu mesmo “ser fácil”, e que é verdade até certo ponto, mas que me vem gerando muitos aprendizados relacionados ao que é importante na vida e o peso de estar longe dos elos que me são importantes (e estão no Brasil). O Budismo talvez quisesse dizer que essa postura apegada é o caminho para o sofrimento, mas estou longe de estar iluminado (risos). Isso quer dizer que eu vou voltar para o Brasil? Não necessariamente, mas os aprendizados certamente estão me mudando para sempre, alguns dolorosos, outros nem tanto.

Dentre as suas experiências/vivências, conte algumas das a mais diferente de todas - algo que você sente que nenhum outro leitor tenha passado na vida.

Até não acho que tenho algo tão mirabolante. Já fui frontman de um grupo de dança cover do Village People durante o ensino médio (o que me deu status de sub-celebridade durante algum tempo XD) e bboy (ou Break Dancer para quem desconhece esse micro-universo do HipHop).

E além disso (já que aqui é subversão de perguntas) quando visitei um Onsen (casa de banho) no Japão com o N4t4n431 e o Bob_ viramos parte de uma família Yakuza Japonesa (com foto e tudo) com a missão de caçar um Brasileiro foragido que deixou dívidas no Japão. DISCLAIMER: Essa história pode ser ligeiramente aumentada, mas não inventada.

Quais são suas outras atividades? Por exemplo: tem algum esporte que praticou com mais afinco, algum recorde pessoal que possa compartilhar? Você é escritor, artista, etc?

Acho que o Esporte da minha vida é a Escalada (já tive muitos outros, mas sempre desisti). É um esporte que ganhou mais visibilidade no Brasil recentemente após as Olímpiadas, mas em geral é bem nicho na realidade Brasileira, já que temos poucos ginásios para praticar (embora montanha de sobra para escalar). Recentemente tive a oportunidade de receber mentoria do https://www.instagram.com/captaincutloose que é um dos escaladores mais “famosinhos” que eu curto. Acho o esporte perfeito para o mindset Nerd-Gamer, já que a curva de aprendizado é baixíssima e o esporte é altamente “gamificado”, os “problemas” (que são as rotas que escalamos) sempre mudam então a sensação de progresso é muito grande, já que sempre há algo novo para superar. Recomendo fortemente para quem mora em algum lugar que tem ginásio (como em São Paulo ou Joinville). A modalidade Boulder (sem corda, mas baixa altura e com um colchão em baixo para as quedas) é ideal para quem está começando, mesmo para quem diz ter medo de altura (que era o meu caso e continuo tendo em certa medida).

Além disso tudo, sou escritor do Spiel des Djows, a mídia escrita que sempre vai tomar pau dos canais de YouTube no prêmio Ludopedia. #dorDeCotovelo (risos).

Como você enxerga a sua própria espiritualidade e o mundo?

Diria que sou bem espiritual, apesar de não seguir nenhuma “religião clássica”. Aprendo sobre a dita “espiritualidade” como estudante ativo de Logosofia e do clube de livro que faço parte. Atualmente estamos terminando o “Dhammapada: O caminho do Darma”, munição infinita para o “Budismo secular da garotada” de hoje em dia (e recomendo a leitura). Mas já lemos outras obras, como o famoso “Sermão da Montanha” da própria Bíblia. Fica aí a mensagem para que “a galera anti-religião” deixe de lado um pouco os preconceitos, pois há muito para se aprender/refletir em obras religiosas. A Verdade está refletida por tudo que é canto - difícil é conseguir ver.

Conte algo sobre o seu nome (ou qualquer outra coisa sua)

Meu nome além de grande, sempre me gerou problemas logísticos, ainda mais agora na Europa. No Brasil ninguém se importa muito com a noção de primeiro e/ou último nome, e aqui parece ser algo importante, porém quando fiz meu passaporte não sabia bem como dividir e fiz meio a meio: Israel Ben (primeiro nome) e Guilherme Fonseca (último nome). Depois fui entender, que na real meu nome é composto: Israel Ben Guilherme (primeiro nome) e Fonseca (sobrenome). Meu falecido pai (Guilherme) era Judeu e parece que Ben, significa “filho de” em algum contexto que não sei explicar. Fonseca é o sobrenome da minha mãe. Agora não tenho nem mais como corrigir, e ter o primeiro nome “certo” seria gigante demais para o Europeu médio conseguir entender (e ele já tem dificuldade de entender quando digo que meu nome é Israel).

Sobre isso vale contar uma história Europeia: normalmente digo meu nome (com sotaque PT-BR), não entendem, aí falo que é “que nem o estado de Israel” e o pessoal entende. Um dia ao falar isso tomei um “mas Israel não tem estado” como resposta. Momento TENSO e eu só queria explicar a sonoridade do meu nome. Imagine que com toda a polarização dos eventos atuais é o pior nome possível para se ter. Digo isso sem juízo de valor pró-anti-Israel-Palestina. Mas fica aí o relato curioso.

(O editor já se chamou Israel também, então pode assinar embaixo a experiência, e adicionar esta aqui dos europeus, com os olhos apertados olhando para você: "Seu NOME é Israel!?")

Que, viagem, esporte, ou qualquer outra coisa você recomendaria hoje aos leitores?

Nunca desça escadas, ou atrevesse a rua, com as mãos no bolso. Ouvi isso uma vez de um amigo, e nunca esqueci. xD

Quais são as personalidades do passado ou do presente que você mais admira?

Gosto muito da “dobradinha tripla”: Sócrates, Platão, Aristóteles. Tomando cuidado cos anacronismos típicos, acho que eles têm muito a ensinar.

Qual o seu livro favorito? Compartilhe um texto, poema, citação desse livro.

Vixe. Não tenho citação direta não, só “parafraseamentos” indiretos. No “Mecanismo da Vida Consciente” de Carlos Pecotche existe uma provocação que eu particularmente curto, super parafraseado e resumido seria: “O que o homem sempre buscou: conhecimento? O que sempre gerou problemas? Ignorância”. E meio que daí, tu consegues até inferir qual seria um dos grandes propósitos da nossa vida. Agora citação direta, tem do meu filme preferido:

“Amor é a unica coisa que transcende tempo e espaço” – Interestellar.

Coisa que, em alguma medida, já consegui comprovar para mim.

Tem algo que você gostaria de contar sobre você que não está nas perguntas?

Pão de Queijo é tudo de bom. #Saudades

(Nota do editor: que tal começar uma loja de pão de queijo (com boardgames) em plena Amsterdã? Ia se tornar mais famoso do que os pastéis de Belém. "Me vê um pão de queijo gouda e um cafezinho, por favor.")

Você tem algum blog/etc pessoal/profissional seu que gostaria de compartilhar aqui?

Se não conhece o nosso canal, pode se juntar AGORA!

Jogos de tabuleiro

Quais são os seus estilos e jogos de tabuleiro prediletos? Por quê?

Eurogames com alguma marcação/maldade mais agressiva (e.g: PowerGrid, Barrage, Hansa Teutonica, Lancashire). Eu preciso de jogos que tenham um “Arco narrativo”, e jogos sem interação (o Euro Solitário) são muito difíceis lembrar de algo memorável. Aquela vez “que o Bob_ ficou preso no PowerGrid, pois todo mundo trancou ele”, é algo que nunca esquecemos e sempre gera histórias sobre.

Qual foi a partida mais memorável (do ponto de vista do jogo em si, mecanicamente) que já jogou?

Essa partida de PowerGrid (jogada em 6 players), acho que realmente é a mais emblemática. PowerGrid é um jogo DURO e experiência conta bastante. Acho que nessa partida todo mundo já tinha jogado (muitas vezes inclusive) e o Bob_ era o único novato (ou no máximo segunda partida). A competição por cidades estava agressiva e ele acabou ficando num canto em que sairia muito caro comprar outra cidade. Além disso a liderança, eu e outro jogador, ainda seguramos o trigger da Etapa 2 por alguns turnos só para ganhar mais income (situação bem específica). Foi muito divertido, mas não para o Bob infelizmente (risos). Até hoje lembramos disso e até hoje ele se recusa a jogar PowerGrid.

Em segundo lugar, talvez a primeira partida de Drácula com o pessoal de Tubarão + marciusfabiani, épica como boa parte das partidas desse jogo sempre são (e normalmente eu detesto Ameritrash. xD)

Qual foi o momento mais feliz que você teve (falando de fora do tabuleiro) ao jogar os jogos de tabuleiro?

Hmm difícil dizer, acho que a memória mais “good vibes” que tenho, foi comprando e estreando “O Banquete a Odin” com a alucia. Na época fui vítima de um “nível bem alto de filha da pu**gem”, e acabei comprando o jogo meio que no impulso, as cegas, direto na loja (e bem por acaso, já que fui à loja por outros motivos). Jogamos muitas vezes e me diverti MUITO, o que de fato fez toda o sofrimento ser “curado” bem rápido. Por causa disso tudo, o jogo até recebeu um 10 na época (mas tempos depois, acabei corrigindo para 8).

Quais foram as suas experiências mais diferentes jogando ou relacionada com os jogos? Existe alguma que transcendeu o momento e mudou sua vida?

O episódio do Odin já foi um bom exemplo, mas acho que o “todo” no hobby, já é transcendente por si só. Nesse meu regresso ao Brasil, ficamos 1 semana em tubarão jogando em média 8 horas por dia (sem exageros), pessoal se esforçou para poder fazer essa reunião. Até o marciusfabiani veio de Brasília de moto para participar conosco (amizade essa feita através do Hobby/Ludopedia). Poderia marcar aqui todo o pessoal que esteve junto, mas além de eu correr o risco de esquecer de alguém, ia dar muito trabalho para o Patanga que está editando esse texto (e não eu) marcar todo mundo. Só vou deixar meu agradecimento ao Djow_, meu co-autor do canal e onde passei mais tempo hospedado na minha estadia em Tubarão. #SEMPREDJOW

Esses amigos todos já são de um valor transcendental por si só.

Conte alguma dica ou insight pessoal sobre os jogos de tabuleiro

Ter AP não é “estilo de jogo”: é deselegante e quase ofensivo. Lembre-se: mais vale perder 2 partidas seguidas num jogo pesado, mas jogado rápido, do que vencer 1 partida arrastada no tempo de 2 partidas. Não que você não possa parar para pensar de vez em quando nos momentos TENSOS (até torna memorável a experiência), mas certamente existem bem menos momentos desse do que levar 5 minutos todo turno. #PercaMaisMasJogueMais

Conte mais algo sobre os jogos que não foi perguntado aqui

Eu sigo o approach Netflix dos Boardgames: compro sabendo que vou vender com perdas (10% ou mais). Considero o dinheiro perdido o “custo de ser um explorador”. A dica, é comprar jogos importados ou raros (caso você goste claro), nesses casos é bem possível você vender pelo mesmo preço (ou até mais caro pelo esforço). Nesse approach eu consegui jogar muitos jogos, pagando muito menos do que se esperaria (e já passou na minha mão jogos BEM caros como um Food Chain Magnate + Expansão). Para mim isso é MUITO melhor do que aquele monte de jogo encalhado na prateleira.

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Comentários:

marciusfabiani
1128 mensagens MD

marciusfabiani30/11/23 22:23

marciusfabiani » 30/11/23 22:23

Que honra ser o primeiro comentarista desse post maravilhoso, com um dos meus queridos amigos/irmãos catarinenses! Excelente ideia, Patanga. Israel mostrou que é muito mais do que um corpinho sarado e um mestre do Power Grid. Saudades sempre, nos vemos em 2024!

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ArtwA
171 mensagens MD

ArtwA30/11/23 23:36

ArtwA » 30/11/23 23:36

Não acredito que perdi a oportunidade de ter uma batalha de break holandesa. Dancei break por 9 anos. Erro a ser reparado.

Acho que #PercaMaisMasJogueMais sempre foi o meu lema e nunca tinha me dado conta.

Abraços Israel e Patanga! Ótima série, acompanhando.

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FCL84
451 mensagens MD

FCL8430/11/23 23:49

FCL84 » 30/11/23 23:49

Ter AP não é “estilo de jogo”: é deselegante e quase ofensivo.

que homem

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Djow_
2056 mensagens MD

Djow_30/11/23 23:50

Djow_ » 30/11/23 23:50

marciusfabiani::Que honra ser o primeiro comentarista desse post maravilhoso, com um dos meus queridos amigos/irmãos catarinenses! Excelente ideia, Patanga. Israel mostrou que é muito mais do que um corpinho sarado e um mestre do Power Grid. Saudades sempre, nos vemos em 2024!

Marcius quebrou a ludopedia, substituindo o post por esse comentário dele. Poderes de um agente da ABIN “aposentado”

Edit: corrigiram, pelo bem da segurança nacional

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Djow_
2056 mensagens MD

Djow_01/12/23 00:01

Djow_ » 01/12/23 00:01

Israel esqueceu de mencionar que foi baixista do P.O.P - Passarinho do Olho Preto

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isR34L
1166 mensagens MD

isR34L01/12/23 05:32

isR34L » 01/12/23 05:32

Djow_::Israel esqueceu de mencionar que foi baixista do P.O.P - Passarinho do Olho Preto

Não esqueci Djow, mas é que precisamos de conteúdo exclusivo pra nossa Biografia autorizada. [Esqueci sim, só aí, já teria um micro cosmos de conteúdo]
Valeu pelo carinho meus nobres.

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igorknop
952 mensagens MD

igorknop01/12/23 06:00

igorknop » 01/12/23 06:00

Maravilha de entrevista! Entrei querendo saber mais do jogador e sai querendo conhecer mais do pensador bboy que escala montanhas em busca da iluminação.

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Patanga
1230 mensagens MD

Patanga01/12/23 07:53

Patanga » 01/12/23 07:53

ArtwA::Não acredito que perdi a oportunidade de ter uma batalha de break holandesa. Dancei break por 9 anos. Erro a ser reparado.

Acho que #PercaMaisMasJogueMais sempre foi o meu lema e nunca tinha me dado conta.

Abraços Israel e Patanga! Ótima série, acompanhando.

Ouvi dizer que no próximo encontro internacional SdJ vai ter batalha de "board-dancing" (igual "chess-boxing", mas fazendo um duelo de break dancing por três minutos e depois jogando board games por três minutos - vitória por nocaute no break ou por pontos no jogo)

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FCL84
451 mensagens MD

FCL8401/12/23 14:15

FCL84 » 01/12/23 14:15

Djow_::
marciusfabiani::Que honra ser o primeiro comentarista desse post maravilhoso, com um dos meus queridos amigos/irmãos catarinenses! Excelente ideia, Patanga. Israel mostrou que é muito mais do que um corpinho sarado e um mestre do Power Grid. Saudades sempre, nos vemos em 2024!

Marcius quebrou a ludopedia, substituindo o post por esse comentário dele. Poderes de um agente da ABIN “aposentado”

Edit: corrigiram, pelo bem da segurança nacional

Isso foi só o começo...
Próxima fase da ação hacker dele, se não me engano, é retirar todos os euros da escola italiana dos Top1k da Ludopedia...
Embrace for impact!!

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