Thiago Maciel::Parabéns pelo podcast, muito bom ouvir todo o conteúdo, as horas passam rapidinho quando a conversa é boa.
Queria ouvir a opinião de vocês e de quem mais quiser opinar sobre o assunto da pirataria/cópia, no caso de jogos que não existe esperança de alguma editora trazer para o Brasil, como exemplo posso citar o Marvel Champions, um jogo muito conceituado e que pelo o que observo não existe esperanças nenhuma de ver ele em PT-BR, mas as pessoas que querem muito podem produzir o material por conta própria para ter o prazer de joga-lo.
Outro caso poderia ser os jogos que tem muito material exclusivo de KS e as editoras não podem comercializar, o público que é fã do jogo acaba sentindo a vontade/necessidade de produzir o material exclusivo e mandar para impressão em gráficas.
Com o aumento e "facilidade" de pessoas adquirindo impressoras 3D, até obter as miniaturas está ficando mais fácil.
Todos os casos que cito são de pessoas que não querem ter lucro com ilegalidade, mas querem ter o prazer de jogar seus jogos favoritos e compartilhar isso com a comunidade que também curte os jogos.
Oi meu caro! Vou te responder só porque o Paulo me citou ali, ok? Vamos ver se eu consigo me expressar direito aqui (já aviso pra não levarem minha opinião a ferro e fogo, é só a minha opinião).
Eu vejo que muito do pressuposto do PNP (print and play) vem desse argumento de não ter acesso ao conteúdo original e, por isso, se justifica a impressão, mesmo que particular, da cópia do jogo. Pra mim isso é um argumento que cai no caso das fitas K7 de gravação da música que tocava na rádio ou dos torrents dos filmes e séries. Não tô dizendo que nunca fiz isso, veja bem. Eu também tive infância hahaha. O acesso ao produto é uma coisa que há anos é discutido no Brasil, e imagino que em mais países em desenvolvimento/hemisfério Sul do mundo. Quantas vezes escutei que "na minha cidade não tem cinema, vou baixar o torrent".
Então vou responder aqui com base em dois pontos de vista, o da lei e o do hobby:
1. Pela lei, não é crime se você estão fazendo uma cópia para uso pessoal. Ponto. Tem muita discussão sim é na forma em que as pessoas estão tendo acesso à esse material, no caso do Marvel Champions por exemplo, em que as cartas estão perfeitas, não parecem ter sido escaneadas nem nada. E, se a forma que essas imagens foram obtidas for ilegal? Tipo, alguém lá da gráfica que fez a impressão vazou o conteúdo de propriedade privada de alguém? Então temos que ver que não é só a cópia em si, mas todo o processo envolvido. Sei de muitos jogos que a galera pega de um site russo que tem acesso às fábricas chinesas e compartilha esse material. É roubo de uma obra que a fábrica teve direito ao acesso somente para fazer a impressão. Agora, se o seu PNP é baseado em um scan das cartas, vai fundo.
2. Do ponto de vista do hobby, eu já tenho uma opinião muito diferente. Nosso hobby é pequeno. E, apesar de muito endemoniarem a Asmodee e seus braços como Fantasy Flight e Galápagos, o lucro dessas empresas perto de outros setores da economia é ínfimo. Logo, as pessoas associadas a ele também ganham muito pouco. E não to falando só de autores de jogos, mas de ilsutradores, desenvolvedores, pessoas que trabalham na editora mas em outras áreas como a comercial, marketing, etc. Todos ganham bem pouco, ninguém é rico fazendo jogos. Ainda mais no Brasil. Meu ponto é que, da mesma forma que você pode fazer o PNP de um jogo gringo e dizer que não tem acesso, você pode fazer isso com um jogo nacional (e sim, já vi gente dizendo). Aí você vai lá, compartilha as imagens do jogo, distribui, várias pessoas fazem o PNP e bom, o que acontece com o jogo original? Ele não vende, não gera lucro, não abastece a economia, os valores não chegam nas mãos de quem de fato criou e produziu o jogo. Ah, mas foi só umas 5 cópias, você pode pensar. Na verdade, são milhares de cópias que deixam de ser vendidas. "Ah, mas a própria editora colocou o jogo no Board Game Arena/Tabletopia/Tabletop Simulator." Beleza, a editora que faz isso sabe os riscos que tem e, muitas delas, usam essas plataformas pra promover um jogo e deixar ele mais popular e, como consequência, vender mais. Quem tem uma cópia PNP de um jogo dificilmente vai comprar o original. Do meu ponto de vista, fazer o PNP do jogo com a desculpa de que não tem acesso ao jogo original, você está ferindo a economia do hobby e prejudicando cada vez mais um mercado que é pequeno e que as pessoas recebem bem pouco pelo que fazem. Não é a mesma coisa da música ou do cinema que são de fato industrias multimilionárias e que pouco são afetadas por essas práticas (não to falando da pirataria, mas das cópias sem fim de obter lucro).
Então, faça o que a sua consciência te permitir. hehe