The LOOP, um jogo sobre loops temporais, viagem em diferentes eras da humanidade, destruição de clones e sabotagem de planos de um cientista maluco.
Pegar artefatos no Renascimento ou completar seu objetivo no Fim dos tempos? Essa é uma pergunta que se pode ocorrer ao jogar esse jogo.
A premissa sozinha já me atraiu para o jogo, mas depois que eu descobri que era um cooperativo, com deckbuilding e assimétrico, comparado em alguns forúms com Pandemic e Spirit Island (e um preço de menos de 200 reais), tive que adquirir o jogo e digo, com certeza, que essa foi uma das melhores compras de board games que já fiz na vida.
Mas afinal, como é o jogo?
Todo turno, o malvado Dr. Foo está se movimentando pelo espaço-tempo, criando fendas temporais (representadas por belos e não comestíveis cubinhos vermelhos) nas mais diversas eras e criando duplicatas dele mesmo (esses clones ajudam o vilão aumentando ainda mais a instabilidade temporal, fazendo mais fendas serem criadas).
Quando 4 fendas temporais estão em uma das sete eras da humanidade, aquela era se transforma num vórtice. 4 vórtices no tabuleiro ou 2 vórtices na mesma era, e você perde o jogo, já era! O Dr. Foo vence, e o tempo é quebrado de forma que seu reparro é impossível.
Conforme os turnos vão passando, o nosso "querido" vilão vai começar a espalhar quantidades maiores de clones, então nada de dormir no ponto e esquecer de fazer as missões, porque as coisas saem de controle num piscar de olhos.
As fendas são distribuídas por meio dessa linda e desfocada torre. Então por mais que o Dr. Foo tenha se movido para uma era, é possível que fendas não sejam criadas nessa era, e sim apenas nas adjacentes. Para o bem, ou para o mal...
Já você vai jogar como um agente temporal, vai comprar 3 cartas do seu baralho e jogá-las na ordem que quiser, fazendo as mais diversas ações para concluir as missões e sabotar a máquina temporal do Dr. Foo. Durante sua fase de ação, você vai destruir clones, arrumar as fendas temporais, adicionar energias (representadas por belos e não comestíveis cubinhos verdes), se mover pelo tabuleiro, etc. Em resumo, fazer de tudo para concluir as missões, ao mesmo tempo que cuida do tecido do espaço-tempo.
Mas agora você deve estar se perguntando: Como que consigo fazer tanta coisa com só 3 cartas? Esse jogo é possível?
É aí que entra uma das mecânicas mais legais de The LOOP: a sua capacidade de gastar uma energia para realizar um loop temporal, e rejogar as cartas de sua mão, mas nem pense em ficar fazendo loops infinitos, porque cada loop no mesmo turno vai exigir mais e mais energia, recurso que damos muito mais valor quando está em falta. Além disso, habilidades especiais do seu personagem e um único movimento gratuito (outros movimentos custam uma energia) vão te fazer quebrar a cabeça para achar o melhor caminho para realizar sua missão como agente temporal.
A rodada nesse jogo quase sempre segue esse padrão: no momento inicial você olha para o tabuleiro, olha para as suas cartas, e pensa: "Nossa, é impossível fazer o que eu queria...", mas depois de um tempinho analisando, você vai conseguir achar um caminho para fazer o que gostaria e as vezes até mais coisas!
E quando não é possível fazer exatamente aquilo que você queria, bola para frente, porque você pode preparar terreno para jogadas futuras. É nesse momento em que a cooperação e habilidades de personagens mais brilham.
O deckbuilding do jogo é também bem competente e permite você planejar e maximizar a sua próxima ação. Sempre que você tem a possibilidade de adquirir um artefato (cartas usadas para realizar suas ações), ele vai direto para o topo do seu baralho de compras, permitindo ao jogador iniciar o planejamento de seu turno antes mesmo de comprar as cartas!
Os personagens são extremamente distintos. Cada um tem uma especialidade, e são jogados de formas completamente diferentes. O que torna o quebra-cabeça de cada partida único.
A rejogabilidade do jogo é imensa! O setup nunca é o mesmo, as combinações são sempre diferentes, os objetivos sempre vem em uma ordem nova. Essa imprevisibilidade traz uma variedade infinita. Não existe uma estratégia manjada que vai te garantir uma vitória, sempre é preciso analisar o que existe a sua disposição e então escolher o melhor caminho.
Mas não se engane, mesmo podendo planejar bastante e realizar muitas ações, o Dr. Foo vai te fazer de tonto, de uma forma ou outra.
Quer fazer as missões correndo? Pode fazer, mas o tabuleiro vai estar lotado de coisas que vão levar ao fim do jogo rapidinho.
Quer tentar fazer um misto? Cuidado para o tempo não acabar.
Quer focar em controlar o tabuleiro antes das missões? Você pode até conseguir, mas com o tempo, o número de coisas acontecendo vai acabar com o jogo.
Para ganhar o jogo é necessário tomar medidas arriscadas, no tempo certo. O que o torna um jogo bem complexo do que aparenta ser, ainda mais se jogados nas dificuldades maiores ou em modos diferentes.
No modo padrão de jogo, chamado S.A.B.O.T.A.G.E.M., o Dr. Foo se move aleatoriamente pelas eras, tornando-se imprevisível (na maior parte do tempo).
Os outros modos são semelhantes ao inicial, mas com um elemento diferencial.
Em um deles você destrói clones que deram errado, e que ao morrer criam mais clones e uma energia infinita (representadas por belos e não comestíveis cubinhos azuis).
Em outro, você precisa destruir máquinas laser, que limitam quais cartas e quais loops podem ser utilizados.
Mas o modo mais interessante para amantes de dificuldade é o Ultra-Máquina. Nesse modo, o Dr. Foo não se move de maneira aleatória, mas sim sempre no sentido horário.
Há um fator de sorte bem menor nesse, já que você sempre sabe para onde o Dr. está se movendo, mas isso não torna o jogo mais fácil de maneira alguma, mas sim o contrário. A manutenção das eras são bem mais intensas, missões podem ficar bem apertadas para serem realizadas e cartas exclusivas desse modo vão fazer seus neurônios fritarem para conseguir parar esse cientista maluco.
(Em outro tópico, posso entrar em detalhes em cada modo e dar minha opinião em cada hehe)
Todos modos são bem difíceis por si só, e apresentam 3 níveis de dificuldade, para deixá-los ainda mais complexos.
Existe a possibilidade de você perder ou acabar se ferrando muito apenas por sorte (ou pela falta dela). Esses momentos são improváveis, mas estão sempre presentes. Particularmente, é algo que não me irrita muito, porque como disse acima, é improvável, e um agente temporal sempre deve se preparar para o pior.
Vale também a pena mencionar o modo solo, que é sensacional e tem uma alocação de cartas bem bacana, fazendo você utilizar 2 ou mais personagens em toda partida, mas jogando sempre um de cada vez. Para quem curte solo, The LOOP é um prato cheio.
Minha análise final: JOGÃO! Nota 10 com glória e espero que as expansões venham ao Brasil (tá ouvindo né, Across the Board?!). Para quem curte cooperativos difíceis, pelo preço está valendo MUUUITO a pena! Fica uma nota que com 3 e 4 players, o jogo pode demorar consideravelmente mais do que os 60 min, mas como todo mundo vai dando pitaco no que fazer (a tal chamada cooperação), não senti tanto o problema de esperar meu turno. Então ainda recomendo nesse número de jogares!
Próxima análise:
Paleo ou Spirit Island?
(Edit: alguns erros de português corrigidos e adicionadas umas coisinhas extras no texto, perdão pela falta de revisão, mas vai acontecer de novo hehe)