Uma pequena introdução: Se você foi uma das 5 pessoas que acham que já leram isso, é porque consegui fazer a proeza de apagar e perder todo meu texto sem querer, por isso estou fazendo uma segunda edição atualizada dessa maravilhosa análise. Tudo que consegui recuperar foram as 4 primeiras linhas 
Agora realmente começando!
Robinson Crusoé vs Eldritch Horror -- Uma comparação que ninguém pediu
Depois de muito e muito tempo postergando para aprender as regras, finalmente resolvi me aventurar em Robinson Crusoé. Isso não foi algo espontâneo, já que as recentes promoções me fizeram prestar atenção no jogo mais do que nunca.
Eu nunca fui atrás de saber muito sobre o jogo. Tudo o que sabia é que ele era um cooperativo, muito difícil e com uma boa dose de sorte envolvida. Não levou muito tempo para que uma ligação entre essa breve e vaga descrição e um dos meus jogos favoritos fosse feita. É claro que estou falando de Eldritch Horror!
Então, graças a uma vontade exterior ao meu corpo (a mesma vontade que está movendo a refacção deste texto) que me fez sentar e ver um vídeo de 45 minutos explicando sobre o jogo o suficiente para que eu conseguisse estreá-lo no TTS, em conjunto com meu amigo. Fizemos o primeiro cenário com 4 personagens (simplesmente por pura preguiça de aprender a variante usada para jogar em 2 jogadores).
Essa comparação toda foi com base no primeira cenário de Robinson Crusoé, então eu posso estar muito enganado na minha breve análise de primeiras impressões.
Em Robinson Crusoé, desde o momento do setup do jogo, é possível traçar uma estratégia mental simples que vai te guiar o jogo inteiro. O jogo não esconde nada, ele te avisa quando pode chover, qual é seu objetivo, o que você deve fazer para concluir o cenário e até quais os equipamentos podem ser construídos para te ajudar. Falando assim até parece que vai ser uma tarefa tranquila, e realmente foi o caso durante o primeiro turno. Uma boa rolagem de dados e falta de preocupações fizeram com que minha primeira-primeira impressão do jogo fosse algo como: "estão exagerando, isso não é nem tão difícil!". Não levou nem dois turnos para eu morder a língua...
Os elementos aleatórios do jogo são cruéis e fazem com que a estratégia tenha que ser adaptada a todo momento. Rolagem de dados, card drafting ou drafting de tiles, o jogo tem um grande leque de maneiras diferentes de cuspir na sua cara, te derrubar no chão, chutar e depois rir. Muita dessa sorte pode ser contornável, mas jogar de uma forma segura pode até te fazer sobreviver por mais tempo, mas não vai te impedir de morrer na praia (piada não intencional), ou então simplesmente não concluir o objetivo da missão. Tomar riscos faz parte do jogo e se tornam cada vez mais necessários com o decorrer da partida, e é aí que as coisas começam a desabar. Contudo, isso é o esperado! Sobreviver durante meses em uma ilha (nem tão) deserta e amaldiçoada deve ser no mínimo uma tarefa caótica!
Em Eldritch Horror a história é diferente. Não é possível fazer um esqueleto da estratégia básica desde o início. Embora o jogador saiba que é preciso concluir 3 mistérios antes do relógio da perdição zerar e trazer uma, quase que, inevitável derrota, os mistérios são apresentados um de cada vez para ele, o que acaba deixando uma grande dúvida em qual é o próximo passo a ser seguido: Devo pegar mais pistas? Procurar magias? Me armar para combater um grande monstro? Essa incerteza faz com que o jogo fique um pouco mais tenso e as ações precisem ser planejadas a curto prazo, mas sempre aberto para mudar o rumo em 180 graus. (Não é à toa que são chamados de mistérios...)

Quando o relógio da perdição zera e essa carta vira, só senta e chora porque você vai ter muito pouco tempo para fazer muita coisa
Inicialmente o jogo parece mais focado em ser uma experiência narrativa, mas não são necessárias muitas partidas para começar a perceber os padrões ou nem dar muita atenção para a história das cartas de encontro. Esses "pontos de história" acabam por se tornar "pontos de rolagem de dados", onde você sabe que certo local tem mais chances de testar algum atributo e usa isso a seu favor para enfrentar o Ancião. Essa mudança mental na hora de jogar o jogo o torna muito mais tático e estratégico, dando abertura para jogadores mais experientes abertamente testarem combinações absurdas (Charlie Kane como um grande mago é algo lindo e amedrontador de se ver) ou então simplesmente terem uma chance maior de vitória. Mas nada como os dados somados ao caos cósmico lovecraftiano para jogar toda sua confiança ralo abaixo e te fazer mudar de direção mais do que uma barata tonta.
Em ambos jogos você pode perder com um simples momento de puro azar não calculado? Com certeza. Isso faz com que eles sejam ruins? De maneira alguma!
Nos dois jogos é necessário controlar e calcular suas ações minuciosamente para ter apenas a chance de vitória, mas sinto que no Robinson Crusoé é necessário um maior controle de recursos enquanto no Eldritch é preciso uma maior gestão de tabuleiro, sabendo balancear o que precisa ser controlado agora e o que pode ser deixado para depois (lição que a grandiosa Rochelle de Todo Mundo Odeia o Chris nos ensina logo na primeira temporada da série).
(Este mini parágrafo servirá para falar mal dos jogos brevemente, apontando coisas que não gosto neles. Em Robinson existem muitas regrinhas chatinhas que precisam ser decoradas ou consultadas no manual a todo momento, isso pode ser síndrome de primeira partida, mas me vejo voltando ao manual sempre. Já no Eldritchzinho, algumas fases de um turno podem parecer infinitas, com efeitos de contra-ataque que parecem ser infinitos na mesa ou então emboscadas e diversas lutas que tiram muito o timing do jogo)
Conclusão: Estarei comprando o Robinson Crusoé e tirando poeira do Eldritch Horror (que está encostado desde quando o Mansions of Madness chegou, esse jogo é realmente uma experiência narrativa, mas prefiro comentar mais sobre isso em uma próxima análise heheh). Ambos os jogos são incríveis e caóticos. Funcionam muito bem solo ou com um pequeno grupo muito focado, mas definitivamente não funcionam bem com muitas pessoas, já que não existem muitas aberturas para erros e incoerências nos cenários mais difíceis.
E aí, o que acharam dessa breve análise e comparação?
Concordam ou eu estou completamente insano?
Valeu pela leitura o/
(Edit: esqueci de comentar sobre o resultado do primeiro jogo de Robinson Crusoé!!! Conseguimos vencer no décimo turno com uma boa dose de folga. Acho que um dos motivos para isso foi uma onde de sorte nas cartas de evento que acabaram nos dando uma boa margem para a vitória. Só por curiosidade, vimos quais seriam as próximas cartas de evento e elas com certeza iam acabar com nosso jogo hahahah)