adaptado de O Presente de Brincar com as Crianças
Eu não faço grandes coisas.
Eu faço pequenas coisas com grande amor.
Madre Teresa
Acabei deixando passar despercebido o dia das crianças por aqui, mas vim tentar me redimir!
Quando leio algumas histórias espirituais ou quando me recordo das minhas memórias, uma coisa que sempre vejo repetir entre as pessoas que me inspiram e tem uma profunda espiritualidade é que elas costumam ter uma consciência doce e infantil (infantil = espontâneo, inocente e alegre)
Quando eu estou em uma consciência mais infantil, tudo parece mais espiritual, naturalmente espiritual ou divino, sem ter que pensar. Quando eu estou em uma consciência mais séria, as coisas podem facilmente parecer como um problema ou eu sinto como se estivesse tendo uma "febre mental".
Descobri que existem alguns caminhos que me ajudam a entrar em uma consciência mais infantil:
● Uma forma é passar um tempo com crianças. Isso realmente funciona pra mim.
● Outra forma é fazer atividades que crianças gostam de fazer, fazendo de mim uma criança, por assim dizer. Pode ser jogos ou desenhos animados bem inocentes. Desenhar com lápis, brincar com os cachorros, etc.
● E a terceira é a oração e meditação. Quando realmente acontece funciona muito bem. Lembro também de quando a minha vó, que sempre frequentou a igreja dela por obrigação moral, de repente mudou e começou a ter um sentimento muito genuíno em sua prática. Ela, literalmente, parecia que voltou a ser criança (não senil, mas sim pueril). Ficou muito alegre, muito leve, e passamos a ser amigos a despeito dos 50 anos de diferença de idade.
Parece que sempre gostei de fazer coisas de criança, como os jogos de tabuleiro (mesmo depois de já ter passado dos meus 30 anos), mas talvez a falta de companhia ou excesso de rigidez mental não me deixou ver a ação da disciplina benéfica do ato de jogar regularmente.
Identificando-se com as crianças
Não há tanta coisa que você possa conversar com crianças. Crianças parecem não ter, na maioria das vezes, interesses nas discussões, conclusões, finais e raciocínios que nós muitas vezes tentamos alcançar enquanto estamos conversando com outros sobre assuntos.
Eu gosto muito de ouvir sobre experiências de outras pessoas, mas acho que quando eu mesmo ou outros tentamos raciocinar ou explicar ou ensinar alguém sobre tópicos espirituais, há geralmente raciocínio desnecessário e às vezes viagem do ego. Nós somos todos buscadores, e está tudo perfeitamente bem em tentar e falhar…
Procuro simplesmente fazer algo que me faça sentir realizado e espontâneo, isso me parece muito mais alinhado com os ensinamentos interiores e também é um melhor uso de tempo e energia.
Então, a fim de nos identificarmos as crianças, usamos um interesse comum: jogar jogos!
Assim, sinceramente. Nós e as crianças somos iguais na hora de brincar.
Existe uma anedota interessante contada por Sri Chinmoy em seu livro “Asas da Alegria”, na qual um reconhecido e sábio cientista, cujo nome era Dr. Satyendranath Bose, declina em presidir um congresso científico proeminente porque já havia prometido jogar com as crianças – um de seus passatempos favoritos, o qual deu a ele mais satisfação do que presidir conselhos científicos.
Às vezes, quando eu penso nas crianças com quem eu brinco, eu uso um apelido secreto: chamo elas de professoras.
Acho que aprendo mais e mais rápido com a honestidade e busca sincera de alegria e felicidade delas do que quando tenho conversas espirituais ou um pouco espirituais – embora eu ache as conversas muitas vezes elevadas, importantes e gratificantes. Quero dizer apenas que a experiência com as crianças nos últimos anos tem aparentemente me proporcionado mais oportunidades de progresso do que as ideias que tenho sobre as coisas. Ação x ideia.
Nas crianças, finalmente eu encontrei alguém que realmente entendia quão importante é jogar, e eles também encontraram "um adulto" em mim alguém que realmente entendia o quanto jogar era mais importante do que outras coisas chatas e sérias que não fazem ninguém realmente feliz (como discussões e opiniões fortes). Algumas vezes tive a oportunidade de ver elas me tratarem como outra criança, ou que eu mesmo me senti uma criança de verdade - minha visão tinha ido "para o outro lado do espelho". Foi uma experiência iluminadora e muito positiva!
Resultados de jogar jogos na vida cotidiana
Tivemos experiências que as crianças começaram as ter melhores relacionamentos e uma melhora em situações difíceis na escola simplesmente por pegarem alguns de nossos jogos de tabuleiro para usá-los durante um momento de recreação. De repente, todos se tornaram mais próximos e isso deixou todos felizes!
Com os jogos de tabuleiro, você terá uma biblioteca de desculpas para ter alegria inocente com pessoas de que você gosta. E, como uma biblioteca de livros, você ainda será capaz de pegar seus jogos da prateleira e ter um momento perfeitamente bom daqui a muitas décadas.
Eu joguei tanto video game na minha fase de crescimento que acho que isso atrapalhou meu desenvolvimento como criança e mais tarde como uma pessoa e um buscador. Eu imagino que equipamentos eletrônicos deixam a mente inquieta e reativa, e o coração acha difícil vir à tona – o oposto da leitura e meditação. É o que parece para mim, pelo menos. Mesmo nos dias atuais, eu acho que se eu ler muitos livros, me sinto muito bem em vários aspectos, mas se eu gasto um longo tempo no computador ou no telefone celular, me sinto muito cansado, inquieto ou cheio de ideias afiadas sobre o que é certo ou errado. Pelo menos é como eu tenho me visto.
De qualquer forma, em um tom positivo... eu gostaria de convidar você a olhar em volta e talvez perceber que você está envolto por crianças agora mesmo… eles podem não parecer crianças, mas, assim como eu, eles podem ser apenas uma grande e crescida criança que esqueceu quem ela realmente é.
E não só para os jogos de tabuleiro... para tudo!
PS: domingo dia 23/10 teremos um pequeno campeonato de jogos de tabuleiro no
restaurante A Casa Madal, com premiação e tudo mais. Logo faremos um post. Quem quiser ser avisado pode deixar um comentário neste aqui tbm.
As caretas da idade
Nunca afetarão a beleza
De um coração de criança.