storum::
A situação dos preços saiu totalmente fora do controle e estão na maioria das vezes abusando/explorando os consumidores.
Não só nesse jogo mas em vários outros e tb em outras editoras, não podemos esquecer que tb as expansões de arkham horror estão no mesmo patamar. A caixa de alguns chega a ser ridicula, só tem tamanho porque de conteudo só tem cartas....
Estranho que alguns donos de editoras em grupos que participo, nem comentam sobre a situação quando são indagados pelos usuários, lamentável.
Abraçs.
Caro Storum
Realmente é lamentável, principalmente se formos pensar em todo o potencial que nós temos para crescer, sendo um país de 220 milhões de pessoas, com um povo que tem prazer em receber os amigos em casa. Infelizmente não há por parte das empresas do setor de board games um compromisso em fazer o mercado crescer e se fortalecer. A editoras querem é vender o máximo das pequenas tiragens que produzem e partir para o próximo jogo anunciado em Essen. Portanto, no mercado nacional de board games, nós não temos produtos, mas sim projetos. As editoras não pensam em licenciar um jogo e passar a vender aquele jogo, anos a fio. Ao invés disso o que acontece é que a editora tem um projeto de fazer 1.000/1.500 unidades de um jogo, que é mais ou menos o que o mercado absorve, e depois deixar para lá e partir para outro projeto. A Galápagos tem mais de 900 jogos lançados, a Devir tem mais de 300 e a Conclave mais de 200, mas a quantidade desses jogos que continuam sendo produzidos por essas editoras é uma fração muito pequena do total de jogos já lançados.
E não é nem uma questão de não haver reprint mundial dos jogos. Veja o caso do Carnavalesco. Esse jogo é de um designer canadense radicado no Brasil, e lançado por uma editora nacional. Na época do financiamento, eu questionei o alto valor do jogo que era, salvo engano, R$300,00, e a resposta que eu obtive foi que o valor era esse, porque os dados translúcidos e purpurinados, que compõem a maior parte do jogo, seriam feitos na China e seriam lindos de morrer. Eu fiz uma conta rápida e resolvi fazer um orçamento de quanto ficaria produzir um único protótipo, comprando os dados diretamente da Ludeka e cheguei a um valor muito inferior (quase um terço), mesmo reservando um percentual para impostos, direitos autorais e etc. Só para se ter um ideia, o jogo tem 150 dados que é a parte mais cara e se a empresa conseguir um preço de R$0,50, o que é já é bem caro considerando que se comprará no atacado, a parte que implica no maior custo do jogo fica apenas em R$ 75,00, mas o jogo custa quase R$ 400,00. Quando eu levantei essa questão só faltaram me bater, dizendo que se eu não estivesse interessado era só não comprar, que eu não tinha nada que me meter e que era melhor eu caçar outra coisa para fazer.
Veja bem, o Carnavalesco é um jogo nacional, por isso não depende de licenciamento, não teve tiragem mundial, logo os preços baixíssimos chineses não se aplicam, e por isso poderia muito bem ser produzido aqui mesmo no Brasil. Mas se o jogo fosse produzido aqui, não dava para justificar os R$ 300,00 de custo, por isso ele precisava ser feito na China. O resultado disso é que o Carnavalesco que tem um tema brasileríssimo e que entra em destaque no Jornal Nacional em fevereiro/março de todo santo ano, poderia muito bem ter sido um verdadeiro fenômeno de vendas, no estilo Ticket to Ride. Mas ao invés disso, como ele saiu muito caro (hoje ele é vendido por quase R$ 400,00), e a opção da editora foi fazer uma tiragem pequena e vender a um preço mais alto, quase ninguém mais fala nesse jogo, e ele hoje é só mais um board game perdido na enxurrada de jogos que são lançados a cada ano.
Esse é só mais um exemplo de como as editoras de board game estão cada vez mais focadas em lançar jogos novos a cada ano, do que em consolidar o mercado e fortalecer os produtos que elas já possuem, para que eles continuem a ser vendidos ao longo dos anos. Existem jogos que continuam a ser produzidos mundialmente, mas que as edições brasileiras são só aquelas do lançamento e nunca mais as editoras brasileiras falam neles. E assim, nós board gamers brasileiros vamos vivendo, de lançamento em lançamento, e com os preços cada vez mais caros, o que afetam não apenas o 4x e os dungeons crawlers de 10 kg, mas também já se verificam até mesmo nos party games e nos jogos família.
Para terminar, eu gostaria de fazer uma única ressalva que é a Papergames que cada vez mais investe em jogos baratos da sua linha pocket, especialmente party games baseados em cartas. Essa editora deve estar faturando horrores com isso. Infelizmente não dá para viver só de party games, mas com a atual escalada vertiginosa de preços, para muita gente que quiser continuar no hobby essa será a única saída.
Um forte abraço boas jogatinas.
Iuri Buscácio