Sorte é um dos fatores que eu analiso no jogo, como critério de avaliação de qualidade boa ou ruim.
Em diversos comentários, eu vejo sempre uma conotação negativa, quase unânime, qualificando a “sorte” como ruim. Eu mesmo fui um desses caras por um tempo, até porque, as vezes, na vida, é só disso que precisamos, e é por causa disso que acho que existe esse sentimento contra a “sorte”, já que ela é um poderosa formalizadora imprevisível, que não te da chance de escolha.
Jogos realistas não podem ter fator “sorte”
O azar e a sorte caminham juntos. Na rotina da vida, a gente prepara tudo contando que poderemos ter sorte ou azar, e principalmente, não termos azar. São três condições sempre, a prevista, com azar e a com sorte.
Para acordar, esta previsto que o seu despertador vai tocar, e se você não tiver sorte nem azar, é isso que vai acontecer.
No jogo, você preparou o deck de 20 cartas, e se você não tiver sorte ou azar, você usará elas.
Se você tiver azar, o celular não vai despertar, porque acabou a força de madrugada e o celular não carregou o suficiente.
Se você tiver azar, seu oponente colocará uma carta de efeito que rouba 3 cartas do seu deck.
Se você tiver sorte, você acordará do nada, e não perderá a hora no serviço.
Se você tiver sorte, seu amigo não pode usar as cartas roubadas por serem incompatíveis com seus aliados.
Algumas pessoas, formalizam que um jogo não é muito realista porque tem muita rolação de dados, muita sorte e pouca estratégia. Isso não é verdade porque acabei de exemplificar que a realidade das nossas vidas tem muito mais sorte e azar que um jogo. Você pode ter faculdade, mestrado e doutorado, experiência profissional, e perder a vaga de emprego para uma pessoa que conseguiu afinidade na entrevista e conquistou o entrevistador com diálogos. Você simplesmente teve o azar de ter disputado a vaga no dia e hora imprópria, pois tinha um adversário com atributo especifico, melhor que todos os seus, para conquistar a vaga. As vezes, seu adversário nem sabia e nem pensou a respeito, simplesmente tentou e conseguiu.
Memória VS inteligência
Eu tenho amigo, viciado em jogos de perguntas e respostas, como o trivial pursuit, ele é tão hardcore que nem usa o tabuleiro, pizza e dados, é só as perguntas mesmo. Eu sempre perco disparado. Por que ele realmente é mais inteligente que eu? Não por ser mais inteligente, mas sim, por ter mais informações e conhecimentos. Somos compostos de diversas inteligências, e um trivial pursuit não mede a inteligência dos jogadores, e sim a quantidade de conhecimentos de cada um. Eu considero esses jogos um separador de pessoas com mais e menos conhecimentos, simples assim. Meu amigo prova pra mim, que ele passou por mais experiências, leituras, contato com mais pessoas e atividades na vida do que eu, proporcionando a possibilidade de somar uma quantidade de conhecimento muito maior. E isso faz dele uma pessoa melhor, com méritos? Sim e não. Sim, porque ele de fato absorveu os conhecimentos sempre que teve a oportunidade, e isso justifica seus méritos, o esforço pelo que foi dado. E não, porque seu adversário não perdeu por ser menos esforçado para o que a vida lhe ofereceu, e sim porque a vida não deu oportunidade para que ele tivesse acesso a tantos livros, atividades, etc.
Esse mesmo amigo, não curte jogar war e Scotland yard, porque nas experiências que tivemos, ele nunca venceu no grupo. Isso prova, que sua inteligência estratégica, é mal pensada ou teve pouca pratica para com estratégias na vida. De qualquer forma, conhecimento tem a ver com algo conquistado no passado, passivo, e inteligência tática, tem mais a ver com habilidade de enxergar lógicas, e não depende tanto de oportunidade histórica, e sim, de prática, por isso, acho essas disputas sem conhecimentos mais honestas.
Sorte nos dados, nas cartas e no xadrez
Eu gosto de mecânicas boas e divertidas, independente de se está sendo usado dados ou cartas. Mas, queria defender os dados agora. Muitas analises, condenam os queridos dados, porque dizem que ele atribui muita sorte ao jogo, como se nada mais nos jogos, tivesse a ver com sorte ou azar. Alguns adoram jogos de cartas sem dados, e jogam orgulhosos por não verem o dado, mas, a própria aparição das cartas, é só mais uma variável de sorte. O jogo de xadrez, carrega um fator de sorte. Xadrez é um jogo que dará a vitória, para quem conseguir memorizar a maior quantidade possível de movimentos futuros do oponente combinando com as suas. É humanamente impossível memorizar o jogo inteiro, por isso, cada um tenta até onde consegue, e essa capacidade, depende de pratica, das condições que o jogador consegue memorizar melhor e das condições emocionais do momento. Ou seja, você precisa da sorte do adversário ter menos capacidade de memorização, mais tempo de prática e estar com emocional preparado para o momento do jogo. Quando eu jogo Eldritch horror, com muito rolamento de dados, não perco porque simplesmente os dados não deixam, embora isso já aconteceu, mas muitas vezes, porque não vem cartas de recursos bons, ou porque viram cartas de mito devastadoras. Muitos jogos, já atribuem regras de quantidade de dados e como lidar com os valore deles, afim de quantificar a sorte, por isso, não tenham preconceito com eles, ou tenham com todo o resto que mexe com a sorte.
A sorte estraga o jogo
Alguns jogos estratégicos, te deixam em uma condição que não há muito mais o que fazer, ou você não consegue mais pensar em nada, e nessa hora, que é divertido um drama, ao apelar para sorte. Eu acho que o fator de sorte, é o sinônimo da esperança involuntária, que dá o charme dramático nos jogos. Ao mesmo tempo, que se ela for super elevada, acaba por tirar toda a graça, impedindo que tomemos qualquer decisão relevante. Então, o jogo perfeito, precisa ter em sua maioria percentual, independência da sorte, mas nunca extingui-la.