Mclovin::
Torugo dissertando um pouco aqui no tema, foi por isso que falei ali nas discussões que não da pra generalizar, nem julgo muito trabalho investigativo, mas pessoalmente acho sim que a qualidade geral do material produzido pelos criadores de conteúdo aqui é em geral baixa, nas sem adereçar a ninguém. Acho que as pautas são sempre parecidas, trocentos videos de Unboxing ou uma análise sem roteiro, genérica na maioria das vezes e é raríssimo ver comentário negativo sobre algum jogo, ver alguma curiosidade ou pesquisa básica do material publica , e é muito raro ver alguém que efetivamente critique de forma mais técnica o jogo, geralmente as raras vezes que existem criticas, elas são todas meio que de um achismo meio tosco ..ou as criticas se resumem a esses bate papos de bar das pautas que se resumem a mesões de bate papo que muitas vezes não é muito prificional...normal ver gente fazendo review e falando que ta fazendo aquele review depois de uma partida.
Pessoalmente acho todo jogo é passível de critica, até os que a gente gosta. Outro ponto, penso assim, sei que é importante alimentar o algoritmo , mas se você tem um canal de 45 mil inscritos que faz unboxing de todos lançamentos, qual a razão além de divulgar para uma editora todos os criadores de conteúdo com 1000, 3000, 6000 inscritos todos fazerem isso?? Isso reverte mais gente para o canal?? Duvido que conteúdo repetido com qualidade inferior que vai fazer o canal de mil chegar nos 40 mil. Acredito mais em pautas diferenciadas, soluções criativas, criação de identidade própria para o canal, ou foco em nichos específicos, o PIntando Miniaturas rapidamente me vem na cabeça.
Caso não tenha a criatividade para isso acho que seria legal ao menos a parte informativa ser melhor trabalhada, pesquisada, etc, de novo nada pessoal ainda não conferi o seu trabalho.
Correndo risco de soar muito nerdola (mais ainda), mas a critica cinematográfica foi o primeiro produto feito para ser criado como analise de um produto de entretenimento na França e ao contrário do que muita gente pensa, não era de um monte de cineasta frustrado recalcado, nem de gente que era paga por estúdios pra falar bem, ( apesar de que nos 2 casos existiam indivíduos assim), mas uma analise com fim jornalístico e ela visa investigar, analisar e transmitir ao publico se aquela obra valia seu tempo e dinheiro. Sei que muita gente cria canais por que é apaixonado pelo hobbie mas se a sua função é criar analise, trazer informações, esse trabalho tem como interlocutor final os outros jogadores e ele é sim jornalístico.
Dizem que para poder existir criticas negativas a algo, o mercado alvo precisa ter amadurecido, caso contrário as criticas podem ajudar a implodir um mercado que poderia deslanchar. Não acho o caso aqui... todos os principais lançamentos saem aqui, jogos clássicos e até outras tranqueiras que muitas vezes encalham, jogos a valores caríssimos, luderias e lojas de board game abrindo aos montes (sei que aqui a pandemia freou e deu um baque em muita gente), mas acho que quando temos jogos imensos e caros como Gloomhaven, Tainted Grail ou TI4 geralmente não são sinais de mercados em desenvolvimento. Mas parece que mesmo lançamentos insípidos recebem ótimas analises aqui de quase todo mundo, ou jogos que passaram totalmente batidos por aqui recebem hypes desnecessários, e com isso não é nem uma ilação desnecessária de que "criadores de conteúdo recebem tubos de dinheiro", é mais a constatação de que ainda existe muito espaço para melhorar a produção nacional.
Problemas bizarros como erros na caixa, jogos a quase 2000 reais, misprint no tabuleiro são tratados como acontecimentos comuns. Todo mundo esta passível a falhas, mas já vi a imprensa nacional de board games lidar com problemas muito bizarros como se fossem coisas comuns, todo mundo que acompanha a cena fora daqui, sabe que erros crassos das editoras são falados e muito bem falados por absolutamente todos canais gringos, a ponto de ser comum ouvirmos pronunciamentos ou mudanças no produto como até aqui foi o caso da Starling com Pearlbrook.
Vou dar uma olhadinha sim no Mesa Secreta quando tiver um tempinho aqui, um abraço e desculpa a resposta gigante.
Concordo muito com os pontos levantados pelo Mclovin - inclusive sobre como nenhum criador de conteúdo levantou essa lebre.
Muita gente está tratando do tema como se equivalesse a uma nota de rodapé obscura, mas isso deu muito o que falar lá fora e é uma questão fácil de ver mencionada em críticas e resenhas no BGG.
"Ah, mas os criadores nacionais emitem opinião própria e não têm dever de olhar outras críticas". Certo, mas esse caso mostra os efeitos da escolha: uma polêmica importante que existiu lá fora passou batida por aqui. Se por um lado eles podem falar só sobre a opinião deles, por outro, parte da comunidade pode achar que essa opinião falta profundidade.
Agora, registrando uma reflexão que fiz esses dias, para somar à discussão sobre produção de conteúdo aqui: lá fora, jogos custam até 80, se muito 110 da moeda local. Aqui, eles começam a 250, e os principais lançamentos estão saindo a partir de 400. Um sujeito comprar jogos para resenhar de forma independente e falar mal no exterior não dificulta tanto manter a própria produção de conteúdo quanto alguem bancar isso aqui.
Além do mais, penso (mera impressão pessoal) que a cultura de apadrinhamento lá (Patreons e etc) é mais forte. Shut up & Sit Down, WatchItPlayed, Heavy CardBoard, JonGetsGames, todos tem seus padrinhos; Rahdo faz campanhas anuais de levantamento de verbas. Aqui, poucos criadores conseguem isso, e dou meu palpite que consigam muito menos. Não só, lá os caras conseguem produzir muitos eventos, vender produtos próprios, etc. Shut up & Sit Down, Dice Tower, HeavyCardBoard, todos têm suas feiras próprias (algo que agora que está começando no Brasil).
O pessoal do Dice Tower tem até cruzeiro próprio. Na minha concepção, o Dice Tower e SU&SD já são totalmente independentes do hype de qualquer jogo.
E se alguém acha que isso não tem nada a ver, comparem os conteúdos dos criadores nacionais que recebem brindes com o da turma do
Spiel des Djows ou o do canal
Versus. Leiam resenhas de usuários que postam esporadicamente ou mesmo que fazem crítica única. Vocês vão ver: (a) opiniões livres, sem o receio de perder o próximo lançamento futuro; e (b) talvez até mais engajadas e profundas, pois o cara que quase nunca escreve, quando o faz, é porque viu ali algo que realmente o motivou a expressar seus pensamentos. A diferença das abordagens é gritante.