Legions of Steel é um jogo para 2 jogadores, lançado em 1992 por Clark Browning, Marco Pecota e Derrick Villeneuve. Suas principais mecânicas são pontos de ação, rolagem de dados e tabuleiro modular. A versão avaliada é a da Global Games Company, trazida para o Brasil pela editora Devir.
Tema: Legions of Steel apresenta um tema convencional de ficção científica: homem versus máquina. Em um futuro não muito distante, uma “raça” de Máquinas, surgida de modo misterioso, resolve invadir e conquistar as demais raças. Após dominar vários planetas, as Máquinas se aproximam da Terra. Raças alienígenas superiores decidem alertar os terráqueos e também armá-los com alta tecnologia. Sabendo da invencibilidade do adversário, um batalhão de soldados humanos é enviado para o planeta das Máquinas. O objetivo é destruir o computador Supremo, responsável por controlar todas as máquinas.
Componentes: O jogo possui componentes aceitáveis, nada excepcional caso comparado ao que temos hoje em dia. Há muitas peças em estilo quebra-cabeça, representando salas e corredores. Também há miniaturas de papelão com suportes de plástico, vários tokens e dois dados numerados. Os pontos negativos são o livro de regras e o livro de cenários, impressos em papel comum. Também faz falta uma ajuda para os jogadores, apesar do livro de cenários apresentar um guia com todas as tabelas utilizadas durante a partida.
Regras: Como em quase todos os jogos do tipo skirmish (“escaramuça”), onde duas facções se enfrentam em um cenário configurado previamente, o objetivo de cada jogador depende da facção e do cenário escolhido. No caso das Máquinas, o objetivo é quase sempre destruir as unidades inimigas. No caso dos Humanos, os objetivos são variados, como alcançar salas específicas, encontrar uma passagem secreta ou recuperar um objeto. As rodadas são divididas em três fases. No início de cada rodada (“Iniciativa”), uma rolagem de dados determina a ordem de ação dos jogadores. De acordo com essa ordem, o primeiro jogador realiza todas as fases antes de passar a vez para o segundo jogador. Na primeira fase (“Fase inicial”), o jogador da vez pode remover marcadores de tiro da rodada anterior. No caso dos Humanos, o jogador da vez também recupera e redistribui pontos de liderança (pontos de ação extras). Na segunda fase (“Fase de ação”), o jogador da vez pode mover e atirar com suas unidades. Existem três tipos de movimento (estacionário, andando e correndo) e uma variedade de tipos de tiro (disparo normal, prontidão, tocaia, modo automático, etc.). Apesar de envolver uma série de modificadores (movimento, visão, tiro, etc.), o combate é muito simples: basta calcular a distância entre as unidades envolvidas (número de espaços), consultar uma tabela para determinar o número de acerto e depois rolar um ou mais dados (de acordo com a cadência de tiro da arma). A terceira e última fase (“Fase Final”) é uma fase de manutenção, onde alguns marcadores são atualizados ou removidos.
Gameplay: Legions of Steel é um jogo de muita tensão e pensamento tático. A experiência de jogo depende da facção escolhida: enquanto as Máquinas tentam se impor através da quantidade, buscando eliminar o adversário, os Humanos procuram alcançar rapidamente seus objetivos específicos, impedindo a vitória numérica do oponente. As primeiras rodadas da partida podem assustar jogadores novatos, pois eles precisam se familiarizar com várias opções de movimento e tiro, além de uma série de modificadores de combate. Vencido esse obstáculo, a partida flui satisfatoriamente, revelando como essa densidade de opções e modificadores contribui para a experiência de jogo. Um exemplo: os tiros de prontidão somente ocorrem quando uma unidade inimiga entra na linha de visão. Isto exige que os jogadores posicionem estrategicamente suas unidades, além de obrigá-los a tomar decisões difíceis, como escolher qual é o melhor momento para “furar” o bloqueio inimigo.
Considerações: Provavelmente alguns jogadores reclamem do fator sorte envolvido no jogo, por isso resolvi deixar esse ponto para as considerações finais. Comparado aos jogos atuais do tipo skirmish, onde se evita o fator sorte (penso, por exemplo, na série Dungeon Command e o seu sistema de cartas), Legions of Steel pode parecer datado. Contudo, existem os modificadores de combate, sendo eles o melhor jeito de mitigar a sorte e o melhor guia para tomar decisões pouco dependentes da sorte. Por meio dos modificadores, por exemplo, é possível diminuir um acerto de 5 ou mais para 2 ou mais. Tudo depende de encontrar as oportunidades para isso. Entretanto, nem sempre as oportunidades estão aí, principalmente porque seu oponente está jogando bem. Neste momento surgem as opções difíceis e arriscadas, onde, ao invés de estragar a experiência de jogo, o fator sorte contribui para criar tensão. Devo dizer que temos neste jogo o que há de melhor na escola ameritrash: pensamento tático de alto nível e dosagem certa de imprevisibilidade.
Avaliação final: Excelente