VitorMX::Eu entendo mas não concordo, ainda vejo muitos jogos bons que dá para conseguir por menos de 200 reais. Se a pessoa estiver disposta a esperar promoção ou pegar usados ai que consegue mesmo. E para usufruir do hobby não precisa ter dezenas ou centenas de jogos. Mas se você fala em colecionismo, ai eu concordo que seja algo elitista... quem hoje pensa em ter uma coleção grande com dezenas de opção a pessoa realmente tem que ter uma boa condição financeira.
Lembro que os 3~4 primeiros anos do hobby eu só tinha puerto rico, catan e munchkin... e só esses três me bastava
Caro VitorMX
Eu concordo em parte com você, e gostaria de acrescentar alguns pontos.
Realmente não é preciso ter centenas de jogos, para poder se divertir. Aliás, se uma pessoa só gosta de um único jogo, ele só precisa desse e nada mais. Diversas famílias até hoje se divertem bastante apenas com o UNO, ou com os jogos tradicionais de um baralho comum. Porém, conforme uma pessoa vai conhecendo e se aprofundando no hobby, é natural que ela queira experimentar outros jogos, com mais complexidade, com outros estilos, outras mecânicas e outros temas. Isso é praticamente inviabilizado pelos altos preços praticados atualmente, principalmente em relação aos novos lançamentos.
Portanto, para se divertir não é preciso possuir uma centena de jogos, mas também apenas três eu acho muito pouco, porque acaba se enjoando desses jogos, em função da repetição, por melhor que eles sejam. Assim, uma coleção de três ou quatro dezenas de jogos já tem um bom tamanho, para suprir as necessidades de variedade, para a maioria das pessoas. Até porque essa é uma quantidade administrável em relação ao tempo disponível, para que nenhum jogo fique sem ser jogado por mais de uma ano, pelo menos na minha opinião.
Do mesmo modo, eu reconheço que ainda existem opções de board games modernos mais baratos, até mesmo sem contar os party games. Eu só acho, conforme escrevei na minha manifestação, que isso ainda é muito pouco para contrabalancear a quantidade de jogos mais caros.
Por outro lado, no meu post anterior eu não me referi a colecionismo, ou seja, comprar quase tudo que é lançado, só pelo prazer de ter a maior quantidade possível de jogos, enfeitando a estante sem nunca jogar nenhum deles. Aliás, eu acredito que boa parte das pessoas aqui do Ludopedia, que possuem coleções já na casa das centenas, dificilmente jogam tudo aquilo que possuem, até por uma questão de falta de tempo hábil.
Eu me referi às pessoas que gostariam de fazer parte do hobby, comprando um jogo de vez em quando. Mesmo para essas pessoas, que estão longe de serem colecionadoras, a permanência no hobby está cada vez mais impraticável, por conta dos altos preços dos lançamentos. É preciso lembrar que nem todos os jogos têm os seus preços reduzidos a 25%, nos descontos relâmpagos e nas Black Friday da vida. Isso ocorre com alguns jogos, mas não com todos.
Por isso, a minha manifestação de que o board game é um hobby cada vez mais elitizado, por conta dos altos preços atuais, foi imaginando uma pessoa que resolvesse entrar no hobby hoje, em abril de 2022. Mantendo esse exemplo, se essa pessoa tiver interesse no tema ferroviário, ela se depararia com o Russian Railroads, sendo vendido na base de R$ 1.000,00. E mesmo que ela começasse por jogos mais simples como o “Ticket to Ride” e o “Ticket to Ride: Europa”, ela ainda teria de desembolsar entre R$ 400,00 e R$ 500,00, em média. Esses valores estão muito acima das condições socioeconômicas da esmagadora maioria da população brasileira, conforme eu procurei demonstrar na minha manifestação anterior.
Por fim, na verdade o que nós temos é uma divergência de opinião, e de visão a cerca do hobby dos board games, e é fundamental essa diversidade de opiniões, educada e respeitosa, não apenas para o desenvolvimento do Ludopedia, como também para o próprio hobby em si.
Um forte abraço e boas jogatinas.
Iuri Buscácio