Júlio Ferreira::
Opa Iuri, blz?
Sei que a pergunta não foi direcionada a mim, mas eu não acho. Eu não acredito que nenhuma editora no mundo vai fazer um produto baseado no argumento de que "as pessoas não vão usar as folhas, vão tirar cópias! Então vamos fazer blocos menores!". Se fosse por esse argumento, então eu vou mais longe e digo que a maioria das pessoas não vai jogar o jogo nem dez vezes (talvez nem cinco). Se alguém é um super colecionador que quer o jogo preservado, o melhor é deixar lacrado mesmo e jogar no Tabletop Simulator.
Eu uso os blocos originais, eu paguei pelo jogo justamente para consumir esses blocos e só vou me preocupar com cópias quando ele estiver muito perto de acabar (algo improvável). Por causa dos preços, eu entendo que a maioria dos consumidores busca um jogo perene, ou o mais perto disso possível, mas garantir essa longevidade deve ser um trabalho da editora, não do consumidor.
Já pensou? Abrir Hadrians Wall e se deparar com blocos finos com dois blocos de 20 ou 30 folhas, consegue imaginar a quantidade de reclamações que iriam pipocar aqui na Ludopedia (reclamação de pessoas que não vão consumir nem 10 folhas antes de comprar outro jogo)? O jogo poderia custar a metade do preço, as pessoas iriam reclamar com a mesma intensidade.
Eu entendo o que eu acredito ser a posição da editora, é melhor vender mais caro e ouvir reclamações relacionadas ao preço das pessoas que não compraram o seu jogo, do que ouvir reclamações relacionadas ao seu capricho das pessoas que compraram o seu produto.
Um forte abraço!
Caro Júlio Ferreira
Não me incomodo nem um pouco em você entrar na conversa, até porque eu acredito que promover a troca de opiniões e o debate saudável é a função precípua de qualquer fórum, sobre o que quer que seja.
Em relação à sua opinião, eu realmente concordo que o esporte preferido do brasileiro, mais até do que o futebol, é reclamar, mesmo quando não se tem razão. Se a editora substitui o meeple de madeira por um de plástico e vende o jogo mais barato, as pessoas reclamam da queda na qualidade dos componentes. Por outro lado se as editoras laçam jogos com qualidade de componentes superior, mas com um preço mais caro, as pessoas também reclamam, só que dessa vez o alvo das reclamações é o alto preço. Obviamente não existe esse "melhor dos mundos", com jogos com qualidade superior a preços baixíssimos. Ninguém espera de forma séria que o Gloomhaven seja lançado a R$ 200,00. Inclusive a minha crítica em relação aos jogos supercaros, nem é quanto ao preço, mas sim ao fato desses lançamentos acabarem inflacionando o mercado de forma generalizada, de modo a afetar também os preços dos jogos mais simples.
Em função disso, no meu ponto de vista, pelo menos atualmente, as reclamações em relação aos preços altos dos jogos são muito mais numerosas do que as reclamações sobre qualidade dos jogos. Além disso, os atuais preços altos influenciam muito mais o afastamento de um número maior de pessoas e impedem a entrada no hobby de um público novo, do que os eventuais problemas de qualidade. A versão nacional do Ticket to Ride por exemplo tem ótima qualidade de componentes, mas mesmo assim ainda é inacessível para grande parte da nossa população, mesmo de classe média (as classes mais baixas certamente não podem se dar a esse luxo de ter board games), porque custa mais de R$ 300,00. É isso que conta mais para as pessoas em geral, e não o fato do jogo ter ou não uma boa qualidade de componentes. Por isso, eu discordo da posição da empresa de optar por lançar um jogo mais caro, porém com mais folhas nos blocos, escolhendo as reclamações em relação ao preço, ao invés de lançar o jogo mais barato e suportar as reclamações em relação à qualidade, que me parece que seriam menores.
Por outro lado, é preciso ter em mente que o jogo é de uma editora estrangeira e, talvez, o contrato de licença não permita a alteração no tamanho dos blocos de folhas. Como nós não temos acesso a esses contratos, por serem documentos sigilosos das empresas, nunca poderemos saber se a editora poderia, ou não, ter lançado o jogo com blocos menores, mas optou pelos blocos maiores, ou se ela foi forçada a isso, por conta do contrato.
Um forte abraço e boas jogatinas.
Iuri Buscácio