Vinicios::
Pois é, não faz sentido, se fosse assim eram pros livros de D&D serem todos em inglês. Não são né? ..... São?
Marllos Dias::
Fica ainda mais esquisito se a gente lembra que Tiranos da Umbreterna teve tradução pra diversas línguas, bem capenga no português, inclusive, mas teve. A versão digital é realmente muito bem implementada, e ironicamente acabou matando minha vontade de ter uma cópia física. Além do fato de eu achar Tiranos um jogo melhor e mais divertido (levadas em consideração as óbvias diferenças entre eles), o lance do Waterdeep ser totalmente em inglês faz bater uma puta preguiça de jogar fisicamente, já que eu teria que ficar traduzindo os textos e efeitos das cartas toda hora.
Caro Vinicios e Marllos Dias
No que diz respeito aos livros do D&D, Vinicios, tanto no caso do RPG, quanto no caso dos romances (Forgotten Realms e Dragonlance principalmente), podemos dizer que, em ambos os casos, os livros principais já possuem versões em português. Porém, no caso dos romances, esses chamados livros principais são pouquíssimos, bastando dizer que cada uma dessas séries possuem mais de 100 volumes, independentes entre si, e só foram publicados alguns. No caso do Forgotten Realms, só lançaram em português os primeiros 7 livros da da "Lenda de Drizzt" (duas primeiras trilogias e o primeiro livro da quadrilogia seguinte), todos do R. A. Salvatore. Já no caso do Dragonlance só foram publicados em português a trilogia dos heróis da lança, "Crônicas de Dragonlance" (Dragões do Crepúsculo de Outono, Dragões da Noite de Inverno, e Dragões do Alvorecer da Primavera - brincadeiras à parte, nunca consegui ouvir esses nomes, sem que me viesse a lembrança do Clóvis Bornay desfilando nos concursos de fantasias de Carnaval, no Hotel Glória - aqueles mais "vividos" vão entender) e a Trilogia dos Gêmeos, as duas da dupla Margaret Weis e Tracy Rickman. Para quem gosta de romances de alta fantasia, no melhor "estilo Tolkien", todos esses livros são excelentes indicações.
Voltando ao mundo dos board games, em relação à questão da exigência de manutenção do idioma original, possivelmente a editora adotou essa medida, justamente para evitar que qualquer problema de tradução e localização refletisse negativamente no jogo. Basta lembrar alguns casos recentes de tradução ruins que atrapalharam o desempenho do jogo como foi o caso do "Nemesis", do "Masmorra do Mago Louco", do "Western Legends", e mais recentemente ainda do "Everdell", e também da crise do "Tainted Grail" na Coreia do Sul. Assim esse acaba sendo um exemplo mais radical da "política McDonald's", das editoras gringas, que exigem no contrato de licença que os jogos sejam todos produzidos na China, para que a qualidade seja a mesma, independente da versão nacional que se examine.
Esse tipo de exigência pode até fazer algum sentido, em termos de padronização, mas para o nosso mercado nacional de board games é praticamente fatal. Isso porque nós temos uma carga tributária para materiais importados, e uma burocracia que impõe a contratação de escritórios especializados em desenlace aduaneiros, que são absurdamente altas e confusas e que elevam drasticamente o custo de produtos importados, chegando às raias de uma verdadeira "extorsão legalizada". Para piorar a situação, as tiragens dos board games nacionais é mínima (entre 1.000 e 2.000 unidades), então não dá nem para diluir esse custo mais alto, em uma quantidade maior de produtos.
Então a solução é partir para o paste-up, ou jogar apenas com quem não tem dificuldades no inglês, principalmente porque o "Lords of Waterdeep" é baseado na intriga, por isso não dá para um dos jogadores ficar traduzindo as cartas para os demais, sem estragar a brincadeira. Como nem todos os meus comparsas de jogatina são fluentes em inglês, a versão digital foi uma mão na roda. Atualmente eu tenho muito mais partidas digitais (que inclusive são mais rápidas) do que físicas, até porque a pandemia suspendeu indefinidamente as jogatinas do meu grupo. Então se o inglês não for um problema, a versão digital do "Lords of Waterdeep" é excelente e muito indicada. O único problema é que depois eu acredito que vai dar uma preguiça enorme de voltar a jogar a versão física.
Um forte abraço e boas jogatinas
Iuri Buscácio