Torugo::
Mas e aí, é bom?
Estava bastante animado com o jogo, principalmente por sua temática sci-fi, mas... infelizmente ela não convence. É a famosa "temática colado com cuspe" que já estamos acostumados em outros euros. E tá tudo bem... já estamos acostumados, mas neste jogo em particular eu esperava mais. O manual nem tenta explicar tematicamente cada ação.
Mecanicamente algumas coisas funcionam muito bem, outras nem tanto. Toda a área de construções e alocação dos dados roda bonitinho. Dados usados sobem de valor no fim do turno, e deixam o local mais caro pro próximo jogador. Construções dão benefícios ao serem construídas e fornecem pontos de acordo com suas cores e posições. Lindo!
Já o restante das trilhas militar e templo são... bem... meh... são dificílimas de subir e não oferecem nenhum grande incentivo pra se investir. Resultado: vc acaba ignorando e focando nas construções. E isso me incomodou bastante... Parece q uma parte do jogo tá alí só pra cumprir tabela e não interage bem com o restante.
Eu sei, pareceu desanimador, né? Desculpe... eu tbm fiquei... Queria muito curtir esse jogo, mas não rolou.
Acontece... é sobre isso, e tá tudo bem.
Mas se vc tá curioso e quer saber mais sobre o jogo, temos 2 videos pra vc: Regras completas e Opiniões.
Um agradecimento especial ao Sr. Galápagos por ter nos enviado essa cópia. Muito obrigado!
(E por favor, não nos cancele
)
Caro Torugo
Meus parabéns pela honestidade e franqueza, não apenas por dar a sua opinião sincera, mas também por reconhecer que recebeu o jogo da editora, que é um assunto que já está virando um verdadeiro tabu entre os produtores de conteúdo. Isso como se o fato de um canal de board games se tornasse automaticamente "vendido", só porque recebeu um jogo da editora para fazer a resenha. Definitivamente não é isso que diminui a credibilidade dos canais de board game. Pelo menos na minha opinião, o que faz com que as pessoas comecem a ver certos "Gametubers", com alguma desconfiança é o fato de absolutamente todos os vídeos e resenhas deles só falaram maravilhas dos jogos.
Acompanhando a produção de conteúdo, relativa a board games, fica sempre aquela impressão estranha de que todos os jogos lançados são bons, todos os jogos são lindos, todos o jogos são perfeitos, todos os jogos são obrigatórios em qualquer coleção. Parece que você não está vendo uma resenha, mas sim um verdadeiro comercial do jogo. Vendo resenhas assim, a impressão que dá, é que a produção nacional de board games não tem problema algum, tais como, preços elevados, baixa qualidade, pós-venda ineficaz, ausência de revisão, graves defeitos de tradução e escolhas equivocadas de lançamentos, e todos nós vivêssemos em um eterno comercial de margarina. E todo mundo sabe que isso não condiz com a realidade.
Ao longo dos anos foi sendo construída, dentro do hobby, uma narrativa padrão, para justificar a falta de análise crítica. É aquela velha história, as resenhas de board games só falam bem dos jogos que analisam, porque isso dá muito trabalho e ninguém vai ter todo esse esforço para comentar algo do qual não gostou. Obviamente essa é uma maneira de ver a questão, mas infelizmente, por essa ótica, a própria resenha em si acaba perdendo um pouco a razão de ser. Se um produtor de conteúdo só faz resenhas dos jogos que ele gosta, então, pelo menos em teoria, eu não preciso nem assistir ao vídeo, porque se o canal "X" se deu ao trabalho de fazer um vídeo do jogo "Y", então é porque obrigatoriamente o pessoal do canal gostou do jogo, e só vai falar bem dele.
Por outro lado, quando se vê uma resenha dando uma opinião sincera sobre um jogo, a situação muda completamente. Não posso falar pelos outros, mas no meu caso, quando eu paro para ver uma resenha, tudo o que eu quero é uma opinião limpa, do tipo, gostei por causa disso ou não gostei por causa daquilo. E isso não é tão complicado assim. Não é uma questão de falar mal, só por falar, ou só para dizer "olha gente, nós recebemos o jogo da editora e apesar disso estamos descendo o sarrafo nele, independente do jogo merecer ou não, só para mostrar que não temos rabo preso". Muito pelo contrário, quando as pessoas se deparam com uma resenha honesta e imparcial, o interesse pelo jogo sobe ainda mais, nem que seja para tirar a prova, se o Torugo está certo ou não, naquilo que ele disse.
Além disso, evidentemente, que o fato de você não ter gostado do jogo, não implica que ele seja necessariamente ruim. O jogo em questão apenas não se adequa ao seu gosto pessoal, mas pode cair como uma luva, no gosto pessoal de diversos outros jogadores. Falando especificamente sobre a sua análise, principalmente quanto à questão do tema não ter sido muito trabalhado, tenho certeza que muitas pessoas não identificaram nenhum problema em relação a isso, especialmente quem tem preferência por euros, que parece ser o público alvo do jogo. Isso porque para a rapaziada que curte "empurrar cubinhos" e que tem "mais imaginação e melhor capacidade de visualização", normalmente, a mecânica é muito mais importante e conta muito mais do que o desenvolvimento da temática. Até porque, é perfeitamente possível dizer que na maioria dos jogos euros, o tema é realmente "colado com cuspe", em maior ou menor grau.
Para terminar, eu gostaria de finalizar dizendo que a nossa "mídia especializada" em board games está realmente muito carente de resenhas sinceras e até corajosas, como essa que você fez, e desejo sinceramente que você faça mais resenhas nesse sentido. Ninguém é obrigado a gostar do "Twilight Imperium 4", do "Gloomhaven", do "Agrícola", do "Jornadas na Terra Média", do "Brass", do "Descent: Lendas da Escuridão", do "Terra Mystica" ou do "Mage Knight" (só para citar alguns aparentemente acima do bem e do mal), mas todo mundo deveria ser obrigatoriamente honesto, claro bem fundamentado nas suas opiniões, principalmente se quiser ser levado a sério, e acima de tudo se quiser prosperar nessa árida, e por vezes ingrata, tarefa de produzir conteúdo sobre board games, no nosso país.
Um forte abraço e boas jogatinas.
Iuri Buscácio
P.S. Acredito que você nada deva temer, em relação a cancelamento, por ter reconhecido que recebeu o jogo da editora, justamente porque a sinceridade da sua opinião, é que torna muito pouco provável o cancelamento. Tom Vasel não chegou onde está, sem pisar em alguns calos de vez em quando.