caioarrais::Tenho uma teoria, e ela é baseada nos valores hoje praticados pela indústria automobilística: no papel, os preços estão absurdos, porém o que realmente mudou foi nosso poder de compra.
Exemplo: em 1997 o Honda Civic foi lançado no Brasil. Um carro que, pra época, era muitíssimo moderno comparado aos carros aqui fabricados. Os preços praticados, na época, partiam de R$ 25.950 e iam até R$ 35.700, que quando corrigidos para valores em 2017, valeriam de R$ 86.907 até R$ 119.561 (Fonte). Tá que os preços de 2017 comparados a 2021 são completamente impraticáveis.
Caro Caioarrais
O seu ponto de vista tem certa razão, mas há uma questão fundamental a ser considerada.
Obviamente um modelo de carro é bem diferente do outro, porém eles fazem basicamente a mesma coisa, mesmo tendo diferenças. Os board games por ouro lado são completamente diferentes, ou melhor dizendo, nesse caso a diferença é muito maior do que ocorre entre os modelos de automóvel. Um Clash of Cultures, custa R$ 1.000,00, e um Descent: Lendas da Escuridão, algo em torno de R$ 1.300,00. A grande questão é que não dá para substituir um pelo outro, porque são jogos muito diferentes. Não dá para achar o Descent Lendas da Escuridão caro demais e trocar pelo Clash of Cultures, porque evidentemente não será a mesma coisa. Só que na troca de um sedan, por um carro popular, não será a mesma coisa, mas os dois produtos continuarão cumprindo a mesma função básica, que é transportar uma pessoa de um lugar ao outro.
Claro que alguns jogos são suficientemente próximos, a ponto dessa substituição ser viável como, por exemplo, o Barenpark, que é mais barato que o New York Zoo, e mais barato ainda do que o Ilha dos Gatos, mas essa é a exceção e não a regra. Com isso o que as editoras têm é basicamente um monopólio de cada jogo, porque só aquela editora produz o jogo que aquela pessoa gosta. Se alguém curte o Ticket to Ride, não tem muito jeito a não ser se submeter ao preço da Galápagos, porque não existe outro jogo de outra editora, que seja suficientemente próximo e mais barato, a ponto da substituição ser possível. É claro que alguém pode trocar um jogo, por outro, porque não teve dinheiro para comprar o primeiro, e pode ser até que eles tenham algo em comum, como a mecânica principal, mas essa não é uma troca entre semelhantes. Uma pessoa pode muito bem não conseguir comprar nem o Stone Age, nem o Lords of Waterdeep, e substituí-los pelo Invasores do Mar do Norte, que é mais recente e mais acessível, mas todos os três, apesar de baseados em alocação de trabalhadores, ainda assim são jogos totalmente diferentes.
Esse é um dos motivos das editoras poderem cobrar o que quiserem pelos jogos, pois simplesmente não existem alternativas de substituição, conforme descrito acima. Com isso, normalmente a escolha acaba sendo, pagar o preço que a editora quiser ou ir jogar outra coisa. Recentemente a Devir relançou o Stone Age, por R% 500,00, não porque custasse isso, mas porque esse era o preço que ele era vendido no mercado de usados (mais ou menos R$ 600,00), mas que estava absurdamente majorado, por conta da escassez, e do grande interesse de toda uma legião de recém chegados ao hobby, porque geralmente esse jogo é apontado como um dos melhores jogos de entrada, e realmente é. Pouca oferta e muita procura e "voilà", um jogo antigo que não tem absolutamente nenhuma motivo para custar tanto, é relançado a R$ 500,00. Como não existe um "Stone Age alternativo", quem tem dinheiro, e quer muito o jogo, simplesmente se submete a esse preço altíssimo.
Um forte abraço e boas jogatinas.
Iuri Buscácio