Bom, como postagem inaugural da 1 Player Guild Brasil, eu decidi falar de porque jogar solo. Não cheguei a fazer uma pesquisa profunda ao longo da Ludopedia para saber se há um post legal a este respeito, mas acho legal colocar esse assunto em debate, pois cada dia mais o jogo solo cresce. As grandes editoras reconhecem a importância do modo solo para jogos diversos e, dessa forma, implementam mecânicas e os desenham para tornar essa experiência possível. Vejam este artigo do Jamey Stegmeier.
Quando a função dos canais foi inaugurada na Ludopedia, logo me veio a idéia de criar a 1 Player Guild Brasil. Esse é um dos principais grupos do BGG hoje, muito ativo e interessante para quem gosta de jogos solo. Entrei em contato com o Albert Hernandez, o administrador da guilda no BGG e ele foi muito legal, autorizando não apenas o uso do nome, mas também do conteúdo.
Bom, eu comecei no mundo dos jogos de tabuleiro como muitos de nós: pelos livros-jogo, aqueles do Steve Jackson e Ian Livingstone, pela antiga série Enrola e Desenrola, da Ediouro. Daí veio o RPG. Foram alguns anos de dedicação ao hobby, passando por vários sistemas, mas a vida aconteceu, os amigos foram espalhados por seus casamentos e profissões, e o hobby acabou ficando um pouco de lado, mas jamais esquecido. Com o advento do Roll20, voltamos a nos encontrar semanalmente online para jogar e, conversa vai, conversa vem, um de nós, já enredado pelo mundo dos jogos de tabuleiro modernos, começou a plantar a sementinha do mal na cabeça dos demais e, daí por diante, foi um caminho de danação completa. Não entrarei nos detalhes, pois todos já estivemos lá.
Mas eu, felizmente, sempre tive uma abordagem um tanto pragmática da construção da coleção: prefiro jogos com bons modos solo. Eu nem sempre tenho grupo para jogar, de modo que não quero deixar meus queridos joguinhos parados na estante, quero dar-lhes o uso devido! E quantas vezes eu não ouvi os dizeres: "Jogar sozinho? Vai jogar videogame!", "Vai ler um livro!", "Vai ver um filme!". Tudo isso já ouvi, mas, o jogo solo sempre me atraiu. Desde a época dos livros-jogo isso sempre me fascinou.
Hoje em dia dedico algumas horas da minha semana a me sentar de frente à mesa, com um tabuleiro, cartas e peças, para entrar em um mundo só meu, livre do estresse do meio que me cerca, das preocupações cotidianas e tudo mais. Ali eu administro meus recursos, ouso em batalhas e mato zumbis e criaturas de outros mundos. Mas o jogo solo é mais do que isso.
Aqui compilei alguns dos argumentos para nossa eterna pergunta: por que jogar solo?
1) Não são todos os jogadores que tem a sorte de ter um grupo de jogo regular e dedicado o suficiente. Isto, no entanto, não pode ser desculpa para não jogar.
2) Algumas pessoas (como eu) trabalham em contato direto com outras o dia todo. O jogo solo é uma oportunidade de introspecção e quietude. Ademais, há pouca distração do real objetivo, jogar, com questões sobre regras, brincadeiras com o telefone celular, comer e etc.
3) O cérebro é como um músculo que precisa ser exercitado. Isso é saudável também! O bom jogo solo, para mim, é como uma ginástica intelectual.
4) Jogando solo, você pode ir no seu próprio ritmo. Queime toda sua energia desenhando estratégias mirabolantes sem que isso seja chato para os demais. Para aqueles que sofrem de “analysis paralysis”, o jogo solo pode ser uma boa alternativa para você não se tornar o chato do grupo.
5) Sabe aquele jogo que você adora, mas que o seu grupo não curte? Bote ele na mesa para o jogo solo!!! Isso é particularmente importante por dois motivos. Se você é um gamer em um grupo não gamer, o seu grupo raramente vai ter interesse por jogos mais pesados e estratégicos. Para não deixar um jogo caro parado na estante, tente o modo solo!
6) Mas por que não jogar um videogame? Ou assistir à TV? Ou ler um bom livro? Muitos de nós trabalham horas a fio em frente à tela do computador. Na hora de relaxar isso é o que menos a gente precisa. TVs e livros são atividades muito gostosas, mas bem mais passivas do que um jogo, onde você tem a sensação táctil, a montagem do setup e tudo mais que o jogo envolve. Aproveite para pesquisar um pouco sobre o tema do jogo e a história que ele envolve, isso dará uma outra dimensão a qualquer jogo que você levar para a mesa.
7) Jogar solo é uma ótima oportunidade para aprender regras de jogos multiplayer, assim você pode aprender e levar mastigado um jogo mais difícil para o seu grupo de jogo.
8) Para jogos narrativos, o jogo solo permite uma imersão sem par. Há oportunidade para mergulhar-se na história e desenvolvê-la, bem como ao personagem. Novamente, como disse acima, pesquise um pouco, envolva-se no tema, pense uma trilha sonora, tire mais do jogo do que ele pode lhe oferecer com essas técnicas. Na ausência de um oponente, o tema do jogo permite a criação de um clima que interfere com o processo decisório ao longo do jogo. Diferentemente do RPG, onde o mestre e os jogadores interagem para construir uma história, no jogo de tabuleiro a ambientação é criada pelo próprio jogo e nossa interação com ele. Como é gratificante um rolamento de dados bem sucedido naquele momento crítico, não?! Como é legal quando os nossos COGs fuzilam e destroem todos os monstros do Gears of War graças a um plano bem traçado?!
Vamos lá, deem suas opiniões. E lembrem-se: TOGETHER WE GAME ALONE!