brunosemi::viniciusjf::Pode até ser que não inviabilize, mas o povo do hemisfério Norte também percebe o aumento dos jogos e se queixa bastante.
Até porque, apesar do poder aquisitivo infinitamente superior ao nosso, eles dão mais valor ao vil metal (ao contrário do brazuca).
Caro Brunosemi
Você não poderia estar mais correto, nem ter mais razão, com isso que você escreveu.
Nós brasileiros pagamos pelos board games preços no padrão europeu, e recebemos alguns jogos com erros grosseiros e com qualidade "padrão 3º mundo", e ainda ouvimos um grupo enorme de pessoas dizendo “ah, esse erro não é nada, eu colo um papel e escrevo por cima” (alguns fizeram isso com o Everdell), “ah, esses erros não são nada, uma gambiarra resolve”, “ah os erros não são tão graves, não deem ouvidos aos haters”, ‘”ah, isso é só um errinho na caixa (eNpansão) e não afeta em nada a jogabilidade”, e por aí vai. Ouvindo esses comentários, parece até que os jogos custam uma ninharia, e não quase um salário mínimo.
Assim sendo, board game nacional é um processo que está em um looping infinito, se repetindo eternamente. A história é sempre a mesma: a Galápagos lança um board game, todo mundo compra na pré-venda, por um preço caríssimo, para depois receber em casa, um jogo com a produção toda cagada e que não teve nem sinal de uma revisão decente. Fica todo mundo revoltado, aí vem aqui escrever tópico no Ludopedia, descendo o sarrafo na editora. Mas bastou a Galápagos anunciar um novo lançamento, que todo mundo parece que esqueceu o que acabou de acontecer com o jogo anterior, começa salivar nesse novo board game, e vai correndo comprar na pré-venda, para dar início a um novo ciclo.
E agora, nesse aspecto da valorização do próprio dinheiro, não são apenas os norte-americanos e europeus, que nos superam não. Até os sul-coreanos estão dando um baile na gente. Na Coréia do Sul a editora local lançou o Tainted Grail, com preço lá em cima e qualidade lá em baixo, cheio de erros e problemas, no melhor estilo Galápagos. Quando os boardgamers sul-coreanos receberam suas cópias, primeiro eles tentaram resolver na boa com a editora, mas como a empresa cagou e andou (igualzinho a outra editora, vocês sabem quem), os sul-coreanos partiram para a ação, e apenas 150 deles foram ao BGG, dar nota “1“ no jogo, e explicaram que a experiência que eles tiveram com a versão sul-coreana do jogo foi a pior possível. Pelo que dizem os comentários e tópicos a respeito no BGG foram apenas 150 camaradas, mas que fizeram o maior “furdunço”, num curtíssimo espeaço de tempo. Isso despertou a curiosidade das pessoas no BGG, porque o Tainted Grail fez muito sucesso na Europa, e quando as pessoas souberam do problema na Coreia do Sul, houve a maior comoção. Isso chamou a atenção da Awaken Realms, a dona do jogo, que quis saber o que estava acontecendo, com o seu produto. Quando ela se inteirou do ocorrido, na mesma hora chamou a editora sul-coreana “na chincha”, e interveio, no sentido de garantir que a editora local que fez a cagada é quem iria limpar, e entubando todo o prejuízo. Recentemente, a Galápagos soltou um comunicado dizendo que vai consertar o Nemesis, mas isso demorou meses, porque no início, apesar de uma infinidade de pessoas apontarem os erros, e entrarem em contato diretamente com a empresa, elas se recusava sequer a reconhecer que o jogo tinha problemas. Eu não duvido nada que a Galápagos só mudou ideia agora, depois de meses, porque levou uma chamada da Awaken Realms, que também é dona do Nemesis. E ainda vem gente escrever aqui que o jogo é ótimo e dá para jogar tranquilamente.
Do mesmo modo, o Everdell está cheio de erros e a Galápagos também já disse que vai repor os componentes errados. Mas depois de tantos jogos com muito problema e pouca solução, reposição com a Galápagos, sinceramente eu só acredito vendo. Agora, dá um pulo lá no tópico do “Descent: Lendas da Escuridão”, que também vai custar uma fábula, e veja quantas pessoas não estão loucas para abrir logo a pré-venda, para dar ainda mais dinheiro, e apoio para a Galápagos.
A comunidade boardgamer brasileira parece que não aprende nunca. .
Por isso, enquanto os jogadores brasileiros, como um todo, não aprenderem a se valorizar e a valorizarem o seu dinheiro, deixando de comprar jogos de editoras que não têm o menor compromisso, nem com a qualidade de seus produtos, nem com a sua clientela, nós continuaremos a ver jogos sendo lançados em sequencia e um mais cagado que o outro.
Um forte abraço e boas jogatinas.
Iuri Buscácio
P.S. Se a tributação dos jogos importados não fosse tão escorchante e se as pessoas no geral, sacassem um pouquinho mais de inglês, dificilmente sobraria alguma editora nacional de board games aberta.