Eu só compraria um legacy se fosse de um jogo que eu goste muito muito mesmo. Mas mesmo assumindo que eu até compraria um jogo com esse sistema, não muda de forma alguma minha opinião, de que o sistema legacy é totalmente desnecessário! Todo jogo pode ser feito de forma com que possa ser jogada uma campanha sem a necessidade de perder ou marcar permanentemente os componentes do jogo. Mas caso o jogo seja feito dessa forma, você tira duas coisas do legacy: lucro para a empresa e uma experiência única.
O lucro é muito maior nos legacy por dois motivos: primeiro pelo óbvio que não há o troca-troca de jogos entre boardgamers, quem quer jogar o legacy tem que comprar (ou algum conhecido terá), você não conseguirá de segunda (terceira, quarta, décima) mão. Segundo porque o preço dele pode ser inflacionado pela ideia do "experiência única" e o jogo ser vendido com maior margem do que seria caso não fosse um legacy (confirmo isso pelo valor do Pandemic Legacy lá fora).
A experiência única só será real caso os jogadores destruam e marquem permanentemente os componentes. Caso contrário, o tabuleiro não ficará marcado, você terá todos os componentes do jogo, poderá jogá-lo novamente assim que terminar a primeira vez que jogou a campanha e terá uma experiência parecida com a que já teve; não sendo assim uma "experiência única", fica uma experiência comum que qualquer boardgame oferece, de poder começar do zero e jogar novamente. E isso entendo que é sim algo de interessante e bem diferente. Mas não acho que vale a pena pagar esse preço se não for um jogo que você goste demais e mesmo o jogo que eu goste demais preferiria que fosse feito de uma forma que depois de 2, 3, 5 anos eu pudesse iniciar uma nova campanha incrível com ele. Quem acha que vale a pena, que compre. Minha dica é: se o jogo legacy que você quer comprar tem em seu grupo pessoas que gostem muito do jogo, será uma boa experiência. Caso contrário, não acho que valha a pena, mesmo que você goste muito. Pois serão várias sessões desse mesmo jogo... Será uma campanha onde o que fazem modificam o futuro do jogo e trazem alteraçõezinhas ao jogo, mas é o mesmo jogo o tempo todo! E dou essa dica baseado na campanha do Tom Vasel do Pandemic Legacy. Como eu não curto muito Pandemic, não ia comprar o legacy e talvez ninguém que eu conheça vá, então eu assisti às partidas (não tive paciência nem tempo para ver todas, mas vi algumas do começo, meio e fim). Pude perceber que será uma experiência incrível para quem ama Pandemic, porém, cansativa para quem não curte tanto assim. É muito da mesma coisa, jogadores que não adoram o jogo, mesmo com as alterações, ficarão loucos para estarem jogando outra coisa. E a experiência será melhor ou pior, dependendo do resultado final da campanha (como em todo boardgame), mas como esse só será jogado uma vez, esse sentimento é potencializado. Perder o jogo será muito frustrante, e pior ainda se for cedo. Vencer sem passar um perrenguezinho, também não te deixará plenamente satisfeito, então não terá tido uma experiência única tão legal assim.
Eu torço para que o sistema legacy não vire moda, fique restrito a poucos títulos e de jogos que tenham a versão comum. Jogos somente com essa versão poderão trazer bastante transtornos. Já vimos o quanto de dúvidas sobre regras aparecem por aqui e no BGG, imagine você comprar um jogo que só será jogado uma vez e ainda jogar errado!