Opinião originalmente publicada no blog Peça Empilha.
“Aqui estão agora os volantes mais birutas do mundo para realizar mais uma Corrida Maluca…” — Quem um “pouco” mais velho não se lembra dessa frase icônica da abertura do desenho da Corrida Maluca? Corrida Maluca é um desses desenhos animados nostálgicos, afinal fez parte da infância de muita gente. O desenho protagonizado pelo incompetente vilão Dick Vigarista e seu “fiel” camarada Muttley, o cachorro da risada mais memorável da história dos desenhos animados, fez muita criança vibrar com as alegorias de cada corrida maluca ao decorrer dos seus mais de 30 episódios exibidos em TV aberta na época.
Então, tiveram a adorável ideia de reproduzir a temática do desenho animado em um jogo de tabuleiro. O resultado… fica aí que vou te contando aos poucos. Relembrar é viver! Antes de qualquer coisa veja o vídeo de abertura do desenho animado:
Quem assumiu a responsabilidade de trazer um jogo da Corrida Maluca foi a CMON, empresa consagrada por produzir as miniaturas de jogos de tabuleiro mais impecáveis já vistas. Como estamos falando de um jogo idealizado e produzido lá fora, a distribuição aqui no Brasil é feita pela Galápagos Jogos. O jogo conta com uma produção muito bem feita, obviamente com miniaturas impecáveis, pecando apenas em alguns componentes de material frágil.
Como é o jogo?… De uma maneira bem resumida e suficiente para você compreender a sacada do mesmo, ele é mais ou menos como seria um Mario Kart de mesa.
No conceito desse jogo, você monta as pistas a partir de cartas de terreno, aloca os personagens conhecidos do desenho nas laterais dos terrenos, e senta o pé no acelerador. Mas como funciona essa movimentação?… basicamente você tem três cartas de terreno aleatórias na sua mão, e é através da utilização delas que seu personagem se movimenta pela pista. O conceito é tão amigável que surpreende, vai por mim… funciona da seguinte forma: para avançar até a próxima peça de terreno utilize qualquer carta de terreno de sua mão, existem quatro tipos de terreno, além de alguns especiais, geralmente você tem três cartas na mão, logo a primeira a ser jogada vira um coringa, e a partir da segunda carta jogada, as regras do jogo determinam que é necessário jogar a carta que representa o terreno em que seu personagem estar para que ele consiga avançar. Pronto! Você já tá jogando Corrida Maluca.
O jogo reserva mais coisas, e são esses detalhes que fazem toda a diferença. Cada personagem possui habilidades únicas capazes de chacoalhar o ritmo da corrida a seu favor. Partindo do princípio que a corrida é maluca, são os corredores que a tornam desenfreada, então cada um deles sabem como lidar com as adversidades daquele jeitinho especial visto no desenho animado. Além do mais, tem dupla mais insana que Dick e Muttley? Os dois não sabem a hora de parar, e no jogo não é diferente, ambos dentro da Máquina do Mal ficam oscilando do primeiro ao último lugar ao decorrer da partida toda. Dick Vigarista atrapalha a vida dos corredores sempre que fica em primeiro lugar, deixando uma armadilha, obrigando quem passar pelo terreno “contaminado” a ativá-la.
O que eu gosto muito em Corrida Maluca: Board Game é a sua capacidade de brincar com o senso de urgência pelo primeiro lugar. Você fica muito contaminado pela ideia de liderança, e quando se dar conta, já tá fazendo de tudo para conquistá-la. Todo mundo vibra com as armadilhas deixada pelo Dick Vigarista, é o famoso trágico cômico, esse efeito roleta russa torna a experiência mais apimentada. E como dizia Dominic Toretto: “Correr, ou morrer”.
É perceptível o quão temático é o jogo, e sim, isso o torna mais divertido de jogar. Existe um fator nostálgico muito presente em Corrida Maluca: Board Game, mas não se preocupe, mecanicamente, ainda que simples, é um jogo de tabuleiro acertado. Você joga ele com entusiasmo à flor da pele, e tem a percepção do fator mais competitivo do jogo quando briga pela primeira colocação com seus amigos de mesa. Obviamente o jogo não entrega um nível estratégico refinado, é um jogo de tabuleiro do tipo: “Bora jogar? Bora!”, e em questão de minutos tá todo mundo interagindo e se divertindo, sem qualquer compromisso. Particularmente tive momentos muito divertidos com Corrida Maluca: Board Game, e todos que convidei para jogar se divertiram um bocado, inclusive alguns gritavam escandalosamente indignados pelas artimanhas do Dick Vigarista. “Dick… Dick… Dick… seu vigarista!” — Quem caia em suas armadilhas pensava…