Para os jogadores com mais de 1700 anos, ou para os entusiastas da cultura nórdica, Valknut pode parecer familiar, já que possui algumas semelhanças com o jogo Hnefatafl, muito popular no norte da Europa até o século VII.
Hnefatafl é um jogo abstrato de estratégia e tática para dois jogadores, no qual um jogador controla o rei e seus defensores, com o objetivo de levar o rei para a borda do tabuleiro; enquanto o outro jogador controla os atacantes, que possuem o dobro do número de peças do oponente, devem capturar o rei. Os movimentos não se limitam à quantidade de casas do tabuleiro quadriculado, mas se dão em movimentos únicos na horizontal ou na vertical. Para eliminar uma peça do oponente, é necessário flanqueá-la com duas de suas peças, ou no caso do rei, com 4 delas.
Apesar de não haver relatos consistentes sobre o jogo, existem algumas menções superficiais em escrituras nórdicas, com algumas variações em relação ao tabuleiro, número de peças e regras, mas sempre seguindo a mesma essência.
Séculos depois, o designer Luís Brueh nos apresenta essa incrível releitura do Hnefatafl, com regras consistentes, novos elementos e um novo visual. Assim como o Xadrez e o Hnefatafl, Valknut é um jogo de estratégia e tática, porém com novos elementos como um toque de sorte, nove facções diferentes, cada uma com uma quantidade diferente de peças e habilidades específicas, e com a opção de jogar de 2 a 4 jogadores.
(Fonte: Produção própria)
Em Valknut, cada jogador escolhe uma das nove facções, que podem ser: Giganta de Gelo, Valquírias, Elfas, Vikings, Vanires, Dragões, Anôes, Draugar ou Goblins. E o objetivo é simples: eliminar todos os rivais do campo de batalha.
(Fonte: Produção própria)
O campo de batalha, diferente dos dois jogos citados anteriormente, não é um tabuleiro, mas sim composto por cartas, que vão sendo colocadas na mesa no decorrer da partida. Na sua vez, o jogador deve escolher uma das 3 cartas ofertadas para compra e adicioná-la ao campo de batalha. Cada carta indica também a quantidade de movimentos que esse jogador poderá realizar nesse turno. Assim como no Hnefatafl, o movimento não é contado pelo número de casas, mas pelos movimentos na horizontal ou vertical.
(Fonte: Produção própria)
Para eliminar guerreiros oponentes, é necessário flanquear o adversário utilizando duas peças suas ou uma peça sua e um obstáculo do campo de batalha, assim como no Hnefatafl. Para adicionar guerreiros em campo, é necessário colocar uma carta que contenha o Valknut, um símbolo do paganismo nórdico que significa “nó dos guerreiros mortos”, representado por três triângulos entrelaçados.
(Fonte: Produção própria)
Caso seus rivais não tenham sido totalmente eliminados do campo, o jogo chega ao fim quando o baralho de cartas acaba, então contam-se os pontos de acordo com o valor dos guerreiros sobreviventes fora da carta inicial.
A arte foi feita pelo próprio Luís Brueh, que deu ao jogo uma aparência amigável. O jogo conta também com a expansão Deuses e Monstros, que aumenta ainda mais a rejogabilidade.
(Fonte: Produção própria)
Foi uma excelente surpresa conhecer esse jogo ano passado. As partidas são rápidas, o que me faz querer jogar várias seguidas, é fácil de explicar e possui um setup simples. Após jogar Valknut, percebi o quanto gosto de jogos táticos com movimento de peças em grade e conflito direto entre jogadores.
Algo que pode frustrar alguns jogadores é que o jogo pode acabar no segundo turno, se você permitir, mas não vejo isso como um problema e sim como uma característica. No Xadrez é possível dar mate em 4 lances, o que não caracteriza uma falha do jogo, mas uma falha na estratégia do jogador.
(Fonte: Produção própria)
Eu gostei muito da nova perspectiva do jogo, já que a estratégia não está apenas em como você movimenta suas peças, mas também em qual carta você escolhe para colocar, onde e como você vai posiciona-la. São escolhas fundamentais para boas jogadas. O fator sorte proporciona uma emoção única a cada partida, por não saber qual carta está por vir, mas não chega a ser algo extremamente decisivo no jogo.
Para dois jogadores ainda existe o modo Ragnarok, em que cada jogador controla 2 exércitos, como se fosse uma partida para 4 jogadores, podendo fazer combos diferenciados com as habilidades de cada uma das facções escolhidas, levando a estratégia a um outro patamar.
Portanto, Valknut é um exemplo de jogo simples que permite diferentes níveis de profundidade. Um excelente jogo para jogadores iniciantes tanto quanto para os mais experientes, desde que goste de jogos táticos, com conflito direto entre jogadores.
Gostou? Siga a gente no Instagram @cadeodado ; )