Johnnycury::

Alguns anos atrás eu comprei uma dessas versões da China, mas passei por esse dilema.

Power Grid, jogo lançado pela Galápagos no Brasil, estava fora de estoque havia anos, e não tinha previsão de reimpressão. Inclusive mandei e-mail pra eles perguntando e eles responderam que não tinha nada previsto.

 

Na época eu não conhecia a Ludopedia, então apelei para o Mercado Livre, que me mostrou vários anúncios de Power Grid versão xingling. 

Eu, que não sou fã de coisa pirata, já comecei a ter urticária, mas no fim das contas me convenci de que era OK comprar produtos falsificados se a opção original não estava mais disponível.

 

Não que seja importante para a história, mas o jogo chegou, era feio de doer, todo borrado, e a caixa ainda veio amassada, então eu pedi pra devolver o jogo e desisti da ideia. Alguns meses/anos depois é anunciada a versão Energizada e eu comprei felizão.

Mas o que eu quero saber é: eu, como iniciante que eu era, errei em comprar da China? Honestamente, eu não me arrependeria se o jogo chegasse com a qualidade boa. Se a editora oficial não me dá condições, eu não vejo nada de errado em resolver do meu jeito.

Notem que eu não estou me referindo ao mercado de usados. Acho que isso já renderia uma outra discussão, mas se não tem nas lojas, não tem usados, por que eu não deveria comprar da China?

Quando você compra Pirata porque não existe nacional ou está esgotado, você percebe que está tornando ainda mais difícil que aquele jogo venha para o Brasil ou seja reimpresso? 

Acho que a diferença do PnP e da cópia pirata é meio óbvia. O PnP é uma cópia autorizada pelo autor (aí entra a questão ética) normalmente dentro de uma estratégia empresarial: seja como parte do processo de desenvolvimento do seu produto, testes mercadológicos ou mesmo estratégia de marketing (questão empresarial). E por óbvio, se o autor autoriza, ele incluiu os efeitos da distribuição PnP entre os riscos que assume. E uma outra questão que é meio óbvia e consta inclusive das idiossincrasias da distribuição dos PnP's: o PnP é para uso doméstico. Não se admite a distribuição com intuito de lucro. Logicamente não é uma coisa fácil de se controlar, mas conforme a legislação de propriedade industrial e de direito autoral, é direito do autor (moral e patrimonial) estabelecer limites para o uso da sua obra. O uso do PnP para lem do que o autor autorizou, também consiste em um ilícito.

Sem querer defender A ou B, mas apenas puxando uma reflexão: Talvez se as empresas apresentassem suas planilhas de custo e lucro (literal ou de algum modo), e a comunidade visse que de fato aquele valor é justo dificilmente existiria mercado pra consumir pirataria. 

Em resumo: Preços justos fazem com que o mercado consuma tais artigos. 

Afinal, o que seria da geração 2000-2010, sem DVDs piratas? Ou antes com os CDs? Quando esses artigos custavam alguma boa grana.

Cara, sou contra a pirataria. Problema que, o próprio site onde esse cara anuncia seus produtos piratas, nunca consegue derrubar os anúncios pois o.vagabundo fica o dia inteiro criando novos anúncios. Sou contra tb o Tabletop Simulator - Mods - Oficina, maioria dos jogos ali não tem autorização legal, vários amigos se recusam a comprar algum jogo bg com o argumento: " não vou comprar não, jogo de graça no tabletop Simulator ". (Jaja chega algum viciado e vai defender a plataforma).Vc se esforça pra achar um bg OOP, paga caro e de repente escuta: : nossa cara, como vc conseguir ter coragem e pagar tudo isso ? eu jogo de graça no TTS..kkkk ..isso de certa forma acabou e continua acabando com aquele momento mágico dos bgs em reunir a turma, tocar nas peças, se interagir e passar bons momentos ao que uma mesa de bg oferece...se for pra jogar algo virtual na tela, fico nos consoles então...

storum::Cara, sou contra a pirataria. Problema que, o próprio site onde esse cara anuncia seus produtos piratas, nunca consegue derrubar os anúncios pois o.vagabundo fica o dia inteiro criando novos anúncios. Sou contra tb o Tabletop Simulator - Mods - Oficina, maioria dos jogos ali não tem autorização legal, vários amigos se recusam a comprar algum jogo bg com o argumento: " não vou comprar não, jogo de graça no tabletop Simulator ". (Jaja chega algum viciado e vai defender a plataforma).Vc se esforça pra achar um bg OOP, paga caro e de repente escuta: : nossa cara, como vc conseguir ter coragem e pagar tudo isso ? eu jogo de graça no TTS..kkkk ..isso de certa forma acabou e continua acabando com aquele momento mágico dos bgs em reunir a turma, tocar nas peças, se interagir e passar bons momentos ao que uma mesa de bg oferece...se for pra jogar algo virtual na tela, fico nos consoles então...

Eu sou o viciado que vai defender o TTS.
O TTS é que nem torrent. Ele é uma plataforma. O que você faz lá dentro é que pode ser o problema. O que vc tá falando é que todo mundo não poderia usar facas, pois algumas pessoas as usaram, infelizmente, para assassinar alguém em algum lugar do mundo. Ou que ninguém poderia beber água, pois ela também já foi usada de forma incorreta para afogar alguém. A plataforma é legal. Isso é indiscutível.
Quanto a usar o TTS para jogar jogos que não tem licença, eu também sou a favor. Vários amigos meus compraram o jogo Kingdom Death Monster justamente porque puderam testá-lo antes no TTS. Estamos falando de um jogo de 400 dólares. Vc realmente acha que alguém em sã consciência iria gastar 400 dólares "pra ver qualéqueé" sem testar só pq é proibido. Note que o autor do jogo não disponibiliza nem o manual de regras online então nem o argumento "leia o manual e veja se é para você" pode ser utilizado. E mesmo tendo de graça as pessoas foram lá e compraram. No total do que eu conheço são 2000 dólares a mais pro dono do jogo simplesmente porque o TTS existe.
O problema de abordar um assunto como esse é que a maior parte das pessoas já vem com as pedras na mão falando que é crime, que é errado, que é imoral, que é isso ou aquilo, mas poucas baixam a agressividade para conversar realmente quais são as causas da pirataria e o que pode ser feito de verdade para evitá-la e não para puni-la. Lembre-se do exemplo da Netflix. Ela não puniu ninguém! Mas sozinha foi uma gigante responsável pela redução na pirataria no mundo inteiro.

Muita gente está se apegando na lei pra definir se pirataria/pnp é bom ou não. Como se "lei" fosse sinônimo de algo divino, perfeito, intocável. Nem preciso entrar nos exemplos de coisas que já foram legais (ou ainda são), mas são totalmente inaceitáveis. 

Dito isso, afirmo que sou contra a pirataria. 
Um designer de jogos passa meses/anos trabalhando em sua criação. Abdica de várias coisas, deixa de ser produtivo em outros segmentos para se dedicar a seu jogo. A produtora/editora compra a ideia, injeta dinheiro, assume um risco.
São essas as pessoas que devem receber a retribuição financeira. Esse incentivo é necessário para que o designer continue fazendo jogos e novos designers surjam. É necessário para que o risco assumido pela editora dê resultado, e ela escolha aceitar novamente um risco para lançar um próximo jogo.
Quer dizer, não dá pra achar que boardgame é algo que encontramos na natureza e disponibilizamos ao público; tem muito trabalho envolvido, e se não for recompensado, ninguém vai querer fazer. 

A pirataria pode até movimentar alguns segmentos da economia, mas não remunera as pessoas do início da cadeia, responsáveis pela própria existência de jogos.
E eu até entendo o papel da pirataria na democratização dos jogos, mas é uma prática que joga contra o futuro do hobby. Sem falar que de jogo barato, pra várias faixas de poder aquisitivo, o mercado tá cheio. 

"Ah, mas e o Gloomhaven de R$ 1.5k?" 
Olha, é até bonito querer que todo mundo tenha acesso a tudo, mas isso é ignorar a importância da existência de produtos Premium. Mas aí já entra numa conversa que envolve desde modelos de mercado até a própria ambição do ser humano...

@laucion

Também sou contra atacar o meio como um todo.

A ideia do TTS/topia como mídia para reconhecimento da obra é muito boa. Boto fé.

A comparação do TTS com o torrent também é muito boa: existe o uso do meio para divulgação de conteúdo, mesmo que este viole/ignore direitos autorais.

Usar a Netflix como justificativa eu já acho ruim. A Netflix respeita os direitos autorais e só coloca material com o consentimento (e retorno) para os detentores. Pelo menos, até onde sei.

Se o TTS/Topia apertarem o cerco, e de fato virarem plataforma para disponibilização dos jogos, mas respeitando os direito autorais, aumentando o consumo e/ou revertendo divulgação para os autores, daí sim seria o mundo ideal e virariam uma Netflix dos boards. Inclusive bancando autores independentes ou famosos a lançarem primeiro na plataforma. Estamos longe disso, né? Mas não custa torcer para que logo tenhamos algo parecido e todos tenham acesso a uma versão legal, e mais barata para experimentar os jogos e decidir se compra ou não.


Enfim, é a discussão mais importante dos últimos tempos. Creio que o isolamento social levantou muita coisa. Quem tinha nojinho por jogar online teve que dar o braço a torcer e agora todo o meio vai ter que conversar muito e se adaptar. Tanto que a Asmodee comprou o BGA e não duvido logo papa o Tabletopia e TTS de sobremesa.

laucion::Vc realmente acha que alguém em sã consciência iria gastar 400 dólares "pra ver qualéqueé" sem testar só pq é proibido.

Ironicamente, sim. O público-alvo deste jogo são pessoas com dinheiro de sobra, que querem um boardgame de luxo. Pessoas que podem esbanjar dinheiro pra ver qualéqueé. Quem não tem dinheiro de sobra, costuma seguir o raciocínio abaixo:

laucion::Note que o autor do jogo não disponibiliza nem o manual de regras online

Outro indício que KDM não é feito para o populacho. O criador nem faz questão de popularizar sua criação, força o comprador a gastar 400 dólares na base da fé. Daí a minha estranheza em você defender a disponibilidade de KDM no TTS, tudo indica que o criador não quer isso. Se ele quisesse que KDM fosse popular, tornaria disponível uma versão pdf do manual, faria uma versão bem mais barata de todo o jogo, com miniaturas de papelão, etc...

rodolphoal::E isso, é pirataria? KKK
https://www.paisefilhos.ind.br/produto/p-0989-Pulo-do-gato

Pais e filhos é campeã nessas versões não autorizadas né. Lembro que conheci o "jogo de guerra" bem antes do war e sem falar no Risk.

Puruca::

laucion::

Morato::
Outros negócios encontraram formas de lutar contra a pirataria através de serviços com preços honesto e acessíveis, Gamepass, Netflix, Spotify, Prime Video, etc.
Particularmente, eu acho que a linha pocket da Paper Games e os jogos de carteira da Funbox podem ser possíveis primeiros passos. Mas é ainda é pouco, outras editoras também precisam fazer esse tipo de material. Talvez a entrada da Estrela também colabore.

Pra mim vc matou a pau aqui. 1000 reais em um jogo é surreal. Tão surreal quanto 20 anos atrás era pagar 30 reais pra "alugar um filme na Sky" por 2 dias. Hoje, netflix cobra esses 30 reais por mês e te disponibiliza "infinitos" filmes o tempo todo. Pra quem fala "aluga" o jogo, tem cidade que não aluga jogos. A solução não é simples. Eu não vejo saída.

Acho que quando você diz " eu não vejo saída ", está esquecendo que não comprar o jogo é também uma opção. 
Se uma pessoa não pode pagar o valor do jogo, ela também pode simplesmente não comprar.  
Jogo não é item básico de sobrevivência.
Eu queria comprar um carro melhor, mas os carros novos custam caro. A solução é simples, continuo com o meu velho. Se algum dia eu puder comprar um carro melhor eu compro, se não continuo com o que posso ter.

É incrível que muitos ignorem que não comprar também é uma opção.