
Oi pessoal, meu nome é Diego Emanoel e eu estou criando o jogo Jornada Z. Já havia postado alguma coisa sobre ele aqui no fórum, mas foi pouco. Eu vou tentar participar mais dessa comunidade. Neste post vou comentar um pouco da minha experiência criando o meu primeiro jogo, desde a ideia inicial, o protótipo até um produto que dá de chamar de final. Atualmente o jogo está praticamente pronto, mas ainda estou realizando testes para ver se as últimas mudanças realizadas foram corretas. Não espero que meu primeiro jogo seja uma obra prima nem nada do gênero e toda crítica e opinião sobre tudo que tenha a dizer será muito bem vinda.
Quem não se importar com o conteúdo ser em inglês já tenho alguns posts feitos na BGG e há alguma coisa disponível no meu blog, os links estão abaixo:
https://www.thegamecrafter.com/games/journey-z1
https://radiated5.wordpress.com/2020/06/29/journey-z/
https://boardgamegeek.com/boardgame/313521/journey-z
O início
Desde criança eu gostava de jogar um monte de coisas, mesmo bem pequeno já jogava um pouco de RPG e Hero Quest, o primeiro jogo que fugia da trindade dos jogos de infância (Banco Imobiliário, WAR e Jogo da Vida). Não demorou muito também para eu começar a jogar Magic, se não me engano comecei na 4ª edição. Até pouco tempo essas eram minhas referências de jogos que fugiam ao tradicional, acho que foi só por volta de 2010 que joguei pela primeira vez Agrícola, Dominion e algum dos jogos da série Arkhan. Essa data provavelmente está errada, mas foi por essa época.
Eu sempre gostei de criar jogos, talvez por querer jogar coisas diferentes e não ter acesso, mas nunca levei isso a sério, afinal já jogava Magic ele meio que preenchia esse espaço. Não sei dizer ao certo quando comecei a considerar criar meu próprio jogo de cartas. Só lembro que já estava na faculdade, então acredito que foi por volta de 2007 ou 2008.
Talvez seja pertinente falar um pouco sobre mim. Sempre gostei de desenhar e escrever coisas, mas nunca pensei em uma carreira que usassem essas habilidades, era algo que fazia por prazer mesmo. Outra coisa é que desde muito novo eu sempre gostei muito de filmes de zumbis. Fazia até coleção de DVDs do gênero. Então quando realmente coloquei na cabeça que queria criar um jogo não havia dúvida, seria algo que juntasse as coisas que mais gostava na época, Magic e Zumbis.

Desenho de 2006.
Assim começou o projeto que hoje virou o Jornada Z, naquela época era somente Zumbis o jogo de cartas. A ideia inicial seria parecido com Magic, dois jogadores um contra o outro, um deles controlando os humanos e outro controlando os zumbis. Não sei como é o processo de criação das outras pessoas, mas eu comecei com as regras, colocando no papel tudo que eu imaginava de como o jogo deveria funcionar e aos poucos fui modificante até chegar em algo que dava para elaborar mais e testar.
Infelizmente esse formato do jogo não foi muito longe. Logo ficou claro que o balanceamento e as variações dos decks seriam um grande problema. Não demorou muito para eu perceber que eu não seria capaz de fazer algo como Magic e, mesmo que conseguisse, ele não teria as coisas que eu tanto gosto. Então essa ideia foi descartada em favor de um jogo para mais jogadores. Como informei anteriormente foi mais ou menos nessa época que joguei um jogo da série Arkhan, não me lembro exatamente qual, mas o tabuleiro era enorme. Os monstros no jogo se moviam sozinhos, os jogadores não tinham controle sobre eles, e isso me fez pensar que seria legal fazer a mesma coisa com os zumbis, só que, obviamente, do meu jeito.
A estrutura básica que criei nesta primeira regra permanece até hoje, mas muito foi descartado. O jogo teria de três até seis jogadores tentando sobreviver aos zumbis e outros sobreviventes. Desde o início, o foco estava em criar algo competitivo, pois quando você vê um filme de zumbi, geralmente o pior inimigo dos sobreviventes são os outros sobreviventes. Naquela época havia eu conhecia pouquíssimos jogos de zumbis, e mesmo hoje não conheço nenhum que seja parecido com o meu nessa característica. O Dead of Winter que joguei somente uma vez possui uma mecânica de traídor, mas não é bem a mesma coisa.
Então, como o jogo funcionava na época, cada jogador escolhia um sobrevivente. Esses personagens possuem características de fuga e combate além de algum tipo de habilidade, isso continua mais ou menos a mesma coisa até hoje. Mas nessa ideia inicial é que eles não teriam pontos de vida, mas capacidade de carga. Cada jogador começaria com um número diferente de cartas em sua mão e as cartas que você tem disponíveis seriam seus pontos de vida. Essa mecânica representaria os recursos que o sobrevivente possui para continuar vivo, caso um jogador ficasse sem recursos ele morreria. Na época, parecia uma ótima ideia, mas nos testes vi que seria a primeira coisa que deveria mudar. Mas vamos continuar com o funcionamento do jogo.
Na preparação cada jogador comprava suas cartas igual à sua capacidade de carga e colocava seu equipamento na mesa, se tivesse algum. Após uma rodada sem a presença dos zumbis, ele voltaria para o primeiro jogador que compraria uma carta de sobrevivente e, em seguida, uma carta de zumbi. As cartas de zumbi poderiam ter mortos-vivos, que atacam os jogadores no final do turno, ou efeitos que são usados imediatamente. Naquela época, algumas cartas de zumbi tinham efeitos que afetavam qualquer jogador e, nesses casos, um dado era rolado para ver qual jogador seria afetado. Em combate, os zumbis também jogavam um dado, e essas jogadas seriam realizadas pelo jogador do turno anterior.

Primeiro protótipo do jogo completo.
Os jogadores só poderiam enfrentar os zumbis se tivessem uma arma equipada, caso contrário, eles só poderiam escapar. As fugas em geral são bem mais fáceis, pois os zumbis são lentos, mas nessa versão do jogo eles tinham que escapar de todos os que estavam atacando. Esse foi outro ponto que vi que precisava ser mudado. Nessa versão havia muitos, mas muitos lances de dados e não dava de continuar assim. Como eu disse antes, os sobreviventes não tinham pontos de vida, então quando o jogador sofria dano ele descartava uma carta, às vezes duas se o zumbi fosse muito forte. Mas quando um zumbi é morto uma carta é comprada e ele recebe um ponto de zumbi (mais tarde falarei mais sobre pontos de zumbi). Nas fugas, além de ter que descartar uma carta, o zumbi também ficava perseguindo aquele jogador até que ele conseguisse matar o morto-vivo.
O que acabou acontecendo no jogo é que os zumbis sempre acabavam focando um único jogador, pois ao descartar as cartas ele ficava com menos recursos para sobreviver e retornar a partida, o que criava um ciclo de desastre para este sobrevivente, impossibilitando-o de fazer qualquer coisa na partida.
Os primeiros testes dessa versão foram um choque de realidade. Muita coisa ficou clara demais que não funcionariam de jeito algum. No entanto, muita coisa parecia funcionar, eu só precisava trabalhar mais em cima. E foi isso que me motivou ainda mais para continuar desenvolvendo o Jornada Z. Por enquanto é isso. Já ficou meio longo, mas logo irei continuar atualizando esse post com informações do jogo até os testeis atuais.
Muito obrigado por sua atenção!