Sempre gostei de jogar/mestrar RPG de uma maneira na qual os personagens sempre eram muito menos poderosos do que seus inimigos, estando sempre em perigo iminente ou à beira da morte.  Os tempos de RPG se foram com a chegada das responsabilidades da tal vida adulta. 

Sempre gostei de jogar Zombicide da mesma maneira, do jeito mais difícil, customizando decks, criando algumas house rules pra dificultar a vida dos heróis. Gosto de vê-los à beira da morte, se sacrificando pelos seus companheiros (o jogo não acaba quando um personagem morre nas minhas aventuras).

Sei que Zombicide é um jogo bem simples e com inúmeros problemas. Mecanicamente não é o melhor jogo,  mas gosto dele pela história que cada partida conta, se você se permitir ter essa imaginação. Não gosto de jogar tentando otimizar 100% cada ação como se estivesse jogando Lisboa (que também adoro), calculando a chance de sair a tal carta de ativação matar todo mundo.  Simplesmente jogo, tento encarnar cada um dos personagens como se estivesse em uma partida de RPG.

Em minha última partida solo, por exemplo, logo na primeira rodada Solveig,  a Viking morreu (um azar tremendo em uma ativação de orc balofo). Eu já havia falhado no cenário anteriormente, então sabia que ia ser muito difícil ter sucesso. Mas ninguém desanimou e fomos atrás dos objetivos (salvar o povo da cidade), missão 4 do Black plague.  O grupo de dividiu em dois para tentar agilizar a busca pelos objetivos. Theo e Megan foram por um lado e o restante do grupo por outro.  Lá pela metade da partida uma sequência de azar nos dados (contei 20 rolagens para conseguir um 5) culminou com um necromante derrotando ambos. 

Restaram então Johhannes, Doran e Berin que estavam indo bem, ajudando todo o povo da cidade, e se aproveitando e todos os zumbis atraídos por Theo e Megan antes de suas gloriosas mortes. 

Porém em apenas 3 o cerco começou a se fechar, e apareceram algumas abominações além do dragao necromante. Por sorte dois fogos de dragao bem jogados permitiram que o grupo continuasse. Mas não era possível mais derrotar os zumbis no combate, então uma decisão teve que ser tomada. Berin iria valer-se de suas habilidades de empurrar e louco por sangue para penetrar na horda de zumbis e correr até os dois objetivos restantes. Ele precisaria praticamente atravessar o mapa sozinho. Johhannes e Doran fariam seu melhor para segurar a horda pelo maior tempo possível. 

Dois turnos depois eles estavam mortos devido a uma sequência de ativações e Berin estava chegando no primeiro dos dois objetivos, com 11 lobos em seu encalço e um abominotauro pela frente. Praticamente encurralado pelos zumbis, contou com a sorte quando o abominotauro derrubou a parede da casa em que ele se encontrava para tentar chegar até ele. 

Sem pensar duas vezes empurrou a abominação de seu caminho e fugiu pela abertura na parede, atingindo a próxima casa e o objetivo final um turno antes de ser alcançado pelos lobos.

O sacrifício de seus companheiros valera a pena.











Desculpem pelas imagens tortas, estou postando do celular e não consegui gira-las.

Pra quem teve paciência de ler meu relato, muito obrigado.  Zombicide para mim é uma experiência, cada partida sempre conta uma história,  que geralmente não acaba bem hehe. Cada um joga o jogo do jeito que quer,  mas deixo a sugestão para em suas próximas partidas de Zombicide, ou qualquer outro  jogo do tipo, não se preocuparem com a vitória ou a derrota, mas sim com a história contada.