Estava evitando falar de livros-jogos, que apesar de ser algo que adoro, é meio que uma experiência mais pessoal, mas sinto que com esse há coisas que precisam ser ditas.
Tentarei dar o mínimo de spoilers possível, nada que venha a interferir na trama.
Sobreviver foi uma campanha de sucesso no Catarse, com um ótimo apelo, apocalipse zumbi em São Paulo.
Como é um tema que gosto e ainda mais sendo livro-jogo, resolvi apoiar.
Foi uma surpresa ver o nível da qualidade apresentada, livro de capa dura, bom papel, além dos extras comuns em campanhas no Catarse.
Iniciei a leitura e o sistema simples de sorte que auxilia nos dados já me cativou, as vezes é chato ter de gerenciar sistemas complexos a cada decisão ou combate em outros livros-jogos.
Outra coisa que chama a atenção é a implementação dos QR-codes, dando uma nova camada para a leitura. Muito desse conteúdo é realmente interessante, mas a maioria das falas tem um aspecto de decorado, não soando naturais.
Li o livro com a trilha sonora oficial, algumas músicas casaram perfeitamente, outras nem tanto.
O livro possui muitas referências numeradas, locais para onde deve ir a cada decisão, mas a maioria delas serve apenas de ponte, sem de fato apresentar alguma tomada de decisão, o que poderia ter sido substituído por simplesmente juntar as duas referências em uma só.
Um exemplo:
Se deseja ir de carro vá para x, se quer ir a pé, vá para y.
x= A estrada está lotada de zumbis, vá para w.
w= Ao fazer uma curva você se depara com vários zumbis freando bruscamente.....
Nesse exemplo a referência x é completamente inútil.
As ilustrações não seguem um padrão, as primeiras são de fato ilustrações, mas em estilos distintos, já o restante do livro é composto de fotos com filtros para deixar parecido com desenho, não é ruim e até que combinou, o problemas são os zumbis, fotos de pessoas reais com um filtro que as transforma em zumbis e em seguida o filtro que transforma em desenho, alguns são ótimos, como o atendente do MC Donalds, mas outros são literalmente selfies, com pessoas bonitas fazendo pose, mas com olhos brancos e sujas de sangue.
Isso creio seja o resultado de uma das recompensas do Catarse, PACOTE PREMIUM – LÍDER ZUMBI, que consiste nos apoiadores terem sua foto zumbificada publicada no livro. É legal pra quem apoia, alguns até tentaram fazer uma pose mais ameaçadora, mas muitos são só zumbis gatinhos/as mesmo.
Há também alguns furos no roteiro, mesmo que pequenos, me tiraram um pouco da imersão.
Você acorda e o seu hotel está sem energia, elevador não funciona, mas a TV da recepção funciona pra te mostrar o noticiário.
Sinal de internet e celular caiu, mas um celular em específico ainda recebe mensagens.
Decisões claramente não intuitivas, que só são tomadas porque o jogo quer que sejam.
Itens importantes para a trama não serem fixos no inventário, precisei de espaço na mochila e acabei descartando algo importante para a história,enquanto um item inútil como um boné não gasta espaço na mochila.
Além do mundo estar um caos, tudo destruído como se o apocalipse estivesse acontecendo há semanas, mas só se passaram algumas horas desde os primeiros surtos.
Eu não moro em São Paulo mas percebi que as distâncias dos locais, baseado no mapa disponibilizado, não condizem com o que é narrado, fiquei um pouco confuso, mas creio que para quem conhece a região deve ser uma experiência completamente diferente.
A história é fraca, ir do ponto A ao ponto B em busca de um amigo sem nome, o que me prendeu no livro foram os pequenos eventos que ocorriam no caminho e que as vezes não levavam a lugar nenhum ou meio que sem querer faziam a trama andar.
No geral gostei do livro, é uma história simples, sem muito a acrescentar ao gênero, mas que cumpriu sua proposta de divertir.
Jogadores: Vinicios
Vencedor: Vinicios
Duração: Algumas horas.
Use a sessão de comentários e conte as suas experiências, faça críticas, tire dúvidas ou faça sugestões.
Grande abraço e até a próxima Quarta-feira ao meio-dia.
E lembrando, sigam o instagram HeyGON, por lá sempre há fotos das jogatinas do grupo que participo.