iuribuscacio:Eu também não tenho a ilusão de ser o "dono da verdade", nem sou um "fanático contra as editoras", nem estou em alguma "cruzada para exterminá-las e acabar com o board game nacional", que foram algumas das "gentilezas" que me foram dirigidas, em comentários nos meus tópicos e em mensagens privadas. Então eu tenho total consciência de que existe a possibilidade real de que eu esteja enganado, no meu ponto de vista. Eu também não tenho a ilusão de ser o "dono da verdade", nem sou um "fanático contra as editoras", nem estou em alguma "cruzada para exterminá-las e acabar com o board game nacional", que foram algumas das "gentilezas" que me foram dirigidas, em comentários nos meus tópicos e em mensagens privadas. Então eu tenho total consciência de que existe a possibilidade real de que eu esteja enganado, no meu ponto de vista.
Estamos em tempos sinistros. Da mesma forma que a internet permitiu o acesso a qualquer pessoa no planeta e que estas possam expor sua voz, o marketing direcionado aliado aos sistemas de recomendação automatizados potencializou nossa velha tendência de atacar primeiro a pessoa ao invés da ideia.
iuribuscacio: Porém, eu acompanho os principais canais de board games do país, e nos últimos anos não vi por parte dos produtores de conteúdo, nenhuma postura ou atitude que me fizesse, pensar o contrário, em relação a isenção da opinião deles, perante as editoras, salvo talvez o pessoal do Covil dos Jogos, que aponta um errinho aqui e outro acolá, mas assim mesmo, muito mais em lives do que em vídeos produzidos pelo canal. Desse modo, quanto mais eu acompanho, os canais de board games, mais encontro elementos que corroboram a minha tese, conforme eu te mostrei nos vídeos citados no comentário anterior.
Então, a meu ver, aqui está acontecendo é uma quebra de expectativa*. O que é ser isento/imparcial/sincero? O que é ser isento/imparcial/sincero no hobby dos boardgames? Há uma grande teoria e técnicas por trás de crítica especializada em outros meios, e esse assunto vai e volta. Mas nos boards, que são atividades basicamente sociais, que indústria emerge do próprio público, que a crítica emerge do próprio público, usar essa régua para medir já até virou piada por absurdo:
Não acho que a imparcialidade seja algo que não deva ser perseguido individualmente por qualquer um que queria fazer conteúdo, ou melhor dizendo, que uma peça publicitária seja bem destacada como tal. Mas tentar baixar uma regra nisso, como já falei, é ir exatamente contra a própria motivação da existência do youtube, blogger, medium, ludopedia, bgg e todas as plataformas que são criadas para se expor. Não existe só jornalismo na internet.
Creio que o exercício aqui é muito mais buscar pela fonte de informações que não quebre, ou quebre menos, os seus critérios pessoais de imparcialidade/isenção. Reforçar que uma mídia específica é toda parcial, salvo exceções, porque indivíduos quebram um código que você impôs, é um erro de causalidade. Ou seja, criar uma expectativa em cima de algo que nunca foi tratado.
*quebra de expectativas pra mim é a mola mestre das frustrações com o hobby. Mas é assunto para outro momento.
iuribuscacio: Mas também, pode ser que eu talvez esteja errado, e simplesmente não esteja assistindo os canais de board games, que eu deveria acompanhar. Por isso, pode ser que você me mostre uma meia dúzia de canais de board games, que sejam sinceros e tenham uma atitude e uma opinião realmente imparcial e isenta em relação às editoras, fazendo resenhas de verdade, apontando pontos negativos e positivos, nos jogos.
Eu acho salutar esse exercício. Mas como falei, acho a premissa falsa. Pra mim, não existe imparcial, isento e sincero no vácuo*: a imparcialidade é questionável pela própria característica de ser um hobby de nicho; a isenção implica que não houve um contrato tácito/implícito com a editora de review positivo (que é sua hipótese central); e ser sincero, bem, só dá pra pegar quando a pessoa fala bem no conteúdo mas ao vivo faz o contrário. E nesses três pontos, tudo depende dos seus critérios de quem vai julgar, ou seja, o consumidor do conteúdo*. Esse alinhamento dos seus critérios com o crítico* é algo que se faz com o tempo mesmo. Inclusive muda muito quando o produtor de conteúdo* fere algum critério e não corresponde a uma expectativa que você tem. Poderia falar pra fazer o exercício de não deixar um viés por uma mídia específica ser sinônimo de virtude, mas seria apenas um dos meus critérios que estaria imputando a você.
É importante destacar que já temos (ou sempre tivemos) o perfil de produtores de conteúdo* que já são o próprio produto. Quem os segue, e até financia, o não faz pelo conteúdo jornalístico/crítico, mas sim pelo simples objetivo de obter entretenimento.
*vídeo, áudio, fotos e texto.
iuribuscacio:
E para ser muito sincero, se isso acontecer e você me provar desse modo, que eu estou equivocado, vou ficar muito feliz por ter novos canais para assistir, que estejam mais próximos da realidade do mercado de board games.
Então, o quesito é bem prejudicado pra mim, como espero tenha conseguido passar até agora. Acredito que o produtor de conteúdo* sempre deixa claro a sua postura em algum momento, e basta você procurar por ela e ver se isso está dentro dos seus padrões que acha certo ou errado. Então, como a hipótese é sua desde início, vou te deixar ainda com o trabalho da busca pela suposta prova.
Como você pinçou vídeos do Jack e do Rafael onde eles afirmam que receberam as cópias: entra em contato com eles, e peça uma proporção de vídeos que eles fizeram com cópias que receberam em relação aos que fizeram cópias próprias ou emprestadas. Tem um vídeo antigo do David Coelho sobre o assunto também. Pergunta pro Cacá do E ai tem jogo, pergunta pro Eduardo do Jogada Histórica, pro LPP, para o Paulo do Covil, para o Jhuan do Pira Board Games, para o pessoal do Pino Verde no Instagram, para o Allan Farias, para o Marcus do Gong, para o pessoal da Távola, BGGII, 3DUS, Gambiarra, Ludopedia. Pergunta para os eventos, Lady Ludica, Alem do Muro, Castelo das Peças, Juega Cuesta qual a relação entre doação e compra. Eu posso fazer isso no meu canal parado se você tiver interesse, só eu resolver a possível informação incompleta que te passei lá, para aumentar nosso entendimento sobre o número de cópias de divulgação.
Ou vá por outro caminho, pergunte qual jogo da editora que recebeu e fez críticas a ele. Aliás, te falo que muitos canais do youtube/blogs têm essa cota do ódio, pois ela é benéfica para os números de duas formas: aplaca o perfil do público que acha que a crítica negativa implica em isenção; e principalemnte que o conteúdo negativo gera muito mais engajamento. Rapidinho, nos comentários, aparece o pessoal que concorda e que não concorda se estapeando sem a intervenção do autor. Isso para os sistemas de recomendação é tido como engajamento e esse conteúdo é promovido automaticamente. Muito canal começa assim na plataforma. Mas deixa isso pra lá, você pode fazer uma proporção de conteúdo com críticas duras, ou mesmo ter uma parte destacada só para os pontos ruins em relação aos que não tem. Pergunta pra galera ali em cima qual a proporção do conteúdo que houve uma crítica negativa, mesmo que velada.
Muitos podem não te responder, podem não ter o tempo para fazer essa auto avaliação pois estão ocupados entre seus trabalhos reais e a produção de conteúdo*. Mas não são inacessíveis, muitos presam por quem interage com eles e ficam até muito felizes em ter essa conversa com quem consome o conteúdo. O que pode afastar, é o tom de como se pede ou se fala as coisas.
Mas enfim, dá pra fazer essa proporção, mesmo que você mesmo faça "na mão". E você vai ver várias propoções diferentes. Você pode criar um limite, ou mais um risco no chão. Você pode falar que acima de 25-10-5% o produtor de conteúdo* é um vendido e sua opinião não importa mais. Pra outra pessoa vai ser 0.0001%. E mesmo assim, vão aparecer mais e mais canais*.
Se você continuar empurrando pro outro lado dessa linha da isenção quem tem relação com youtubers, blogglers, instagramers, eventos e editoras, e incluir como não isento quem é apoiador desses (afinal, tão pagando, com dinheiro ou tempo) tenho lá minhas dúvidas quem vai ficar do lado isento.
*vídeo, áudio, fotos e texto.
iuribuscacio:
Um forte abraço e boas jogatinas.
Aqui no isolamento a jogatina está restrita a apenas jogos com a baixinha. Mas tá bom.
Na torcida para que essa situação que está impactando a saúde e as finanças de muita gente passe logo. Que tenhamos os eventos de volta pois estão fazendo muita falta para deixar que as pessoas se conheçam pessoalmente e sentem-se para jogar e curtir o hobby.
Um abraço!
p.s.: Só ontem vi que você trocou a imagem original do post, que trazia o logo de vários canais do youtube juntos e que abria seu texto (Meeple Maniacs, Siga o Coelho, Romir Play House, Casa NerdLol, Igor Knop Jogos, Direto ao Ponto, After Match e outros que a minha memória falha agora). Você trocou por algum motivo específico? Foi coagido de alguma forma para tirá-la?
igorknop::
Aqui no isolamento a jogatina está restrita a apenas jogos com a baixinha. Mas tá bom.
Na torcida para que essa situação que está impactando a saúde e as finanças de muita gente passe logo. Que tenhamos os eventos de volta pois estão fazendo muita falta para deixar que as pessoas se conheçam pessoalmente e sentem-se para jogar e curtir o hobby.
Um abraço!
p.s.: Só ontem vi que você trocou a imagem original do post, que trazia o logo de vários canais do youtube juntos e que abria seu texto (Meeple Maniacs, Siga o Coelho, Romir Play House, Casa NerdLol, Igor Knop Jogos, Direto ao Ponto, After Match e outros que a minha memória falha agora). Você trocou por algum motivo específico? Foi coagido de alguma forma para tirá-la?
Caro igoknop
Perdão pela demora na respostas, mas nessas últimas semanas eu estive um pouco mais ocupado do que de costume, resolvendo algumas pendências profissionais. De todo modo, foi bom ficar sem escrever aqui no Ludopedia durante esse período, para botar as ideias em ordem, e priorizar o que deve ser priorizado.
Em relação á sua análise, eu achei muito lúcido o seu ponto de vista, embora discorde em parte dele. Pelo menos para mim, a questão da imparcialidade e da isenção, independe de qualquer questão subjetiva ou de critérios próprios, mas sim envolve uma dimensão objetiva, geral e aplicável a todos. Por isso, uma pessoa será imparcial ou não, independentemente daquilo que outra pessoa possa pensar a respeito da imparcialidade.
Por outro lado, eu concordo com você em relação ao fato de que a isenção, e a imparcialidade, talvez não sejam aplicáveis aos canais de board games. Possivelmente o meu equívoco se deve ao fato de considerar os canais de board games como “mídia especializada” do hobby, quando a própria proposta desses veículos talvez não seja essa. Talvez eu tenha me equivocado em encarar os canais de board games como “A Folha de São Paulo”, quando na verdade eles estão mais para a “Revista CARAS”, sem nenhum desdouro nem para os canais de board games, nem para a Revista CARAS, evidentemente. Talvez eu tenha me empolgado porque já estava por aí nas jogatinas, antes mesmo do mercado nacional de board games, surgir, porque vi o nascimento desse mercado, porque vi a fundação das primeiras editoras, porque assisti algumas empresas de outros setores como HQ e RPG, migrarem para os board games, porque vi os primeiros passos da produção nacional, porque acompanhei os primeiros financiamentos coletivos, e por aí vai. Nessa época eu sonhava com o dia em que o hobby iria crescer cada vez mais, que as tiragens seriam cada vez maiores e o preços cada vez menores, e a cada ano que passasse, nós teríamos mais empresas no setor, que haveriam mais designers brasileiros, que os jogos teriam mais qualidade e que cada vez mais pessoas seriam atraídas para esse universo dos jogos de tabuleiro que eu amo tanto. Nessa situação, o surgimento de uma mídia especializada, imparcial e isenta seria uma consequência natural.
Infelizmente, passado esse período de pouco mais de uma década, o que eu vejo é uma realidade muito distante daquilo que eu sonhava e esperava. Hoje nós temos jogos cada vez mais caros, tiragens cada vez menores, cada vez menos empresas, e uma convergência cada vez maior em torno de um pensamento único, no sentido de que o que importa é falar bem de cada jogo e divulgar o hobby, e aí de quem ousar dizer o contrário. Eu realmente achava que a essa altura do campeonato nós já teríamos amadurecido o suficiente para termos uma mídia especializada de verdade, capaz dessa crítica isenta e imparcial que eu tanto queria ver. Daí o meu equívoco em enxergar esse tipo de crítica que eu tanto queria e que acho tão importante para o mercado de board games, nos canais de board games, que querem apenas falar bem dos jogos que eles tanto gostam e divulgar o hobby. No meu entusiasmo talvez eu tenha esquecido, que esses produtores de conteúdo não são jornalistas profissionais, que o que eles fazem não é jornalismo, e principalmente, que o Youtube e a Internet não vivem apenas de crítica séria, e de jornalismo informativo.
Na mesma toada, eu vejo esse fórum aqui ficar cada vez mais voltado para o elogio fácil e a resenhas “chapa-branca” dos jogos, que só fazem engrandecer os lançamentos, mesmo que eles não mereçam tanto assim, e de quebra silenciam por completo, quanto aos erros grosseiros e muitas vezes evidentes, mesmo quando eles surgem estampados nas caixas dos jogos e expansões.
Eu não sou de fugir da briga, nem de correr de um bom debate. O problema é que para conseguir um bom debate como esse que estamos tendo, o sujeito muitas vezes acaba tendo de ouvir muito desaforo, tendo que aturar muitas ofensas pessoais, e conviver com muita falta de educação e de cortesia. Teve um camarada que entrou em cinco tópicos meus para dizer, que a minha escrita era “uma porcaria”, para não repetir o quilate dos termos usados, para dizer que eu sou muito chato, que eu fico só no blábláblá, e outras pérolas do estilo. Só não consigo entender é que, se a pessoa acha tão ruim assim a minha forma de escrever e que eu só digo bobagens, o que é que justifica ele continuar acessando os meus textos, para continuar repetindo a mesma ladainha de sempre. Seria muito melhor, tanto para mim, quanto para ele, se o distinto ignorasse por completo, qualquer outro texto meu. Mas vai entender o que é que se passa na cabeça dessas pessoas...
Como eu não sou de perder a elegância, nem me rebaixo a responder comentários dignos da segunda série primária, eu me restrinjo a agradecer e deixar para lá. Só que chega um momento que isso dá no saco. Por essas e outras, eu acho que não vale mais a pena tentar tratar de assuntos sérios, por essas bandas, até porque eu cansei de ser ofendido, e da falta de consideração de algumas pessoas, mesmo tendo tratado a todos sem nenhuma distinção, com todo o respeito e cortesia. Assim, por mais que eu goste muito de escrever sobre jogos, eu resolvi vou voltar a exercer esse prazer, em outros espaços mais voltados para a literatura e crítica literária, onde o tratamento é outro.
Apesar de tudo, fiquei muito contente em debater consigo e acho uma pena que nem todos consigam divergir, mantendo o nível, a elegância e o respeito, como é o seu caso.
Por fim, deixo aqui os meus mais sinceros votos de que a situação aí para o seu lado continue tudo bem, em relação à pandemia, e que as suas jogatinas com a sua “baixinha”, sejam cada vez mais frequentes e mais divertidas
Um forte abraço.
Iuri Buscácio.
P.S. Em relação ao clássico do Camões, você é muito perspicaz, porque tais versos já foram usados em um passado menos feliz e mais sombrio, sempre com a mesma finalidade. É meu amigo, aparentemente só se pode usar uma imagem se for para falar bem dela. Qualquer coisa diferente...
