Eu não tenho TI porque não veria mesa no meu grupo. Mesmo sendo bem curioso em jogar, quando vi o preço da expansão me assustei. Ok, não sabemos os custos da GJ, mas sabemos que o dólar subiu muito, isso impacta no valor final. Isso é um fato, mas existem outras questões.
Comecei no hobby em 2011, depois de alguns anos houve um boom de editoras só que mais recentemente me pareceu ter ocorrido um movimento contrário. Uma maior concentração de mercado (fusões e incorporações de editoras). Isso não é bom pra gente. O mercado relevante de produtos aumentou, mas me parece que os players diminuiriam. Além disso, existem contratos de exclusividade que significam que se vc quer comprar aquele jogo, pelo menos em português, só é possível na mão daquela editora. Diante disso está armado um cenário de oligopólio e que abriga também características de monopólio por conta dessa exclusividade. Sendo dessa forma, o preço excede o custo marginal. Tem gordura pra queimar, tem excedente do produtor. O único problema é que tem também a hype e a estratégia, intencional ou não, de escassez que vai fazer uma corrida pela compra com preço cheio. Se ninguém comprasse até o preço se ajustar seria o ideal e não iria necessariamente gerar a falência ou retirada de mercado da GJ, mas aí também entra a questão preço versus valor que é algo muito particular. De qualquer forma a Galápagos tem poder de mercado considerável nos boardgames modernos e usa isso ao seu favor. Questões macro econômicas afetam o preço do produto, mas a microeconomia também revela muitas coisas.
Sejamos bem sinceros, o que mais queremos como consumidores é o cenário mais próximo da concorrência perfeita. Facilidade de entrada de novas editoras, um mercado sem barreiras, inexistência de contatos de exclusividades, maior quantidade de fábricas de componentes e etc... infelizmente isso é utópico.
Agora se fossemos empresários, o nosso desejo seria o monopólio. Saber que o cliente só pode comprar o produto na minha loja, não haver possibilidade de entrada de concorrentes e não haver produto substituto. O que vemos hoje é o mais próximo disso. Um mercado concentrado em uma pequena quantidade de editoras que detem os direitos da maioria dos títulos. Bom, pelo menos há uma razoável quantidade de lojas que vendem e daí há possibilidade de conseguirmos algum desconto, dependendo do jogo é claro, e do nosso comportamento paciente. Cheguei a comprar recentemente uns 3 jogos com 20 a 50 por cento de desconto em relação ao preço praticado por outras lojas.
Com certeza existe um preço mais baixo que a GJ estaria disposta a vender, mas como toda empresa ela vai querer vender pelo maior preço que cada cliente esteja disposto a pagar. E do outro lado estamos nós consumidores querendo pagar o menor preço possível. No meio disso existe a assimetria de informação, que dificulta tudo.
E quanto a popularização do hobby que foi citada, em até em certa medida é interessante para GJ, mas não a ponto de desembolsar grana pra colocar seus jogos em lojas de brinquedos, pois isso significaria gastar muito com visibilidade nas prateleiras, gastar com comissões e treinamentos dos vendedores, abrir mão de parte do seu lucro pra incentivar a loja a vender. Tudo isso seria um risco e investimento que provavelmente eles não estariam dispostos a assumir. Fazer igual a grow, só colocar o Puerto Rico na Ri Happy, daria errado. Boardgames modernos não se vendem pro povão. A cultura nossa não é essa. O povão, no geral, ainda vê jogo de tabuleiro como coisa de criança.Poucas pessoas fora do nicho estariam dispostas a desembolsar 200 ou 300 reais num jogo "desconhecido".