Ronaut::Parabéns pelo texto. Não costumo comentar, mas creio que preciso fazer a observação sobre um termo que você usou.
Lugar de Fala é um termo que geralmente vejo sendo utilizado no sentido de alguém ter ou não o direito de falar sobre algo.
Alguém me corrija se eu estiver errado, mas o sentido real do termo é a compreensão de que aquela pessoa que fala, fala a partir de um lugar. Logo se faz necessário que, ao falar, a pessoa entenda de que lugar está falando.
Assim, qualquer pessoa pode falar de qualquer assunto, desde que entenda a partir de que ponto está falando. Brancos podem falar sobre racismo, desde entendam qual seu "lugar" nesse fenômeno. Da mesma com outros temas.
E pelo que entendi do seu texto, você compreende muito bem qual seu lugar nesse assunto, e acrescentou bastante a discussão.
Muito obrigado por essa observação, Antonio. Como você pôde perceber pela forma como eu coloquei a questão do lugar de fala, eu realmente não estava a par dessa possibilidade que você apontou. É o que eu falei em algum outro momento do texto, conscientização é a nossa melhor arma nesse aspecto. Independentemente da sua origem, é só você se colocar no lugar do próximo. Quanto mais distante for a realidade, quanto mais difícil for a abstração que temos que fazer, em função do abismo social entre as pessoas, mais devemos nos solidarizar. É uma lógica muito simples e amplamente ignorada. Vou colocar na forma de um exemplo:
Saiba que para algumas pessoas, e não são poucas, água insipida, inodora e incolor é algo extraordinário. Se parece difícil processar essa informação, é sinal de que a nossa realidade é muito distante da delas.
O que fazer nesses casos? Primeiramente, respeito acima de tudo. Isso não é engraçado, muito pelo contrário, isso é muito triste. Se, além disso, você ocupa alguma posição com algum potencial para transformar a sociedade, considere ser mais inclusivo nesse sentido. Se não é o caso, você não chega a ser marginalizado, mas também não é possível causar um grande impacto positivo na sociedade, mude nas pequenas coisas. Além do respeito previamente citado, pense no período de eleições, por exemplo. Não vote com raiva, vote com consciência. Pesquise. Não pense apenas em você mesmo(a).
Quando ajudamos as camadas menos favorecidas, todos ganhamos no médio prazo. Existe uma galera que adora citar certos países percebidos como desenvolvidos porque eles apresentam condições mais igualitárias de distribuição de renda, existem serviços públicos de qualidade e o índice de violência é baixo. Muitas vezes essa mesma pessoa fica incomodada ao ver uma empregada doméstica na poltrona ao lado do avião, menospreza o serviço público de saúde por puro preconceito e acha que a solução para a violência é prender mais gente.
Sempre que votar, não foque apenas no presidente como se ele fosse o responsável por problemas regionais ou locais. Pesquise ativamente o histórico de deputados federais e estaduais, governadores, senadores, prefeitos, vereadores. Se você não lembra do vereador que votou na última eleição, fica difícil esperar que algo melhore com os olhos vendados. Votar nulo também não é solução. Se você não votar, alguém vai votar por você.