ProFessoR30::Muito obrigado por ter me proporcionado uma ótima leitura reflexiva. Adorei!
Eu já adoro jogos com dados embora goste bastante de euros também.
Mas definitivamente não suporto mais os ''roll and move'' (meu primeiro jogo foi o Scotland Yard. A premissa é ótima mas tirar 1 no dado e esperar uma grande rodada pra ter uma chance de entrar na próxima casinha é tortura rsrs).
Abraços.
Eu fico extremamente contente quando meu objetivo maior com um texto é alcançado, que é o de justamente proporcionar algum tipo de reflexão (ou mero entretenimento barato em alguns casos, ninguém é de ferro).
Dados são perfeitamente válidos e aceitáveis na construção do design de qualquer jogo moderno. A minha crítica fica em cima de jogos onde a aleatoriedade é dispensável, desnecessária, indesejada. O designer colocou dados ali simplesmente porque é mais fácil do que elaborar algo mais sofisticado naquele caso. Isso é muito comum nos velhos clássicos, onde não havia uma preocupação maior com esse tipo de detalhe. Em defesa deles, hoje em dia temos um arsenal de ideias à nossa disposição, que antigamente simplesmente não existia.
Roll and move é provavelmente o exemplo mais drástico disso. Por que eu não tenho autonomia para andar como eu quero? Você gera uma sequência de micro frustrações a cada movimento porque na maioria das vezes você não vai andar de forma otimizada, mais do que isso, porque isso nem depende de você para começo de conversa.
Ficamos mais exigentes. Para alguns jogadores mais críticos, como esse que aqui vos fala, o nível de sorte contido em Catan não é mais satisfatório, ainda que seja muito mais sensato e administrável do que Banco Imobiliário, por exemplo, que também joga dois dados a cada movimento. Por causa disso, Catan é ruim e as pessoas não devam jogá-lo? Ou ainda, Banco Imobiliário? Para a minha pessoa, sim. Eu não tenho vontade de jogar esses jogos, mas certamente não sou melhor do que ninguém que os jogue. Do mesmo jeito que, para outros, um jogo onde você controla absolutamente tudo é um tormento à parte justamente porque você sabe que existe um "gabarito" ali em termos de eficiência, gabarito esse que exigiria milhares de horas de voo para se alcançar e essa dedicação toda não justifica o investimento para aquela pessoa. "Com essas milhares de horas, eu poderia jogar outras centenas de jogos". E estão todos certíssimos.
O curioso é que se tratando de jogos com dados, onde há uma certa tomada de decisão envolvida antes ou após o rolamento dos dados, eles proporcionam uma série de pequenos exercícios de otimização dentro de uma probabilidade condicional. "Se eu tirar 6, eu faço isso, se eu tirar 1, eu faço aquilo". O que não é muito diferente de "Se as brancas começarem com peão no E4, eu respondo com peão no E5". Você também não controla o movimento do seu oponente. A magia da coisa pra mim está quando você consegue controlar. Não há nada que você possa fazer a partir daí, cheque mate em 3 movimentos, independentemente do que você faça. Para outros, isso tudo é sempre mais do mesmo porque as pessoas vão sempre procurar as fórmulas de sucesso, melhores aberturas, etc. Nesse caso, a compensação vem na forma de criatividade. A aleatoriedade estimula essa criatividade de uma forma mais dinâmica, uma vez que os cenários são altamente voláteis.