TEMA COMO BÚSSOLA
Goste ou não de Wingspan, é difícil não reconhecer que existe um trabalho muito bem feito ali. Elizabeth Hargraves ganhou merecida notoriedade entregando um jogo bem produzido, com um tema interessante, jogabilidade acessível e um desafio agradável que mantém o interesse de diferentes tipos de jogadores, sem falar que a Stonemaier ganhou uma "vaca leiteira" em seu portfólio e vem colhendo frutos com lançamentos de sucessivas expansões.
Com tamanho sucesso, é normal que os trabalhos seguintes da Designer chame atenções e gere expectativas. Vale ressaltar que tem o simpático Tussie Mussie no meio desse caminho, mas que acaba se enquadrando em outro segmento de jogos, por isso, Mariposas chega no mercado sendo o grande lançamento de Elizabeth após Wingspan.
Acho importante estabelecer um ponto de partida aqui. Mesmo Wingspan tendo se tornado uma forte referência para o trabalho da designer, não há cabimento a comparação entre os jogos. São completamente diferentes e por isso a partir de agora deixaremos Wingspan para trás. A observação dos pássaros dá lugar a migração das borboletas monarcas. Apesar da experiência dos jogos de Hargraves não serem centradas nos temas, acho que ela se utiliza muito bem deles. Em Mariposas somos apresentados ao ciclo migratório das Borboletas que saem do México na primavera em direção ao norte para retornarem no outono. No entanto, o ciclo de vida desses insetos não é longo o suficiente para que tenham tempo de completar todo o processo migratório, levando em média quatro gerações de borboletas para o retorno de onde partiram.
Provavelmente durante o meio do jogo você não estará muito focado na temática do jogo , se preocupando mais com os objetivos para ganhar pontos e formar set collection de tokens de flores para "pagar custos de reprodução" , no entanto, essa simples apresentação temática já torna intuitivo um dos principais objetivos do jogo que é retornar com suas borboletas de quarta geração ao ponto de partida. E daí pra frente, Mariposas se torna um jogo basicamente disso: movimentação no tabuleiro e set collection.
SIMPLICIDADE + ALEATORIEDADE =?
A jogabilidade segue acessível, Mariposas é o que podemos chamar de um jogo familiar. Além do objetivo inicial de voltar com o máximo de borboletas da quarta geração que você puder, mais 3 objetivos serão revelados durante as estações do jogo, isso torna o jogo muito mais tático que estratégico, já que a única estratégia possível de ser programada (independente de sorte) é a mesma para todos os jogadores (o retorno das borboletas). Isso por um lado é bacana, pois cada estação tem uma quantidade satisfatória de cartas para serem "setupadas" tornando a dinâmica das partidas completamente diferentes entre elas.
A sua ação é simplesmente escolher uma entre duas cartas de movimento e definir com qual borboleta(s) executar a movimentação, recolhendo um token da flor onde "pousar" para utilizar como pagamento do custo de reprodução em determinadas localidades onde isso é possível. Os objetivos são basicamente relacionados ao posicionamento de suas borboletas no tabuleiro fazendo com que você utilize suas ações para colocá-las em determinados lugares até o final da estação e fazer os pontos.
Soma-se a tudo isso uma produção bonita e de qualidade, e parece que começamos a identificar uma fórmula na personalidade dos jogos de Hargraves. No entanto a equação aqui não me pareceu tão satisfatória.
Se alguns parágrafos atrás citei que o aspecto tático tinha um lado bacana que era tornar a dinâmica das partidas diferentes, por outro a aleatoriedade se faz mais presente do que deveria nesse jogo. A começar pelo saque de cartas. Com poucas possibilidades na mão, e poucos rounds principalmente no início do jogo, a sua capacidade de ajuste tático pra atingir os objetivos que surgem pode se encontrar, mesmo que levemente, sujeita a sorte e não a gestão da sua mão e recursos. A possibilidade de "muligar" só se dá no caso de duas cartas iguais ou sem movimentação.
Quando se trata dos "waypoints" então aí a escorregada é mais agressiva. Certos lugares (distribuidos randomicamente no início do jogo) que sua borboleta pode pousar são informações escondidas que podem revelar 1 de 12 cartas possíveis que formam 3 sets diferentes. Ao concluir esses sets você ganha benefícios ou pontuações extras. No entanto, mesmo ficando revelados após o primeiro jogador pousar, concluir um set é uma tarefa completamente aleatória. Seja na incerteza do waypoint oculto, seja na possibilidade de movimentação que você possua no momento em que se revelam. É um mecanismo tão mal implementado (na minha opinião) que fica ainda mais fraco dependendo do número de jogadores na mesa. Com 2 jogadores por exemplo, a quantidade de waypoints revelados tende a ser mais devagar do que jogando em quatro.
CONCLUSÃO
Por fim, Mariposas é capaz de agradar jogadores mais casuais, a fórmula de Hargraves segue simpática a esse grupo. Porém acho que dessa vez a faltou sal na receita e a experiência ficou um pouco insossa. Um caminho que poderia ser algo no sentido, familiar, simples e elegante, se perdeu na aleatoriedade de seus mecanismos, com uma jogabilidade baseada em escolhas repetitivas e desinteressantes se tornando um jogo tão sem graça quanto essa review.
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