Afinal de contas, qual Azul é o melhor?!
por Denis Capela

Jogos de Michael Kiesling e ilustrações de Chris Quilliams
Quando o Azul Vitrais de Sintra foi lançado em 2018 (no Brasil em abril de 2019 pela Galápagos Jogos), trouxe com ele a fama e o sucesso mundial de seu irmão mais velho – Azul, vencedor do aclamado Spiel des Jahres (o Oscar dos Board Games) em 2018. Então se iniciaram questionamentos nos mais diversos canais, tópicos e fóruns: qual Azul é o melhor?!
É claro que a resposta para esta questão pode ser norteada por interesses distintos (para não dizer muitas vezes escusos) do mercado. De um lado temos o consumidor final que não possuía nenhuma das versões de Azul e por questões financeiras só poderia optar por adquirir uma delas. Ou, aquele consumidor ainda mais cauteloso que opta por manter somente uma das versões na coleção seja também por questões financeiras ou até mesmo de espaço físico.
O segundo segmento do mercado interessado em responder prontamente a esta pergunta é a própria estratégia de marketing que envolve o lançamento de qualquer novo produto. A tendência é que “o novo”, “o lançamento”, sempre gere repercussões, interesses e comentários ainda mais se tratando do “2º episódio” do então aclamado Azul.
O que se viu foram respostas imediatas, até mesmo dos mais diversos criadores de conteúdo aqui do Brasil como do exterior, onde com poucas partidas, já colocavam o Azul Vitrais de Sintra como sendo melhor (algumas opiniões até mesmo como muito melhor) ao anterior. Ressalto aqui que EU mesmo compartilhei também desta opinião imediatista influenciado pelo hype do momento.
Os ânimos da discussão anterior foram se acalmando com o tempo e, o que me levou a escrever este tópico é o mais novo Azul Pavilhão de Verão lançado recentemente em maio de 2020 também pela Galápagos Jogos, trazendo novamente à tona a pergunta que não quer calar: qual Azul é o melhor?!
Antes de mais nada peço desculpas pelo tópico extensivo, mas não cansativo! Responder à pergunta deste tópico, se tratando destes jogos e de um designer como Michael Kiesling merece um TEXTÃO com análises e explanações imparciais detalhadas que não podem ser respondidas em uma simples conversa de WhatsApp! Apesar de muitos parágrafos serem carregados de fortes emoções, procurei fazer uma análise fria e realista passando por detalhes como caixa, arte, componentes, jogabilidade, punição, as novidades implementadas no novo Azul Pavilhão de Verão, rejogabilidade, a expansão Mosaico de Cristal, considerações finais e uma pitada de bom humor!
Se você também é um fã (ou vier a se tornar) da agora TRILOGIA AZUL e de Michael Kiesling, curta este tópico, deixe seu comentário e sugestões de quais jogos gostaria de uma análise como esta. Lembrando que não pretendo fazer uma explicação detalhada de regras ok? Vamos começar?
Arte e componentes
Sobre a arte cada um tem um gosto não é mesmo? O que seria do amarelo (meeple amarelo sempre!) se todos só gostassem de azul? Azul? Eu ouvi Azul?!?!
A arte da caixa vou manter a nostalgia e dizer que a mais bonita ainda é a dos azulejos portugueses do Azul! Meu bolo de aniversário do ano passado foi inspirado na caixa do Azul #ficaadica. Percebeu que gosto pouco né?
A arte do jogo como um todo a que mais me agrada é a do Azul Pavilhão de Verão pelas cores vivas e super coloridas dos pisos. Mas, fica o ponto negativo para as cores sem graça dos jogadores e, pela falta de espaço na trilha de pontuação quando se está jogando com 3 ou mais jogadores (a disputa por espaço não era para ser só na escolha das peças?).
Muitos acham que a trilha de pontuação individual junto com o tabuleiro principal de cada jogador deixa o Azul feio. Não acho que isso o deixa o jogo mais ou menos feio, mas, é extremamente prático você marcar sua própria pontuação sem esbarrar na mão ou nos marcadores de outros jogadores não é mesmo (ainda mais em tempos de pandemia)? Quem nunca tirou o marcador do adversário sem querer e depois perguntou: “onde estava o seu mesmo?”
Sobre a qualidade dos componentes dos jogos, chamo a atenção para as peças do tabuleiro modular do Vitrais de Sintra. Custava não envergarem todas com o tempo? O tabuleiro fica todo desalinhado e os marcadores são todos de plástico. Poxa, eurogamers gostam de cubinhos de madeira! E a torre para colocar as peças descartadas? A ideia foi excelente já que no Azul falta este componente mas, o papel é tão frágil que parece que vai desmontar. Já começa com pontos negativos.
Recentemente descobri que existe designer de insert. Bom, a franquia Azul ou a Next Move Games (não só eles) estão precisando urgente de alguém competente nesta área. A tal torre para descarte do Vitrais de Sintra fica totalmente para fora do insert. Ai fica dúvida é pra desmontar ou deixar montada? Se desmontar com 5 partidas você não tem mais torre. Fora dizer que posicionar o saquinho com as peças de modo que a caixa feche perfeitamente é só para os fortes.
E no Pavilhão de Verão? A reclamação da torre do Vitrais de Sintra deve ter sido tão grande que até achei que a torre do Pavilhão de Verão era de concreto armado. Brincadeiras a parte, agora sim temos uma torre realmente reforçada e compatível com o peso das peças. Ah! E pelo menos agora a torre também é compatível com o espaço do insert. Mas e o saquinho com as peças cabem desta vez? Nem tudo é perfeito não é mesmo? Para a caixa fechar perfeitamente é bom “esquecer” algumas peças dentro da torre. Só para a caixa fazer uns barulhinhos quando for pega da prateleira e dar aquela emoção antes do início da jogatina. Só pode ter sido proposital.
Agora o papo é sério. Apresento abaixo uma tabela comparativa que adaptei de informações pessoais e também extraídas do BoardGameGeek em 07/07/2020:
| Azul (2017) | Vitrais de Sintra (2018) | Pavilhão de Verão (2019) |
Classificação geral
| 44
| 293
| 229
|
| Nota média (usuários) | 7,9 | 7,5 | 7,9 |
Dificuldade (1 a 5)
| 1,78
| 1,98
| 2,00
|
Mecânicas
| - Seleção de ladrilhos
- Bônus de fim de jogo
- Construção a partir de modelo
- Colecionar componentes
- Colocação de peças
- Reivindicar ordem de turno | - Seleção de ladrilhos
- Bônus de fim de jogo
- Construção a partir de modelo
- Colecionar componentes
- Colocação de peças
- Reivindicar ordem de turno
- Tabuleiro modular
| - Seleção de ladrilhos
- Bônus de fim de jogo
- Construção a partir de modelo
- Colecionar componentes
- Colocação de peças
- Reivindicar ordem de turno
|
Jogadores
| 2 – 4
| 2 – 4
| 2 – 4
|
Melhor para
| 2 jogadores
| 3 jogadores
| 3 jogadores
|
| Quantidade de ladrilhos de cores diferentes | 5 | 5 | 6 |
| Quantidade de rodadas | Jogadores desencadeiam o fim da partida | 6 rodadas | 6 rodadas |
| Tempo de partida declarado na caixa | 30’ – 45’ | 30’ – 45’ | 30’ – 45’ |
| Tempo médio real de partida | 45’ | 45’ | 1h 05’ |
Jogabilidade
Jogadores com um pouco mais de experiência sabem que complicar ou rebuscar regras nem sempre é sinônimo de um jogo com maior profundidade estratégica não é mesmo (Vitrais de Sintra)?!
No Azul a pontuação no decorrer da partida ao posicionar uma peça em seu modelo de parede se resume a contar os azulejos já existentes na respectiva coluna e linha. Apesar de parecer (ou acabar se tornando) simples para muitos, algumas pessoas se confundem um pouco principalmente nas primeiras rodadas/partidas sempre pedindo ajuda para os que já estão mais habituados ao jogo. Quem nunca?!
Exemplo: Para pontuar o ladrilho amarelo recém colocado, você marcaria 4 pontos pelos ladrilhos da coluna e mais 2 pontos pelo ladrilho da linha, sempre incluindo a peça recém posicionada. Total: 6 pontos.
Para completar a pontuação obtida durante o jogo, jogadores marcam pontuações no fim de jogo para cada linha e coluna completas e, ainda para cada conjunto de 5 peças iguais construídas no modelo. Simples não é mesmo?!
E você Vitrais de Sintra?! Resumindo, você pontua durante o jogo pela coluna que acabou de completar e mais a soma de todas àquelas à direita que possuem pelo menos um vitral já construído. Sem contar também na pontuação do “vitral de cada rodada”.
Exemplo: você acabou de completar a 4ª fileira escolhendo descer o vitral de cor laranja e marcando 2 pontos da respectiva coluna + 1 + 1 + 2 (pelas colunas à direita com pelo menos 1 vitral). Total: 6 pontos. Caso um dos vitrais laranja ou branco fossem a “cor da rodada” (sorteado no início da partida) você ainda marcaria respectivamente mais 1 ou 4 pontos adicionais. Ou seja, se a cor da rodada fosse o vitral branco esta rodada poderia lhe render até 10 (6 + 4) pontos!
Além disto, você deve optar no início do jogo, em conjunto com os demais adversários, pela pontuação de final de jogo tipo A ou B. No tipo A você pontua para cada janela com 2, 3 ou 4 vitrais existentes. No tipo B você pontua a multiplicação da quantidade de colunas com ao menos 2 vitrais pela quantidade de vitrais da cor que mais se repete. Deu pra entender?! E ainda não terminou! Também há pontos adicionais pela quantidade de peças que ficaram no modelo de construção e que não foram baixadas para a área de vitrais.
Nada muito complexo, mas no mínimo um pouco confuso para quem já tem uma certa dificuldade em contar os tiles existentes na coluna e na linha! Conheço algumas pessoas que se afastaram do jogo ao tentar entender esta pontuação e que aparentemente o faz parecer mais difícil ou mais complexo que o seu antecessor.
E o caçula Pavilhão de Verão? Voltou à simplicidade do irmão mais velho! Como não há mais linhas e colunas, mas sim, peças que se encaixam ao longo do jogo completando uma estrela, a pontuação ocorre pela peça recém colocada mais as peças adjacentes já posicionadas na respectiva estrela. Ou seja, até mais fácil que o primeiro. A simplicidade é tudo!
Exemplo: você acaba de posicionar o laranja na estrela central, marcando 1 ponto pela por ela mais 2 pontos pelas peças existentes à esquerda (anti-horário) e mais 1 ponto pela peça azul existente à direita (horário). Total: 4 pontos
Para complementar a pontuação, no fim de jogo os jogadores ainda pontuam por cada estrela completa e pelos espaços de “1 a 4” (identificados na ponta de cada espaço das estrelas) que foram completamente ocupados nas 7 estrelas do tabuleiro. Quer maior simplicidade do que isto?
Apresentadas estas diferenças já podemos partir para algumas análises iniciais. No Azul você busca muitas peças em comum com seus amiguinhos seja para tentar obter antes deles a combinação máxima de pontos das peças existentes nas linhas e colunas do seu tabuleiro ou então, para evitar que algum adversário pontue muito na rodada. Por haver o mesmo modelo entre os adversários e apenas 5 peças de cores diferentes o embate e a marcação direta são não somente inevitáveis como essenciais para o caminho da vitória! É até mesmo por este motivo que o BGG classifica o jogo como ideal para 2 jogadores. Por quê? Simples! Se seus outros 3 adversários te acharem um jogador forte e todos resolverem só te marcar durante o jogo, meu amigo, acabou o jogo para você!
Este embate e marcação acabam não se resumindo somente a escolha das peças, mas também podem definir o fim da partida quando um dos jogadores completa uma ou mais linhas. Ou seja, acompanhar o progresso do jogo dos amiguinhos passa não ser uma opção, mas sim, de fundamental importância para que suas pontuações não fiquem defasadas de seus concorrentes. É muito comum iniciantes ficarem focados somente em seus jogos e ouvirem alguém anunciar: “o jogo acabou”. Quem nunca escutou depois de uma partida de Azul: “Como acabou???” com aquela cara de desespero.
O Azul Vitrais de Sintra implementou uma mecânica que o diferencia dos outros dois: o tabuleiro modular. Cada jogador embaralha suas cartelas de vitrais e monta de forma aleatória o seu próprio modelo para construção. A princípio a ideia parece uma “melhoria” do primeiro Azul, mas a implementação desta mecânica também tornou o combate por peças da mesma cor bem mais ameno. O jogo ficou mais aberto e com menos marcação direta. Sendo assim, fica muito mais disputado em 3 ou 4 jogadores. Caso um adversário pegue peças de uma cor inicialmente planejada por você, há outras possibilidades de cores em colunas diferentes que podem lhe beneficiar até mais ao longo da partida. Não se esqueça que agora, pontuar a maior quantidade possível de colunas à direita do meio para o fim da partida é muito mais importante e essencial para a vitória. Portanto, tente não perder tempo brigando por peças com o amiguinho e foque em construir vitrais o mais rápido possível durante as rodadas!

Tabuleiro modular do Azul Vitrais de Sintra
Como vimos o Azul Pavilhão de Verão se utiliza de uma forma até mais simples de pontuação, muito parecida com a primeira versão do jogo. Seria um sinal de que algo não deu muito certo no Azul Vitrais de Sintra não é mesmo?!
Mas ao mesmo tempo que retorna às origens, também herda o jogo mais aberto e com menos marcação do Azul Vitrais de Sintra. Como no anterior, jogar com 3 ou 4 jogadores torna o jogo um pouco mais disputado. Quando um adversário estiver construindo uma estrela de uma determinada cor, você pode simplesmente optar por não entrar em um embate direto e partir para a construção de outra estrela já que completar o maior número de estrelas lhe renderá muitos pontos no final do jogo.
Punição
Em ambas as versões da trilogia Azul, reivindicar ser o primeiro jogador na rodada seguinte significa obrigatoriamente quebrar uma peça. Mas esta reinvindicação nem sempre é simplesmente por querer ser o primeiro jogador na próxima rodada, mas acaba sendo, principalmente, como consequência da escolha em ser o primeiro jogador a coletar uma ou mais peças que necessita do lixo (centro da mesa).
O Azul ficou muito conhecido por ser um jogo bastante punitivo rodada a rodada. Esta punição pode não só vir por más escolhas como também por aquele embate direto citado anteriormente (ou até mesmo ambas as situações). Não se desespere, pois, isto fará com que você seja um jogador melhor na próxima partida. Planejar com o que o adversário quebre o maior número de azulejos é uma estratégia que nunca deve ser ignorada rodada a rodada. Quanto mais se joga Azul mais se percebe que ele é um jogo “dedo no olho” (de Family Game só tem a categoria) e não é para pessoas boazinhas que ficam com dó de prejudicar o coleguinha ou o(a) namorado(a).
Já no Azul Vitrais de Sintra a perda de pontos por quebras não acontece rodada a rodada, mas sim em uma trilha comum. Somente se um jogador atingir o último espaço desta trilha ocorre a perda de pontos imediata, caso contrário, a pontuação será descontada somente no final da partida. Mas é por isto que o Vitrais de Sintra é menos punitivo? Não!
O Azul Vitrais de Sintra não só é menos punitivo como exalto que ele é “muito menos punitivo”. Ora, mas por quê?
A chance de acontecerem “grandes” quebras (muitas peças) rodada a rodada já é infinitamente menor que no Azul por causa de seu tabuleiro modular que lhe oferece muitas alternativas para acomodar as peças e, lembrando que essas alternativas serão sempre diferentes da do seu adversário. Mas o que torna o Vitrais de Sintra ainda menos punitivo foi a implementação do nosso grande amigo vidraceiro.
Como já mencionado o objetivo deste tópico não era o de explicar regras (sei que não estou conseguindo cumprir). Quando você posiciona um ou mais vitrais em uma determinada coluna que não seja a primeira, obrigatoriamente você deve mover seu vidraceiro para a coluna em que ele está “trabalhando”. Os próximos vitrais só poderão ser posicionados na coluna que está o vidraceiro ou à sua direita (devendo cada vez mover novamente o vidraceiro), exceto se você passar a rodada. Passando a rodada para o próximo adversário (e obviamente não posicionando nenhum vitral no seu tabuleiro) você deve voltar o seu vidraceiro novamente para o início (primeira coluna). Ou seja, não consegue posicionar vitrais e a quebra é eminente? Passe a rodada! É bem provável que outros jogadores tenham interesse naqueles vitrais para preencher suas colunas. Em dois jogadores muitas vezes esta estratégia pode não funcionar (por isso o jogo é ideal para 3 ou 4 jogadores) pois se o outro jogador também passar, você não poderá passar novamente com seu vidraceiro posicionado na primeira coluna. Mesmo assim, vale a tentativa de se livrar da quebra e, na próxima rodada, você poderá iniciar o posicionamento dos vitrais na coluna que desejar.
Ainda sem esquecer que no Vitrais de Sintra há dois espaços curingas nos tabuleiros de jogadores que podem ser preenchidos com qualquer cor de vitral (mas sinceramente não vejo isso fazer grande diferença), podendo ajudar a amenizar ainda mais alguma quebra caso estes espaços ainda estejam livres.
Quem nunca foi punido com a quebras de 6 ou mais azulejos no primeiro Azul e sentiu aquela perda de pontos dolorosa no coração??? Em todas as minhas partidas de Vitrais de Sintra só me lembro de uma única vez ter atingido a última linha da trilha e perdido os 18 pontos imediatamente e, mesmo assim, fui o vencedor da partida. Ou seja, a punição do Vitrais de Sintra é muito mais branda e o segredo para uma boa partida está longe da marcação acirrada entre os jogadores. Procure somente não se manter muito longe da punição que seus adversários receberão no final do jogo mas é bem provável que você não deixará de vencer pela pontuação negativa.
Bom, mas e o Pavilhão de Verão onde entra nesta história? Esta é a versão em que você tem que tomar o maior cuidado em ser o primeiro jogador ao comprar peças do centro da mesa. A perda de pontos não se dá só pela escolha em ser o primeiro jogador, mas sim, pela quantidade de peças que você pega nesta primeira compra. Você perderá pontos imediatamente na mesma quantidade de peças adquiridas (a peça de jogador inicial não conta). E quer uma dica? De toda a trilogia Azul, o Pavilhão de Verão é o que demonstrou ter a pontuação mais apertada no final de jogo. Quero dizer que a diferença de pontuação foi de 1 ou 2 pontos. Lógico que ainda não tenho a mesma quantidade de partidas disputadas como das outras versões, mas, chamo a atenção que gastar muitos pontos sendo o primeiro a comprar muitas peças do centro da mesa pode estar consequentemente relacionado a sua derrota!
Ao mesmo tempo que parece punir mais que o Vitrais de Sintra, o Pavilhão de Verão permite armazenar até 4 peças para a rodada seguinte. Até agora é o jogo que vi a menor quantidade de quebras pelos jogadores não conseguirem alocar as peças nas estrelas rodada a rodada. Bem menos que no Vitrais de Sintra!
E o que mais há de novo no Pavilhão de Verão?
Os famosos combos, muito adorados por eurogamers! Cercando elementos presentes no seu tabuleiro como colunas, estátuas e janelas com as peças de piso você ganha imediatamente peças bônus que ficam em um estoque comum para todos os jogadores:
Peças bônus
Conseguindo posicionar as peças bônus adquirida, você pode conseguir mais peças bônus e fazer AQUELA rodada que deixa qualquer jogador orgulhoso com sorriso de orelha a orelha e com aquela vontade de dizer: Você viu só o que eu acabei de fazer?!
Só tome cuidado com a empolgação pois pegar as peças bônus não é uma opção do jogador. Você é obrigado a pegá-las. Fazer muitos combos de peças bônus no final do jogo pode também significar não conseguir alocá-las nas estrelas e, caso isso aconteça, fará pontos negativos na mesma quantidade de peças que terminar fora de seu tabuleiro.
Ao contrário dos demais jogos da trilogia, neste Azul você não posiciona as peças recém adquiridas das fábricas direto para as estrelas do seu tabuleiro principal. Elas são armazenadas em sua reserva pessoal para em uma fase seguinte de posicionamento. Não se esqueça que, ao contrário do que criadores de conteúdo já divulgaram equivocadamente, você aloca apenas uma peça, depois o próximo jogador no sentido horário aloca uma peça e assim sucessivamente até que todos tenham passado. Muitos tem jogado erroneamente fazendo todas as alocações de uma única vez.
Chamo a atenção que por haver esta etapa adicional de alocação, espaço por espaço, jogador por jogador e, os MEGA COMBOS de peças bônus que podem render minutos adicionais rodada a rodada, este sem dúvida é o Azul mais demorado de todos. As partidas passam de 1 hora se compararmos aos 45 minutos das outras versões.
Ao contrário do Vitrais de Sintra onde há dois espaços coringas, temos agora no Pavilhão de Verão as peças coringas que variam de cor de acordo com o número da rodada. Estas peças coringas podem ser usadas para completar a quantidade de peças necessárias para alocar uma peça em uma estrela. A única crítica que faço é que as peças coringas poderiam ser aleatórias e sorteadas no início do jogo, assim como é feito para as “peças da rodada” no Vitrais de Sintra.
Rejogabilidade
Somente pelas análises já realizadas, fica claro que minha preferência como gamer é por jogos que o nível de desafio seja elevado ao extremo. A competitividade pela disputa apertada de peças, espaços, estratégias, pontuação, entre outros, me fascinam! De toda a trilogia, o Azul Vitrais de Sintra é o jogo que menos me desafia, que menos me leva ao nível da competitividade que tanto me diverte. Sabe quando você joga algo já no modo automático? É assim que me sinto jogando o Vitrais de Sintra.
Mas e o Azul e o Pavilhão de Verão? Realmente está próximo do Azul como agora todo mundo tem falado? Em 2019, o Sintra não era o melhor? O Pavilhão de Verão é finalmente o melhor da trilogia????
Sinto lhe informar, mas a resposta é não. E é um não com muita convicção: NÃÃÃOOOOOO!!
O Azul continua sendo o Santo Graal da trilogia, o hors concours que sequer mereceria estar participando desta enquete. É a perfeição em forma de Board Game. Isso significa que o Azul Pavilhão de Verão não chega a gerar dúvidas ou fazer cosquinhas para o seu reinado. Azul continua reinando soberano. E sabe por quê?
Por causa de uma regra básica que todos se esquecem (alguns nem sabem que ela existe) ao jogarem somente no modelo padrão do Azul (frente do tabuleiro): uma peça nunca pode se repetir na mesma linha e nem na mesma coluna. Regra esquecida, pois, no modelo padrão peças nunca se repetem na mesma linha e na mesma coluna reparou?!
Meus amigos, saiam da zona de conforto e joguem com o verso do tabuleiro (sem o modelo padrão). A cabeça “EXPLODE”, seu cérebro frita e é indescritível não só aquela sensação de ir encaixando as peças (sem repetir a mesma peça na mesma linha ou coluna) como também do &*%#(¨$@& ME DEI MAL! TRAVOU TUDO AQUI NÃO POSSO POR ESSA PEÇA!
Esta sensação de jogar um jogo novo, com um novo desafio a cada partida (pois você nunca conseguirá repetir o mesmo modelo), sendo punido pelas colocações erradas que faz, pela marcação acirrada na escolha das peças, pelo feeling do progresso do jogo (jogadores que definem o término da partida) só acontece no Azul. O maior dos maiores! E não posso deixar de comentar sobre a nova expansão Mosaico de Cristal. Pelo dashboard de plástico para deixar as peças alinhadas? Claro que não (apesar de ninguém gostar de rejunte torto na parede não é mesmo)!! Os novos modelos para construção são espetaculares. Eleva aquela sensação de desafio quase que ao extremo! Ouso dizer que muitos jogos “hardcore” podem não te levar a este desafio como o simples e grandioso Azul.
Azul com a expansão Mosaico de Cristal
Mas o Pavilhão de Verão também possui um modelo novo no verso com criação livre igual o Azul. Isso não o colocaria no mesmo patamar do Azul? Infelizmente não! O modelo no verso do Pavilhão de Verão lhe permite construir estrelas de qualquer cor (ou mista como a estrela central do modelo padrão) em qualquer posição que deseje. Isso muda a jogabilidade, as estratégias que podem ser adotadas, mas em momento algum você travará seu jogo por não poder colocar uma peça repetida na mesma linha ou na mesma coluna como no Azul.
Considerações finais
Se você é daqueles jogadores competitivos que não tem medo de “dedo no olho”, curte um modo “sanguinário” ativado e gosta daqueles desafios que dão aquela “fritada” no cérebro, seu jogo é o Azul. É também sem dúvida o jogo mais fácil de explicar a novos jogadores.
Se você não gosta de jogos com marcação tão acirrada, mas prefere jogadas planejadas que podem lhe render diversas ações extras adicionais ao longo da partida (aquele eurogame bacaninha), seu jogo é o Azul Pavilhão de Verão.
Se você não se encaixa em nenhuma das situações, seu jogo é o Azul Vitrais de Sintra. Brincadeira! Se você é daqueles jogadores que ficam sentidos quando toma uma “pernada” no jogo e não gosta de ficar quebrando a cabeça com combinhos para ampliar a quantidade de ações na rodada ou se frustra ao fazer pontuações negativas, seu jogo é o Vitrais de Sintra! Só tenha um pouco de paciência com as regras de pontuação que podem parecer um pouco confusas. Mas sem dúvida é o mais Family Game da trilogia.
Se você é como eu, seja bem-vindo à TRILOGIA AZUL! O melhor jogo é aquele que cai bem para você e para o seu grupo. Atualmente, meu ranking pessoal desta trilogia é o seguinte:
1- Azul
2- (espaço vago para algum plebeu tentar se aproximar da majestade)
3- Azul Pavilhão de Verão
4- Azul Vitrais de Sintra
Jogos como Azul (e aqui falo de qualquer um da trilogia) merecem ser apreciados e apresentados a novos jogadores. Elevam Michael Kiesling do patamar de um bom designer de jogos para o patamar dos designers geniais assim como fizeram Patchwork com Uwe Rosenberg, Pega em 6! com Wolfgang Kramer, Codenames com Vlaada Chvátil, entre outros. Citar jogos complexos com manuais de 20 páginas como favoritos é fácil, mas a simplicidade e a profundidade estratégica é que encantam!
Críticas, sugestões e opiniões comentem neste tópico. Se identificou com alguma história? Contribuí de alguma forma com a sua escolha? Compartilhe aqui suas experiências com essa obra magnífica de Michael Kiesling.
Abraços e boa jogatina a todos!!
Denis