Caríssimos e Caríssimas
O problema que eu vejo em jogos desse tipo, com rejogabilidade zero, como é o caso dos "legacy", é que ele se adéqua a um tipo muito específico de jogador, ou seja, eles são sob medida para aquele pessoal que tem um grupo fixo, com disponibilidade para jogar sempre, que gostam do tema, etc.
Assim sendo, esse pode até ser o perfil de parte do público de boardganers, mas certamente não é o perfil do público em geral. Nesse caso esse tipo de jogo acaba sendo direcionado para o nicho do nicho. Até porque pagar R$ 350,00 só pela experiência de um jogo de tabuleiro, que dure apenas 5 partidas, eu acho caro demais, por melhor que o jogo seja.
É claro que eu sou suspeito para falar porque certamente eu não me encaixo nesse perfil legacy/experimental. Portanto, apesar das minhas reservas, certamente o jogo tem muito valor, só não é para mim e para os meus. Particularmente, eu me divirto muito mais com uma partida de Deception - Murder in Hong Kong, que praticamente se resume em blefe, poder de manipulação e capacidade de argumentação, e tem apenas uma pequena fração da profundida dos casos desse Detective. Todavia, eu acredito que, provavelmente a minha diversão será maior com o Deception, e digo "provavelmente", porque não joguei o Detective, e seria leviano da minha parte afirmar que me divirto mais com outro jogo, sem ter jogado esse Detetive. Até porque em função da alta rejogabilidade, um jogador pode experimentar vários papéis diferente (legista, assassino, cúmplice e testemunha) que se revesam ao longo das partidas.
Mas para quem tem um perfil diferente do meu, e que esteja disposto a gastar R$ 350,00 em um jogo com 5 partidas, ou consiga encontrar amigos para dividir esse custo, talvez o jogo seja uma boa pedida.
Minha ressalva final ao lançamento de jogos desse tipo, é que eles se destinam a uma parcela já consolidada do público de boardgamers. Por isso, jogos tipo "legacy", ou com baixíssima rejogabilidade, por mais legal que seja a experiência proporcionada, contribuem muito pouco para difundir o hobby para mais pessoas. Desse modo fica mais difícil criar um mercado consumidor maior e mais forte, que proporcione um aumento na escala da produção nacional de jogos, e que se traduza em maior diversidade, e quantidade de lançamentos, além de preços mais acessíveis. Pelo menos é essa a minha humilde opinião.
Um forte abraço a todos.
Iuri Buscacio