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Hoje a lição será polêmica. Tem gente que adora aquele jogo com 5 modos de jogo diferente, tem modo família, modo cooperativo, modo times, modo avançado e modo semi-cooperativo. Para mim, na maioria dos casos, isso é um sinal de cilada. E vou tentar lhe convencer a evitar.
Antes de começar, vou estender e englobar nessa discussão as variantes no final do manual. Tem jogos que colocam como variante alterações na condição de final de jogo. Outros jogos alteram a Preparação do jogo radicalmente para que o jogo tenha menos influência da sorte. Basicamente, quero conversar hoje sobre jogos com modos e variantes que não são de fato necessários. Isto é, variantes solo eu acho válidas, pois permitem que um jogo comporte uma quantidade mais abrangente de jogadores. Assim como modificações nas regras para comportar mais ou menos jogadores na mesa.
Mas Roberto, você não ta exagerando? É muito legal que o jogo tenha diversas regras diferentes, pois assim os próprios jogadores podem decidir a melhor maneira de jogá-lo. É aí que mora o problema. O Game Designer é você e não o jogador. Seu trabalho é proporcionar ao jogador a melhor experiência possível do seu jogo. Seu trabalho também é criar um jogo com um público alvo específico. Seu trabalho também é saber qual o escopo do seu jogo. Então, não é interessante você criar um jogo que tenta ser tudo, termina que ele não agrada à ninguém… A não ser que você seja um Vlaada Chvátil.

Manual dentro do manual. Jogo Mage Knight do Vlaada, inúmeros modos e variantes para serem jogados. Qual o segredo do sucesso? Mage Knight foi criado para ser um Sandbox, isto é, comportar vários modos. Quer criar um jogo com muitas variantes? Faça deste o seu escopo.
Logo, quando eu vejo variantes ou modos de jogos excessivos, eu penso que o Game Designer ficou indeciso em como formular seu produto final e colocou todas as ideias que ele teve pena de cortar no manual do jogo. Isso me causa uma má impressão, a impressão que faltou desenvolvimento, faltou Playtest, faltou criar um produto final. Você, Game Designer, precisa testar todas as suas variantes para encontrar qual é a melhor para a proposta do seu jogo. Assim, não deixa nas mãos dos jogadores “lapidar” o seu produto por você.
Claro que minha conversa aqui é com Game Designers. Você, jogador, pode querer criar house rules ou achar excelente um jogo ter variantes que você possa testar. Mas eu, como Game Designer, não gosto de trabalhar em um jogo já pronto. Na minha visão, outro Game Designer teve todo um trabalho (longo e árduo) para testar e deixar pronto a melhor versão do jogo dele. Eu não vejo a necessidade de modificar o jogo após uma partida para deixá-lo “melhor”. Na realidade, se eu perceber esse tipo de coisa em poucas partidas, é mais fácil eu vender o jogo do que modificá-lo. Alterar um jogo nunca é tão simples quanto parece e, se é para ter trabalho, eu prefiro trabalhar nas minhas próprias criações.
Hoje a conversa fiada foi curta, mas segue resumão final. Crie um único jogo da melhor maneira que você conseguir desenvolvê-lo para a sua proposta. Não crie um jogo que é uma colcha de retalhos. Variantes deixam o jogo sem identidade, perde um pouco de credibilidade e, para completar, deixa o jogo indefinido. Afinal, se nem o designer decidiu qual é a melhor versão do jogo dele, porque o jogador deveria decidir?
Postagem original:
https://pinheirobg.com/index.php/2018/01/05/licao-32-evite-criar-varios-jogos-em-um-so/