mabsousa:: Eu gostei do texto e da relação que foi apresentada entre o tema e sua realidade oculta.
Os hediondos fatos históricos devem ser eternizadas em outro lugar.
Eu não quero jogar algo e ter que lembrar do holocausto.
Isso causa desconforto e um momento de lazer não é lugar para ter isso esfregado na minha cara.
Isso deve ser eternizado através da educação.
Consigo compreender o seu clamor, mas não concordo com a metodologia.
Sobre jogos nacionais, falta mesmo o incentivo.
Nós temos uma vida difícil, comparada a designers de outros países que conseguem trabalhar com uma certa tranquilidade.
Olá mabsousa!
A ideia não é que os jogos precisem trazer hediondos fatos históricos. O problema é ele naturalizar os hediondos fatos históricos, como usar escravos para ganhar pontos de vitória ou glamurizar classe escravocrata etc. A grande questão é que, quer queiramos ou não, todo processo lúdico é também um processo pedagógico, mesmo que a intenção do designer não tenha sido essa. Não acho que uma horda de jogos que tragam temas de aristocratas, nobres, escravocrata etc. deixe de passar uma mensagem de "como é legal" gerenciar tais negócios e mexer os meus "colonos" para ampliar os meus lucros e exportações.
Acho que os boardgames passam por um momento em que o humor já passou há tempos atrás. Antes não se sabia fazer um humor e tirar gargalhadas do público sem fazer uma piada de cunho racista, misógino, homofóbico, gordofóbico, xenófobo (piadas com portugueses?) ou com diversos preconceitos de classe. Esse tipo de humor pautou por muito tempo como e de que ríamos, inclusive desde a nossa infância. A maioria da sociedade não via problema algum nesse tipo de humor e se divertia naturalizando tais piadas. Faltava criatividade para fazer um bom humor com temática crítica, que não trouxesse esse lado hediondo para a nossa diversão.
Acredito que há como se criar jogos sem o lado hediondo da história. Mas os momentos hediondos da história possuem dois lados da moeda. É hediondo ser escravizado assim como o é ser um escravocrata. O hediondo está a todo o instante nos boardgames, mas oculta uma face da moeda e glamuriza apenas uma delas (e isso traz uma mensagem, de qualquer forma). Talvez o que eu venho problematizar seja mais isso. Se não é para ter um lado hediondo, que também não tenha o outro.
Ou que o lado hediondo, se for retratado na temática do jogo, traga as duas faces da moeda, para não rechearmos a nossa diversão com uma banalização do hediondo.
É isso. Obrigado pelos comentários.
Como outros e outras colegas de hobby tinham comentado, também fiquei com receio da repercussão desse texto. Mas vi que estamos seguindo um bom e saudável caminho de diálogo!
Abraços a todos e todas!