Descolado chegando na área e trazendo para vocês PACMAN - THE BOARD GAME! Acho que até ETs sabem do que se trata. O ícone dos jogos de fliperama (video game e afins) dá as caras no mundo dos TABULEIROS com um ótimo representante.

Eu particularmente nunca fui fã deste jogo nos arcades, apesar de gostar de ver a galera jogar (e ir longe) neste jogo. Em níveis altos era uma verdadeira covardia o que acontecia: os fantasminhas ganhavam mais poder, o labirinto ficava pior e necas do PACMAN ganhar alguma vantagem - tempos difíceis para os mocinhos dos vídeo games.
Não havia um padrão no movimento dos fantasmas, era tudo quase aleatório tornando impossível fugir dos pestinhas (isso já me incomodava naquela época).
Chega de WAKA WAKA e vamos ao que interessa, afinal, vale o investimento?
COMPONENTES
Aqui é que o jogo se destaca. PACMAN THE BOARDGAME é um jogo extremamente agradável aos olhos. Tá tudo lá: o PACMAN, o BLINK, o INK, o PINK e o CLYDE (aposto que você não sabia o nome deles). Miniaturas enormes, coloridas e de ótimo material (pode derrubar que não quebra - exceto o PACMAN, que requer mais atenção).

Tudo bem acondicionado dentro da caixinha.

Material totalmente RETRÔ.

Manual simples porém bem explicativo.

Fala sério, impossível olhar para isso e não lembrar da infância!
O labirinto está maravilhosamente bem representado com suas bolinhas, frutinhas, a gaiola dos fantasmas, suas saídas laterais que permitem aos personagens passar de um lado para outro da tela, tudo isso com uma arte 100% pixelada (em forma de pixels, característica dos jogos dos anos 80), um visual RETRÔ que nos faz viajar no tempo.
O tabuleiro é todo de plástico, modular (ótima qualidade) e "encaixável", são 4 partes que se conectam como um quebra-cabeças. Há dezenas de pinos amarelos que precisam ser encaixados nos furos para representar os "pontinhos" que o PACMAN precisa "comer". Uma vez encaixados eles NÃO PRECISAM SER REMOVIDOS (graças a Deus!). Eles só precisam ser "puxados para cima" de modo a ficarem um pouco elevados para que o PACMAN os "pressione" por onde passar, indicando que ele comeu aquele pontinho. Use alguma coisa para pressioná-los ou vai deixar seus dedos doendo.

É preciso encaixar todos os pinos nos furos, mas isso só é feito da primeira vez (use alguma coisa para não machucar os dedos). Não tem pino reserva portanto cuidado para não quebrá-los. Apesar de serem de ótima qualidade, melhor não arriscar.

São 4 partes que encaixam como num quebra-cabeças. Mas nada de alternar, eles só encaixam de uma única forma, portanto vamos ter uma única tela.

WAKA WAKA
O esmero em fazer o jogo foi tamanho que os criadores tiveram a audácia de colocar um "mini auto-falante" no PACMAN, que já vem com PILHAS (3 pilhas de relógio) para que ele faça seu som tão marcante (WAKA WAKA) enquanto caminha pelo labirinto comendo pontinhos. Isso mesmo senhores, sempre que come um pontinho no tabuleiro o PACMAN emite um "WAKA". É um dispositivo de pressão que fica no pé dele e sempre que é pressionado, produz um som. Sensacional [huahuaauha].

O PACMAN já vem com 3 pilhas para permitir reproduzir seu som característico quando é pressionado no tabuleiro.
O JOGO
PACMAN THE BOARD GAME é um jogo semi-cooperativo bem simples e essencialmente um jogo de sorte. Ele permite até 5 jogadores (1 controla o PACMAN e os demais controlam os fantasmas). O PACMAN rola 3 dados D6 e move o valor rolado passando por cima dos pontinhos e pressionando-os para mostrar quais foram "comidos".


Em seguida vem o turno dos FANTASMAS onde um jogador compra uma carta que vai revelar a ordem de movimento dos "espectros" e quantos pontos de movimento cada um vai mover (todos movem no mesmo turno).
Há dois tipos de jogo: O modo BÁSICO dá ao PACMAN apenas 1 vida e no modo ARCADE ele tem 3 vidas, mas o deck dos fantasminhas ganha 5 cartinhas marotas que permitem aos pestinhas moverem mais deixando obviamente as coisas mais complicadas (em tese).

Carta do modo "arcade" (em amarelo, à esquerda) e carta normal (à direita). Não há tanta diferença assim entre elas.
HORA DA REVANCHE
Há também as POWER PELLETS (eu chamava de VITAMINA): As pílulas maiores que permitem ao PACMAN comer os fantasmas. São tokens colocados nos 4 cantos do tabuleiro. Sempre que passa sobre este token o movimendo do PACMAN termina e em seguida ele deve rolar os 3 dados individualmente, podendo sair à caça de seus algozes (ao contrário dos video games, aqui eles não podem fugir porque eles não tem turno quando isso acontece).
Se alcançá-los, basta remover a miniatura do fantasma e trocar por um par de "olhinhos" da cor correspondente. Os "olhinhos" se movem como os fantasmas, eles precisam voltar para a gaiola para poder retornar ao jogo.
Por fim, há cartas de FRUTAS no meio do deck que permitem colocar um token de FRUTA no labirinto, que serve apenas para dar mais pontos para o PACMAN.

Quando passa por cima de um "pontinho" o PACMAN o pressiona. Pinos levantados ainda não foram "comidos".

No turno dos fantasmas é um desespero. Sai fantasma pra todo lado e só uma "power pellet" pode salvar nosso amigo se ele for cercado.

POWER PELLETs permitem ao PACMAN comer um fantasma caso o alcance. Os "olhinhos" característicos são sensacionais.
CONCLUSÃO
Longe de ser um jogo que vai te fazer "ferver os miolos", PACMAN é um jogo feito para fãs, saudosistas ou para brincar com seus parentes distantes ou com a criançada. O jogo exige cooperação já que os fantasmas não podem atravessar um ao outro o que pode fazê-los se "bloquearem" e assim permitir ao PACMAN escapar de ser encurralado.
A única salvação do PACMAN no jogo são as "power pellets". Sem isso ele fatalmente estará fadado à derrota e se ele deixar um quadrante sem comer todos os pontinhos, dificilmente conseguirá voltar lá para pegá-los já que, ao contrário dos fantasmas do video game, aqui eles são "inteligentes" e podem cercá-lo.
Como é impossível antecipar quanto cada fantasma vai mover no seu turno e também não há como saber quanto o PACMAN vai mover, temos que não existe PLANEJAMENTO algum e portanto cabe aos jogadores apenas OBSERVAR para onde estão indo tentando antecipar o movimento do oponente.

Tenham em mente que este é um jogo de MARCAR PONTOS e não um jogo com objetivo definido (assim como na versão eletrônica). Você vai limpar a tela várias vezes comendo todos os pontinhos e terá que reiniciar o processo, repetindo e repetindo sem que "nada novo" seja acrescentado. Não é possível criar novas telas porque elas só se encaixam de uma única forma - comeram bola nesse quesito na minha opinião.
Por isso é importante frizar o conceito de REVEZAMENTO já que a PONTUAÇÃO é o que importa. Todos tem que jogar com o PACMAN e todos tem que controlar os FANTASMAS caso contrário o conceito de "rejogabilidade" vai para o espaço e você vai ficar com a nítida sensação de que jogou dinheiro fora. Lembre-se: Placar final é o que importa e bata o recorde!

PACMAN THE BOARDGAME é, em essência, um VIDEO GAME FÍSICO, uma portabilidade praticamente íntegra e fiel dos arcades diretamente para sua mesa, com uma crucial diferença: Aqui MUITOS podem se divertir ao invés de apenas um único jogador.
Seu maior atrativo é, de longe, sua mecânica SEMI-COOPERATIVA. A ausência quase total de elementos que permitam planejamento é facilmente substituída pela incitação à COMPETITIVIDADE. Seu amigos vão caçá-lo implacavelmente pelo tabuleiro tentando impedir que você os vença nos pontos enquanto seus filhos vão querer trucidá-lo já que crianças são bastante competitivas (e elas tem facilidade maior para contar).
House rules são bem vindas para tentar tornar o jogo mais atraente (como por exemplo dar a opção ao PACMAN de mover no mínimo 9 casinhas caso opte por não rolar os dados, para evitar que ele role um "3" e assim perca o jogo logo de cara).

Mais uma excelente portabilidade feita dos consoles para o tabuleiro, PACMAN THE BOARD GAME é um jogo muito bonito, muito bem feito e com excelentes atrativos para seus parentes menos chegados ao tabuleiro - dificil alguém resistir a este jogo montado numa mesa. Mas deixa muito a desejar como "tabuleiro" no sentido para o qual estamos acostumados.
1 UP
- Peças de excelente qualidade;
- Estilo "retrô" com arte pixelada agrada aos fãs;
- Sistema de "comer pontinhos" bastante agradável sem a necessidade de ficar removendo ou inserindo pinos o tempo todo;
- PACMAN produz seu som característico ao comer pontinhos;
- Sistema semi-cooperativo contribui para aumentar seu público;
GAME OVER
- Sem regras SOLO;
- Tabuleiro não permite criar novos cenários;
- Ausência de elementos estratégicos que permitam algum planejamento;
- Excessiva dependência da sorte;