Escrita por: Rodrigo Neves.
Sinopse do Jogo:
Titan é um jogo de guerra lançado em 1980 pela Avalon Hill e criado pelos designers Jason B. McAllister e David A. Trampier. O exemplar desta resenha é um relançamento pela Valley Games de 2008. Ele não é dependente de idioma, por ser todo iconográfico, mas também não possui nenhum material de apoio em português. Sendo de 2 à 6 jogadores, pode durar de 2 à 10 horas uma única partida, de acordo com o total de jogadores e a experiência dos mesmos com o jogo.
Objetivo:
Titan é um jogo de guerra e fantasia que coloca você no controle de um Titã recrutando criaturas míticas, para combates épicos entre os jogadores. Este jogo clássico é dividido em duas realidades, o Masterboard e os Battleboards. No Masterboard, legiões vagam tentando recrutar monstros maiores e mais poderosos, visando matar as legiões dos seus oponentes. Quando um combate acontece, a ação se desloca para o Battleboard correspondente ao terreno de luta. Depois de muitos dados lançados, o exército que se mantém de pé é devolvido ao Masterboard com os despojos de guerra: seus pontos de experiência.
Os pontos são usados para recrutar Anjos, Arcanjos e para aumentar o poder do líder do exército do jogador: seu Titã. Com o aumento de pontos, os Titãs se tornam cada vez mais poderosos. No final do jogo, ele é capaz de matar personagens com um único golpe.... Mas tome muito cuidado: se o Titã morrer, o jogador está fora do jogo.
Mecânicas:
- Colecionar Componentes;
- Posicionamento Secreto;
- Rolagem de Dados;
- Rolar e Mover.
Componentes:
O jogo vem em uma caixa de boa qualidade e de tamanho médio, muito pesada, contendo um conjunto de componentes bem compactos. São mapas, guias de referências e muitos, muitos, mas muitos tokens de criaturas.
Entre os componentes na caixa, se encontram duas planilhas de referência que ajudam os jogadores na hora de calcular os índices de sucesso para os ataques, nos cálculos para os ataques a distância e uma árvore tecnológica para gerir o recrutamento de novas unidades. São feitos com um papelão fino, mas bem rígido e de qualidade. Também vem junto uma pequena tabela de pontuação de experiência dos jogadores.
Na caixa temos a disposição 6 Battleboards, tabuleiros que representam as 11 arenas de batalha, em tipos de terrenos diferentes como: desertos, montanhas, tundras, florestas, pântanos, planícies e outros. Entre estas arenas, 5 delas são dupla face e uma delas com uma face só. Todos os boards tem marcações com áreas de perigos ou restrições especiais, assim como a indicação dos tipos de personagens nativos das regiões.
Os Battleboards são efetivamente tabuleiros de verdade, de grande qualidade e feitos com papelão bem espesso.
Também encontramos na caixa o Masterboard, tabuleiro de movimentação das legiões em jogo, separados em duas peças. Possui ótimo acabamento e muitas cores, mas trabalha com um sistema iconográfico bastante carregado, que pode causar uma impressão bem poluída nas primeiras partidas.
O Masterboard conta com tabelas de referência rápida, para consulta dos tipos de unidades nativas à cada tipo de terreno, bem como um resumo da iconografia usada no mapa, para as regras de movimentação das tropas.
Observe este zoom no Masterboard.
Por baixo dos tabuleiros e guias, encontramos um insert de fábrica espetacular... Todo formado em plástico transparente, permite uma perfeita organização dos tokens de legião e unidades presentes no jogo.
E o mais fantástico.... impresso no fundo da caixa, temos a representação visual do que deve ser acondicionado em cada um dos espaços, o que agiliza de forma absurda guardar o jogo. Vale nota 10,0 pela grande sacada.
Cada um dos até 6 jogadores, tem a sua disposição, para a cor escolhida: 12 tokens de legião, um Titã, 3 Anjos e marcadores para a tabela de pontuação.
O jogo ainda conta com 20 dados para movimentação e combate e tokens para a marcação dos danos sofridos pelas unidades durante o combate.
Por fim, existem centenas de tokens que representam todas as unidades que podem aparecer no jogo. Entre elas temos os Lordes (Titã, Arcanjo e Anjo), os Demi-Lordes (Guardião e Warlock) e uma grande quantidade de criaturas que (Dragão, Minotauro, Hydra, Leão, Troll, Colosso, Ogro e muitos mais).
Síntese do Jogo:
Para o setup do jogo devemos abrir o Masterboard na mesa e reservar um bom espaço para receber os Battleboards, sempre que um combate for acontecer. Colocamos os marcadores de pontuação das cores dos jogadores no tabuleiro de pontuação, conforme a imagem abaixo.
Cada jogador inicia com 2 legiões. Eles recebem 2 tokens de legião (a escolha deles), o Titã e um Anjo da sua cor, 2 Gárgulas, 2 Centauros e 2 Ogros.
Cada legião inicial deve ter um Lorde (Anjo ou Titã) e 3 das criaturas iniciais a escolha do jogador. Todas as fichas devem ser viradas para baixa e empilhadas. No topo, é colocado o símbolo daquela legião.
No sentido horário, cada jogador deve lançar um dado para cada legião para descobrir qual a numeração dos castelos que cada uma das suas tropas irá começar. Exemplo: dado 4 significa o castelo 400. Todos alocam suas tropas por este critério.
Os jogadores irão iniciar uma sequência de turnos contínua, que se prolongará até o fim do jogo. O jogador da vez será chamado de Líder e será considerado o atacante em qualquer combate que ocorrer em seu turno.
No seu turno, o Líder passará por 4 fases: Início, Movimentação, Combates e Recrutamento. As fases devem seguir a ordem descrita, e o início de uma fase apenas se dá quando a anterior encerra por completo.
FASE 1 – Início: É o momento do jogo onde o jogador pode criar novas Legiões, separando uma Legião que ele possui em duas outras menores. Cada nova Legião deve conter no mínimo 2 personagens, de qualquer tipo, mas a escolha fica oculta aos demais jogadores.
FASE 2 – Movimentação: O jogador lança um dado, e o valor obtido será o disponível para a movimentação das suas tropas. Pelo menos uma Legião deve se mover, e cada movimento deve no valor exato do dado, nem mais nem menos. A única exceção é quando se encontra uma Legião inimiga no caminho, onde o movimento cessa.
O jogador deve obedecer às restrições de movimento indicadas no Masterboard.
Teletransporte: Caso o resultado seja do lançamento seja 6, qualquer legião contendo um Lorde (Titã, Anjo ou Arcanjo) pode optar em se teletransportar para um castelo vazio a sua escolha. Mas neste caso, o jogador deverá revelar o Lorde daquela região, para comprovar a ação.
Caso o Titã já tenha atingido o nível 400 ou mais, e o resultado do dado de movimento tenha sido 6, o jogador poderá teletransportar a legião que o contém para uma região qualquer do Masterboard, que contenha uma Legião adversária.
FASE 3 – Combate: Ao terminar um movimento em uma região ocupada por uma Legião inimiga, neste momento, deve-se iniciar o combate. Devemos pegar o Battleboard que representa a região do confronto e abrir as legiões em lados opostos do Board (o atacante usa um lado com 4 hexágonos e o defensor fica no lado oposto, que sempre terá 3 hexágonos apenas).
Cada personagem, possui um valor de força (abaixo e à esquerda) que indica o total de dados que ela joga em um ataque e também seus pontos de vida, e um valor de habilidade (abaixo e à direta) que indica o nível da criatura e sua movimentação máxima no Battleboard. Algumas criaturas tem as habilidades de vôo e/ou ataque a distância, representados em seu token.
Alternando entre o defensor e o atacante, um combate é dividido em duas fases: manobra e ataque. Durante a manobra, o jogador pode mover uma vez cada personagem, e na fase seguida realizar seus possíveis ataques. Ataque corpo a corpo só é possível em hexágonos adjacentes.
Devemos cruzar os níveis de habilidade das criaturas em combate para descobrir qual o valor mínimo de acerto nos lançamentos dos dados de ataque.
Em seguida, lançamos o número de dados referentes à força de cada um dos personagens, e contamos o total de acertos, atribuindo um dano para cada acerto obtido.
O Titã possui uma condição especial para sua força: ela sempre será dada pela soma: 6 + 1 por cada 100 pontos completos a tabela de pontuação. Isto significa que um Titã com mais de 1200 pontos de experiência, joga 18 dados de ataque e possui 18 pontos de vida.
Se o dano recebido for superior à força do personagem, ele é destruído e sai do jogo. Senão, ele continua no jogo com os danos recebidos. Nenhum personagem se cura durante o combate, e o combate só termina com a total destruição de uma legião. No fim do combate, quando uma Legião vitoriosa retorna ao Masterboard, todos os seus danos são curados.
Mas atenção... existe um contador de rodadas em todos os Battleboards, que precisa ser deslocado no final de cada turno do atacante. Se ele atingir o máximo, não podendo mais ser deslocado no fim do turno, e o combate não tiver terminado, o defensor vence o combate automaticamente.
No final do combate, cada jogador vitorioso recebe como pontuação de vitória o valor dado pelo produto: Força x Habilidade, para cada personagem adversário abatido. O perdedor não ganha nada.
FASE 4 – Recrutamento: Ao terminar seu turno, o jogador pode optar em recrutar novos personagens para suas legiões presentes no Masterboard. Para isto, deve consultar o tipo de criaturas nativas na região em ela está, e ainda a árvore tecnológica de recrutamento.
É possível incluir uma nova criatura nativa da região, em sua Legião, desde que você já tenha uma outra criatura nativa de nível igual ou superior a ela naquela Legião. Ou você pode trocar duas criaturas iguais nativas por uma outra de nível superior.
Término do Jogo:
O jogo acaba quando apenas um Titã restar no board ou quando os jogadores desistirem de jogar, o vencedor será aquele que possuir o Titã mais experiente.
Existem muitas regras presentes no jogo que não foram citadas nesta resenha: invocação de Anjos/Arcanjos, penalidades de terreno, critérios de movimentação no Board principal, ataques a distância e muito mais. É um jogo muito complexo e o principal objetivo desta resenha é dar uma visão geral do jogo: objetivo, componentes e mecânicas.
Avaliação:
Titan é um jogo único, fascinante e épico. Apesar de ser um jogo antigo, até hoje tem uma legião de fãs no Boardgamegeek. Muitos dados para jogar, grande variedade de personagens, um sistema de movimentação muito diferente, recrutamento de novas unidades por árvore tecnológica e todo combate é feito através um tabuleiro a parte, como se houvesse um "zoom" na batalha. É um jogo muito singular, contendo muitas mecânicas originais e únicas.
A rejogabilidade é enorme... e a curva de aprendizado também. Sem contar que não existe material em português sobre o jogo, seja escrito ou audiovisual. E o manual é absurdamente técnico, com muitos detalhes, nuances e exceções. É um jogo um pouco dificil de digerir de uma única vez.
Muito podem achar que seria um jogo fabuloso se fosse relançado com miniaturas, mas com certeza isto inviabilizaria uma série de mecânicas, como o movimento oculto das tropas, por exemplo. E pelo volume e variedade de tropas, teríamos custo, volume e peso impraticáveis para o jogo. As regras e mecânicas são muito bem amarradas e dependentes da escolha do material do jogo.
Vale frisar que Titan é um wargame. E muita gente não gosta do estilo pelo grande fator sorte envolvido, eliminação de jogadores e altíssimo downtime. Particularmente não são características que me incomodam em um jogo que verá mesa ocasionalmente, e por isto, achei um bela aquisição para a coleção. Agora, na minha opinião, Titan é um jogo que brilha para 2 jogadores. Não há uma espera muito grande, se um jogador for eliminado do jogo acaba e o tempo de uma partida fica muito mais aceitável.
Ele é um jogo raro, OOP e difícil para se obter uma cópia. E o pior... pode ser considerado um jogo de pouca liquidez... É caro, mas poucas pessoas se dispõe a pagar o valor justo para adquiri-lo. Sobre a indicação de outros jogos no mesmo estilo, infelizmente, não consigo imaginar outro que se compare a sua proposta.