Um belíssimo time de cobras-criadas se reuniu em volta de uma mesa de Dune (2019 Edition) no sábado passado na Mansão Bevilaqua, um dos redutos mais exclusivos do bordiguêime brasiliense. Confiram comigo a escalação:
Emperor: Ricardo (Gamapol);
Bene Gesserit: Hermes (Hermes);
Atreides: Marcius;
Fremen: Edson (ealmeidabsb);
Harkonnen: Arnaldo (AcqWar); e
Spacing Guild: André (AndréArrais), nosso maiúsculo anfitrião.
No comando dos Atreides, minha maior preocupação era conseguir spice. Qualquer estudante do ensino médio sabe que quem controla o spice controla o universo, e minhas fontes de spice se resumiam a duas: catar essa porcaria na superfície do planeta (sempre arriscado) ou vender informações sobre os decks de Spice e Treachery.
O primeiro turno correu suave: o Imperador ganhou seus trocados no leilão, eu fui anotando quem estava com qual carta, SG ganhou fazendo frete, Fremen ficou chupando dedo e contando grãozinhos de areia, BG foi caindo de pára-quedas com os demais jogadores, e Atreides e Harkonnens foram garimpar spice no tabuleiro. Parecia um euro de tão tranquilo.
No segundo turno, estabeleceram-se as alianças que perdurariam até o fim da partida:
-- Harkonnens se aliaram ao Imperador. Bela jogada. Com 8 cartas de Treachery e 4 traidores, os Harkonnens ganham uma vantagem absurda se conseguirem alguém que os patrocine.
-- Spacing Guild se aliou às Bene Gesserit. Outra aliança interessante, que combina a onipresença das BG com o poder de movimentação da SG.
-- Atreides e Fremen formaram uma aliança bastante temática e natural, combinando o conhecimento sobre o planeta Dune dos Fremen com a onisciência dos Atreides sobre a mão dos adversários e os próximos spice blows.

As primeiras batalhas pra valer surgiram lá pelo terceiro turno. Os Atreides bobearam e ficaram um turno sem coletar spice, o que balançou as finanças de Paul Atreides e cia. Não senti nem o cheiro de uma carta Karama, o que também dói na alma. Mas tinha na mão a Family Atomics e sabia com quem estava a Lasgun (Harkonnen, infelizmente), que são outras duas cartas fundamentais.
Atreides e Fremen ganharam batalhas importantes, mas ao custo de muitas unidades, que não conseguíamos reviver no ritmo desejado. Isso permitiu que o Imperador fosse baixando suas tropas no planeta no momento certo e com o máximo de eficiência. Os Harkonnens conseguiram manter o controle sobre Carthag durante toda a partida, mas o mesmo não aconteceu com os Atreides, que perderam o controle de Arrakeen não me lembro nem pra quem (foi traumático). O jogo se aproximava do fim e a tempestade estava do outro lado do planeta, logo a carta Family Atomics, normalmente tão poderosa, valia tanto quanto uma picada de fumo.
Atreides e Fremen já estavam meio que fora do jogo no fim do turno 5. No sexto turno, que seria o decisivo, um dos momentos-chave da partida aconteceu quando tropas imperiais desembarcaram em Tuek's Sietch. Um bando de três ou quatro Bene Gesserits amarelaram e viraram conselheiras, deixando o controle incontestado da fortaleza para o Imperador. Com esse território no bolso, tudo dependia agora da batalha final por Carthag -- vencida pelos Harkonnens, confirmando a vitória na fase dos Mentat com quatro fortalezas controladas pela aliança Emperor - Harkonnen. O jogo ainda poderia ter um plot twist se as Bene Gesserit tivessem previsto essa vitória nesse turno, mas elas haviam apostado numa vitória da Spacing Guild no turno 7. Fuén.
A nefasta aliança de Shaddam Corrino IV e Vladimir Harkonnen levou mais uma. Mas eles não perdem por esperar.
(Trecho de "Dune: The Annotated Games", da Princesa Irulan)