Achei a análise interessante, mas focada quase que exclusivamente em um único aspecto do mercado, que é um tanto complexo. Além do círculo vicioso "o público geral compra o que conhece, e por isso as lojas vendem o que eles compram", acredito que outros fatores permeiam essa questão:
- as editoras, em sua maior parte pequenas, não possuem capital para produzir um volume de jogos suficiente para alimentar as grandes lojas
- as distribuidoras nem sempre têm a logística necessária para entregar o produto para as grandes lojas
- A margem de lucro de muitos desses jogos mais elaborados é pequena, o que não é interessante para as grandes lojas, que trabalham com grande mix de produtos e margens maiores de lucro, até porque elas costumam ter custos maiores para se manter
- o público que efetivamente compra esses jogos ainda é restrito, o que torna arriscado para as editoras produzirem mais sem obter o retorno e para as lojas ficarem com o produto encalhado.
Em uma análise mais geral, eu diria que os boardgames modernos chegaram ao Brasil há muito pouco tempo se comparado ao período em que War, Banco Imobiliário, Jogo da Vida etc. eram as únicas opções. Vai demandar ainda algum tempo para que cai no gosto popular. Por enquanto, o mercado ainda é de nicho, e por isso ainda é mais vantajoso para editoras, distribuidoras, grandes lojas e lojas especializadas que o produto seja vendido nas lojas especializadas, com um volume de venda viável de ser produzido e distribuído e voltado diretamente para um público que tem mais chance de se interessar pelo o que está sendo oferecido.
Na minha opinião, simplesmente colocar os jogos modernos nas prateleiras de grandes lojas não vai contribuir muito para esse cenário mudar. Acredito que primeiro as pessoas devem conhecer mais os jogos modernos, o que vai depender mais da ação de luderias espalhadas pelo país e de eventos voltados para a popularização do hobby. Depois disso, é possível que alguns jogos acabem indo para as grandes lojas, mas uma boa parte ainda deve permanecer nas especializadas (em Nova Iorque, por exemplo, só encontrei muitas opções de jogos para comprar em lojas especializadas).