Os resultados do top 100 de jogos solo da 1 Player Guild Brasil estão sendo divulgados! Por favor não deixe de conferir!
Essa é a parte final da série de reviews dos modos solo não oficiais de
Great Western Trail (GWT). No
primeiro post, fiz uma análise de Brisco, o primeiro dos automas criado por Wil Gerken e inspirado pelo trabalho desenvolvido pelo pessoal da Automa Factory, que desenvolveu os modos solo de vários jogos da Stonemaier Games (ex.:
Viticulture Edição Essencial,
Scythe). No
segundo post foi a vez de Garth, um automa de maior complexidade que se propunha a ser uma versão aprimorada de Brisco. Seu criador, Steve Schlepphorst, posteriormente viria a trabalhar em outro modo solo bem avaliado pela comunidade, o do
Gùgōng.
Desde já, antecipo minha conclusão dizendo que minha impressão é de que Garth é superior a Brisco. Para sistematizá-la e justificá-la, fiz uma comparação utilizando os seguintes critérios: componentes, regras, complexidade, manutenção e gameplay.
Componentes
Veredito: Garth > Brisco
Os dois modos solo possuem componentes bastante simples, basicamente um deck de poucas cartas. Para ambos são poucas páginas para se imprimir, não dando muito trabalho. Se você prefere não fazer isso, há opções digitais tanto para
Brisco, quanto para
Garth.
O arquivo original de Brisco continha somente as regras com as cartas sem nenhum tipo de arte, sendo posteriormente desenvolvido um arquivo com arte adaptada a partir do jogo base. As cartas em si, não tem nada demais, apenas o texto indicando as ações do automa com uma arte no fundo.
Os componentes de Garth, nesse sentido, são superiores. As cartas possuem melhor finalização de arte, gráficos bem feitos e ícones de fácil compreensão. Por depender basicamente da compreensão dos ícones, Garth é 100% independente de linguagem, o que reflete maior capricho com o design e é uma grande vantagem em minha humilde opinião. Aqui para nós isso é algo bem relevante.
Regras
Veredito: Garth > Brisco
Para Brisco, as regras são extremamente simples, apenas duas páginas. Embora facilmente compreensíveis, ficam algumas lacunas de como manuseá-lo em certas situações e o texto se beneficiaria de revisão e organização.
No caso de Garth, as regras são bem mais extensas, cerca de 7 páginas, com mais detalhes, mas são muito bem escritas e não tenho a mesma sensação de que fiquem tantas lacunas quanto aquelas deixadas por Brisco. A sensação que tenho é a de um trabalho feito por uma pessoa mais profissional. Uma outra vantagem é que Garth já está adaptado à expansão
Great Western Trail: Rails to the North, porém eu não posso opinar a respeito disso por não ter jogado com ela ainda.
Complexidade
Veredito: Garth > Brisco
Brisco é um automa muito simples sem ser simplório. Se você possui familiaridade com as regras de GWT, aprender as regras de Brisco será muito fácil e você poderá jogar imediatamente após lê-las.
Garth, no entanto, possui maior complexidade em suas regras e em alguns pontos de seu gameplay. Por exemplo, na hora de decidir quais cartas do mercado de gado você irá comprar e quais construções você irá fazer. Não é, todavia, aquela coisa que você precisa ficar toda hora consultando o manual. Depois de umas poucas partidas você absorve a iconografia e as regras e isso se torna bem institivo.
Garth, portanto, é bem mais complexo do que Brisco. Se eu fosse compará-los com outros automas disponíveis, acho que Brisco estaria no nível de complexidade do automa de
Viticulture Edição Essencial e Garth estaria no nível de complexidade do automa de
Wingspan.
Se esse é um ponto positivo ou negativo, vai muito de sua preferência pessoal para o modo solo e do quanto você está disposto a investir nisso.
Manutenção
Veredito: Garth > Brisco
Para ambos os automas a manutenção é muito pequena, mas há um pequeno ponto que me fez favorecer Garth em detrimento de Brisco: a questão do posicionamento dos discos no playmat do automa. Enquanto para Brisco você deve observar principalmente o posicionamento dos discos que interferem com a movimentação do peão na trilha para Kansas City, no caso de Garth isso inexiste. Toda sua movimentação é controlada pelas orientações das cartas. É uma coisa muito pequena, seria razoável colocá-los como equivalentes, reconheço.
Gameplay
Veredito: Garth > Brisco
Nesse ponto é fundamental que você saiba que tipo de experiência você espera do jogo solo e vale o comentário que fiz logo acima. Ambos são automas extremamente funcionais, que emulam bem a experiência multiplayer.
A grande vantagem de Brisco é sua simplicidade. Como toda a orientação que você precisa para realizar as ações está nas cartas e as regras são muito simples, você consegue jogar sem precisar se dedicar muito a isso. Ele não segue nenhum caminho específico, apenas compete com o jogador naqueles pontos em que a interação habitualmente ocorre. O gameplay é gostoso e satisfatório, a experiência é boa!
Garth é um automa de maior complexidade, mas com um gameplay superior e com mais recursos. A experiência é mais rica, desafiadora e difícil. Além de fazer tudo o que Brisco faz, Garth tem um diferencial que é a especialização em trilhas estratégicas a partir da escolha de um tipo de trabalhador. Para mim isso foi fantástico, um grande feito de design.
Retorno, pois, à minha conclusão antecipada no início do texto. Tendo em mente os pontos que elenquei, embora ambos sejam trabalhos amadores, a impressão global que tenho é de que Garth seja um produto final melhor do que Brisco. Faço, todavia, a ressalva de que ambos são altamente funcionais, proporcionam boas experiências e podem ser utilizados por qualquer um. As críticas que fiz a Brisco de modo algum são porque não gostei dele, pelo contrário. Acho que o ponto chave é o que recorreu ao longo do texto: depende do tipo de experiência que você espera do modo solo.
Se você raramente for jogar solo, fique com Brisco mesmo. Investimento mínimo e retorno garantido. Acho ele especialmente adequado para quem joga solo eventualmente e não almeja uma experiência mais estratégica, só jogar um joguinho que está parado ali na estante quando a galera não está muito animada. Como ele é mais fácil do que Garth, vale ponderar se você não deve jogar num nível de dificuldade mais alto. Por outro lado, se você quiser uma experiência mais encorpada e não se importa com alguma complexidade agregada, vá de Garth. O recomendo para jogadores com maior familiaridade com o jogo e que desejam testar suas habilidades contra um adversário mais forte, que seguirá caminhos estratégicos bem definidos. Garth vai massacrar o jogador casual na maioria das vezes.
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E lembre-se: TOGETHER, WE GAME ALONE!