Ainda não joguei Keyforge. Não tem ninguém próximo que joga e não tenho mais tempo pra me dedicar para esse formato (cartas físicas). A ideia do Keyforge é muito boa. Ter um deck pronto pra jogar sem precisar colecionar inúmeras cartas e fazer o deck building é excelente. Ao mesmo tempo, não poder escolher as cartas que mais gosto pra colocar no baralho é ruim. Se os decks fossem balanceados e complementares, o jogo seria perfeito (mais ao estilo de pedra-papel-tesoura, onde uma raça quase sempre vence a outra A>B>C>A). Mas a existência de facções mais fortes que outras deixa um gostinho de pay-to-win muito ruim. Teria que achar um deck que tenham cartas que sejam o counter perfeito para aquela facção, mas aí você já gastou rios de dinheiro nesse jogo e vai ter dezenas decks inúteis.

Em relação aos torneios somente com decks que sejam ruins, eu acho uma ideia bacana pra usar aquele deck que você sabe que nunca mais vai ver mesa. Se ainda não existir, daqui a pouco vão criar torneios limitados (só pode jogar com valores até X de SAS/AERC/Rankey/ADHD...).
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Pensando em outros jogos, o Smash UP é bastante parecido com Keyforge (também é Richard Garfield, quem diria). Você pega duas facções e embaralha todas as cartas daquelas facções montando um deck. Na sua rodada, você pode jogar um lacaio e fazer uma ação de qualquer raça, comprando cartas no final da rodada. Da mesma forma que o Keyforge, parece-me que o Smash UP tem combinações mais fortes que outras (não estudei pra saber quais são).

No Pokémon, o jogo mudou muito com o tempo. No início as cartas eram muito fracas, com Pokémons básicos tendo de 30-70 HP. Agora tem alguns com mais de 200HP. É praticamente impossível jogar com cartas das primeiras gerações com as cartas de hoje. Além disso, os torneios hoje tem muitos decks iguais, com poucas variações de cartas e cores. Em relação ao poder das cartas, no Magic e no Hearthstone as coisas são um pouco mais consistentes, pois desde o início da criação do jogo existem regras para o custo que definem mais ou menos o poder da criatura, algo como: custa 1 tem 1/1 de força, custa 4 tem 4/4. Isso permite que todas as cores consigam ficar mais ou menos balanceadas.

No Magic consigo ver um balanceamento melhor entre as cores devido a ter muita liberdade de criação de decks. Não existe uma cor absoluta. Você sempre pode adaptar seu deck para colocar cartas para contrabalancear o jogo. Aliás, cada cor tem sua identidade bem definida e é a combinação de cores que torna o balanceamento possível.

No Hearthstone, sendo um jogo digital, por outro lado, é muito mais fácil rebalancear as cartas e modificar para que nenhuma classe seja melhor que as outras. Tem até sites especializados em colecionar dados para montar estatísticas, onde verificam periodicamente como cada classe está jogando. Infelizmente os desenvolvedores demoram muito tempo para reajustar cartas - as vezes anos. Isso já incomodou muita gente e essas pessoas desistiram de jogar por esse motivo.

Pra tentar ilustrar o pesadelo que é o balanceamento de jogos, vou fazer um paralelo fora dos jogos de tabuleiro com o League of Legends.

Um dia eles anunciaram que iriam deixar mais fraco um item para tanks (personagens com muita vida e pouca mobilidade), e isso foi recebido como uma grande enfraquecida para os assassinos (muita mobilidade e dano).

Isso porque o item era tão forte, que era praticamente obrigatório todo mundo jogar de tank pra comprar esse item. E com tanto tank, era obrigatório que pelo menos um jogador fosse um hypercarry (quantidades absurdas de dano por segundo), pra poder matar esses tanks todos. E com um hypercarry no outro time, era obrigatório alguém jogar de assassino, pra poder eliminar rapidamente o hypercarry. Se houver menos tanks, um hypercarry não é tão necessário, e sem um hypercarry, o assassino fica obsoleto.

Magic não é diferente. As vezes uma carta X, essencial para um deck Y é banida, de repente a carta Z, usada como counter para o deck Y perde valor.

O tal do meta é uma coisa desgracada. O coitado do designer faz o jogo pra ser jogado de um jeito, e os jogadores vão lá e estragam tudo. (Ou as vezes é só preguiça do designer mesmo)

Johnnycury::
O tal do meta é uma coisa desgracada. O coitado do designer faz o jogo pra ser jogado de um jeito, e os jogadores vão lá e estragam tudo. (Ou as vezes é só preguiça do designer mesmo)

O PH mencionou num episódio antigo que no blood rage tinha desbalanceamento no Loki, que é uma estratégia apelona se ninguém jogar contra.

No Wingspan os corvos são muito fortes por si só.

No Stone Age a estratégia de fome é roubada.

Não importa o jogo, mesmo que o jogo seja muito bem balanceado, realmente os jogadores vão descobrir uma forma de explorar e abusar.

Eu acho que tem gente demais evangelizando que Keyforge é o apogeu do balanceamento, sendo que o jogo está em um estágio completamente experimental tendo 1 ano de vida.

Sim, gente, um jogo tão experimental pode ter sim problemas. Ainda pode divertir muita gente, mas não concordar com 1 ou outra coisa no design de algo experimental não é crime.

Mesmo os sistemas de análise computacional de deck são experimentais(e tem falhas), mas já ajudaram mais a comunidade que a FFG fez ao dizer: "basta acostumar com o deck que vc faz milagre". Isso de acostumar com o deck tem um BOM limite, não vai salvar muitos casos.

Bom dia pessoal
Adorei o episódio sobre balanceamento. Confesso que essa característica vem me preocupando nos jogos atuais.
Antes disso, sobre a questão de jogos de tabuleiro, consoles e porque um "desenvolveu" mais que o outro em determinado momento, vcs acertaram em cheio! Mercado! É impossível prever como as ações humanas interferem na escolha de um produto em relação ao outro.
Voltando ao balanceamento, me incomoda quando o jogo possui uma determinada facção ou combinação mais overpower do que outra. A sensação que tenho é que os designers estão vendendo um produto que não foi totalmente balanceado e depois se preocupam com isso, como se o consumidor fosse um playtest. Com o keyforge a sensação é pior, porque a falta de balanceamento é proposital.
Devido a complexidade dos jogos modernos eu até entendo que ocorram problemas de balançamento que você percebe depois de muitas e muitas jogatinas. O próprio xadrez, jogo milenar, possui um leve desbalançamento devido a iniciativa das brancas, imagine um jogo moderno. Mas claro que se eu for jogar com um campeão de xadrez isso será irrelevante hahahah. 
Em resumo, um desbalanceamento natural que ocorra depois de você se tornar especialista no jogo eu aceito, mas o jogo já sair da caixa com um desbalanceamento evidente ou proposital para fomentar mercado, isso me deixa bastante frustrado.
Abraços e parabéns pelo trabalho
Luiz Alberto    

Achei fantástico o episódio. A princípio ia até pular por conta do jogo a ser debatido, mas valeu a pena não pular. Parabéns senhores!

Comentando os comentários: lá pelos idos de 1990 tínhamos em casa um TK-3000 (clone do Apple II) por conta do meu pai trabalhar com tecnologia na época, com isso eu acabei jogando um jogo nele que eu já cansei de buscar na internet e nunca mais encontrei absolutamente nada.
Do que eu me lembre era basicamente uma luta entre dois piratas, onde vc controlava um e o PC o outro. Eu me lembro perfeitamente do fósforo verde, com os dois piratas na tela, num gráfico bem semelhante ao do Príncipe da Pérsia (na verdade, a silhueta deles né...). Na minha cabeça o jogo se chamava Piratas do Caribe, mas não sei se era isso mesmo ou esse era somente um apelido q eu e um amigo colocamos.
E basicamente é esse o meu "Popeye no Espaço" digital, perdido no tempo como lágrimas na chuva.


  

joaoclaudio::Achei fantástico o episódio. A princípio ia até pular por conta do jogo a ser debatido, mas valeu a pena não pular. Parabéns senhores!

Idem aqui, excelente episódio...

Pessoal, tivemos problemas essa semana e ao invés de lançar o podcast hoje, sexta-feira, só conseguimos fazer a gravação hoje. Deve sair editado na semana que vem, avisaremos por aqui e nas redes sociais! Desculpa a bagunça, e valeu pelos comentários por aqui!